Assessor
especial para Assuntos Internacionais dos governos Lula e Dilma sofreu infarto
nesta quinta-feira em São Paulo.
Por G1, Brasília
Marco Aurélio Garcia,
ex-assessor de Dilma e de Lula (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O assessor especial para
Assuntos Internacionais dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff, Marco Aurélio Garcia, morreu aos 76 anos nesta quinta-feira (20), em
São Paulo, vítima de infarto, informou o PT.
Marco
Aurélio Garcia foi um dos fundadores do PT e ocupou a função de secretário de
Relações Internacionais do partido. Era professor aposentado de história de
Universidade de Campinas (Unicamp).
Enquanto
esteve no Palácio do Planalto, ele despachou de uma sala no terceiro andar,
localizada a pucos metros do gabinete presidencial. Entre os funcionários, ele
era chamado de "professor".
Em
texto publicado na internet, o PT afirmou que Marco Aurélio Garcia foi um
"importante líder" na construção e execução da política externa
brasileira, além de ser um dos "grandes apoiadores" do Brics (grupo
formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e do fortalecimento
das relações do Brasil com países do hemisfério sul, principalmente na África e
na América Latina.
Biografia
Segundo o site do PT, o ex-assessor especial de Lula e
de Dilma nasceu em Porto Alegre (RS) e atuou no movimento estudantil de
esquerda.
Nos
anos 1960, foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e
vereador em Porto Alegre. Nos anos 1970 viveu na França e no Chile e voltou ao
Brasil em 1979 para ajudar a fundar o PT.
Ainda de acordo com o site do partido, Marco Aurélio Garcia é formado em
filosofia e em direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Ele tinha ter pós-graduação na Escola de Altos Estudos e Ciências Sociais de
Paris
Além
de professor da Unicamp, ele também foi professor na Universidade do Chile, na
Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e nas universidades Paris VIII e
Paris X, na França.
Na
área política, segundo o site do PT, Marco Aurélio foi secretário de Cultura de
Campinas (1989-1990) e de São Paulo (2001-2002), além de vice-presidente do PT
de outubro de 2005 a fevereiro de 2010.
Nas
eleições de 1994, 1998 e 2006, ele coordenou o programa de governo de Lula e,
em 2010, o de Dilma.
No
governo Lula, Marco Aurélio ajudou o Brasil a expandir embaixadas na África. O
assessor especial do presidente também atuou na aproximação do país com o
regime de Hugo Chávez na Venezuela.
O ex-assessor especial de Lula
e de Dilma Marco Aurélio Garcia, durante entrevista em janeiro de 2015 (Foto:
Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Repercussão
Logo após a confirmação da morte de Marco Aurélio,
políticos manifestaram pesar. A ex-presidente Dilma divulgou nota (leia
a íntegra mais abaixo) na qual se referiu à morte do "amigo
querido" como "extremamente dolorosa".
"Hoje
é um dia de dor para todos nós, que compartilhamos com ele seus muitos sonhos,
histórias e lutas. Era um amigo querido, de humor fino e contagiante, sempre
generoso e cheio de ideias, dono de uma mente arguta e brilhante",
afirmou.
O ex-presidente Lula também divulgou nota, na qual disse que Marco Aurélio
Garcia foi um intelectual "brilhante" e um militante
"incansável" desde a juventude. O "professor", acrescentou,
contribuiu muito para o Brasil (leia a íntegra da nota mais
abaixo).
"A
credibilidade política e pessoal por ele alcançada permitiu que Marco Aurélio
Garcia desempenhasse, em sintonia com o Itamaraty, relevante papel na construção
e execução de uma nova política externa, ativa e altiva, soberana e fraterna,
com um legado que é reconhecido internacionalmente e hoje faz falta para o
Brasil", disse Lula.
O PT,
em nota assinada pela presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann, afirmou
que Marco Aurélio Garcia destacou-se como um dos mais importantes
"arquitetos" da integração latino-americana e da ampliação das
relações do Brasil com países da África e dos Brics. "Ele contribuiu
decisivamente para que o Brasil tivesse uma política externa ativa e
altiva", diz trecho da nota (leia a íntegra ao final desta
reportagem).
A
senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse no Facebook que Marco Aurélio
Garcia foi "muito importante" para o governo Lula na condução da
política externa, "uma época em que o Brasil era respeitado no cenário
mundial".
Também
na rede social, o deputado Paulo Teixeira (SP), um dos vice-presidentes do PT,
relembrou o "papel importante" de Marco Aurélio Garcia na formulação
e na execução da política externa brasileira, que "sempre esteve ao lado
da democracia e dos trabalhadores".
Em
entrevista em São Paulo, Márcio Macêdo, outro vice-presidente do PT, afirmou
que o momento é de "dor" porque o partido perdeu "um companheiro
e amigo de todos".
Na
mesma entrevista, o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP),disse que a
participação "forte" de Marco Aurélio Garcia no governo foi um dos
fatores para o "sucesso" que o Brasil teve no exterior entre 2003 e
2015.
No Twitter, o ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro Tarso Genro
publicou: "Faleceu Marco Aurélio Garcia, amigo fraterno, grande quadro da
esquerda e militante histórico do PT. Ser humano excepcional. Dor e luto."
Vice-presidente
do PT, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha também comentou o assunto. Para
ele, a esquerda perde "um dos seus maiores pensadores e incentivadores da
solidariedade internacional".
Íntegra
>>>
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela ex-presidente Dilma:
NOTA DE PESAR
Dilma Rousseff: "Meu amigo
querido, Marco Aurélio Garcia"
A morte do professor Marco
Aurélio Garcia, meu amigo querido, é extremamente dolorosa. Desfrutei pela
última vez de sua companhia há três semana. Conversamos sobre a vida e os
momentos terríveis que o país atravessa.
Hoje é um dia de dor para todos
nós, que compartilhamos com ele seus muitos sonhos, histórias e lutas. Era um
amigo querido, de humor fino e contagiante, sempre generoso e cheio de ideias,
dono de uma mente arguta e brilhante.
Meus sentimentos ao filho Leon,
ao neto adorado Benjamin, aos familiares e todos os seus amigos.
É muito duro saber que não
terei mais sua companhia, nem o prazer de ouvir sua poderosa gargalhada.
Um dia terrível para quem luta
por um mundo melhor, com justiça social. Um dia muito, muito triste.
Dilma Rousseff
>>> Leia abaixo a íntegra da
nota divulgada pelo ex-presidente Lula:
Marco Aurélio Garcia foi um
intelectual brilhante e um militante incansável, desde a juventude. Fundador e
ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, assessor especial da Presidência da
República, professor, contribuiu muito para o Brasil com sua capacidade de
formulação teórica e, igualmente, pela articulação política que tecia de
maneira respeitosa e não sectária.
Apaixonada pela ideia de integração
da América Latina, foi interlocutor assíduo e qualificado das diversas forças
democráticas do continente. A credibilidade política e pessoal por ele
alcançada permitiu que Marco Aurélio Garcia desempenhasse, em sintonia com o
Itamaraty, relevante papel na construção e execução de uma nova política
externa, ativa e altiva, soberana e fraterna, com um legado que é reconhecido
internacionalmente e hoje faz falta para o Brasil.
Nossa solidariedade aos familiares e amigos de Marco Aurélio Garcia.
Instituto Lula
>>> Leia abaixo a íntegra da
nota do PT:
NOTA DE PESAR
O Partido dos Trabalhadores
(PT) lamenta profundamente a morte do companheiro Marco Aurélio Garcia, nesta
quarta-feira (20/07), vítima de um infarto fulminante aos 76 anos de idade.
Marcou Aurélio dedicou toda sua vida à militância política, ao socialismo e ao
PT.
Marco Aurélio foi presidente
nacional e secretário de Relações Internacionais do PT, sendo uma figura
especial na construção do partido no decorrer de sua história. Também foi
secretário municipal de Cultura de Campinas (1989-1990) e São Paulo
(2001-2002).
Durante 13 anos, ocupou o cargo
de assessor especial para Assuntos Internacionais dos governos petistas de Luiz
Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Nesse período, destacou-se como um dos
mais importantes arquitetos da integração latino-americana, e da ampliação das
relações do Brasil com países da África e dos Brics. Ele contribuiu
decisivamente para que o Brasil tivesse uma política externa ativa e altiva.
Iniciou sua trajetória política
no movimento estudantil, e ficou exilado no Chile e na França durante a
ditadura militar. Retornou em 1979, e no início dos anos 80 filou-se ao PT.
Atualmente, fazia parte do conselho curador da Fundação Perseu Abramo, onde
contribuía com a reflexão sobre os rumos da política nacional e internacional.
Era professor aposentado de História na Universidade de Campinas (Unicamp).
Estendemos nossa solidariedade
nesse momento tão difícil à família e amigos.
Estamos muito tristes com a
perda tão repentina de nosso companheiro e amigo. Marco Aurélio fará falta para
o PT e para o Brasil.
Gleisi Hoffmann – presidenta
nacional do PT
>>> Leia abaixo a íntegra da
nota da bancada do PT no Senado:
NOTA
A bancada do PT no Senador
Federal lamenta profundamente o falecimento do querido professor Marco Aurélio
García.
Fundador do PT, Marco Aurélio García, mais conhecido como MAG, foi um
intelectual brilhante que sempre esteve a serviço das causas populares e de um
Brasil soberano.
Formado em direito e filosofia
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pós-graduado pela Escola de
Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, MAG era professor licenciado do
Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas, tendo sido
também professor da Universidade do Chile, da Faculdade Latino-Americana de
Ciências Sociais (Chile) e das Universidades de Paris-VIII e Paris-X (França).
Após ter sido secretário de
relações internacionais do Partido dos Trabalhadores por mais de dez anos, além
de secretário de cultura dos municípios de Campinas e de São Paulo, MAG se
converteu num dos grandes formuladores da política externa “ativa e altiva” dos
governos do PT.
Com essa política, desenvolvida
em perfeita harmonia com o chanceler Celso Amorim, o Brasil superou a
vulnerabilidade externa de sua economia, amealhou vultosos superávits
comerciais, diversificou suas parcerias estratégicas, investiu fortemente na
integração regional, no multilateralismo e na cooperação Sul-Sul, tendo
alcançado protagonismo internacional muito elevado. Com efeito, foi ao longo
dessa política externa que MAG contribuiu para formular e implantar que o
Brasil conseguiu um prestígio mundial inédito, com Lula se convertendo em um
verdadeiro líder internacional, cortejado e respeitado em todos os foros.
Lamentavelmente, MAG nos deixa
em um momento em que o Brasil se torna um país menor, apequenado e envergonhado
pelo golpe dos corruptos, que nos fez regredir ao status de republiqueta de
bananas e que aposta numa política externa omissa e dependente dos desígnios
estratégicos dos EUA. Um país hoje dominado por gente mesquinha e entreguista,
que tenta criminalizar aqueles que, como MAG, sempre lutaram por um Brasil
maior.
Neste momento crítico, a
memória de MAG estará sempre presente naqueles que acreditam num Brasil forte,
próspero e independente.
A bancada envia seu abraço afetuoso a todos os familiares e amigos de MAG. O
Brasil soberano está de luto.
Senador Lindbergh Farias
(PT-RJ), líder da Bancada do PT no Senado Federal.
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