POR NOELIA BRITO
As candidaturas de
Armando Monteiro Neto e de Fernando Bezerra Coelho para o governo de
Pernambuco, em 2018, apesar de serem divulgadas como "pule de 10" por
seus aliados, na verdade não serão levadas adiante porque não têm condições
para derrotar a força da máquina dirigida por Paulo Câmara e nem Armando, nem
FBC querem encarar uma derrota para Câmara a quem costumam reservar a pecha de
um gestor fracassado e que só chegou ao poder por força de uma comoção coletiva
pela morte de seu líder. Vencendo Câmara sem Eduardo, qual será a desculpa dos
derrotados?
Para Armando
Monteiro, além de uma segunda derrota consecutiva, seria o enterro de sua
carreira política, já que implicaria em ficar sem nenhum mandato, pois para
disputar o governo de Pernambuco, teria que abrir mão de renovar o mandato de
senador.
Para Fernando
Bezerra Coelho, o problema é de outra natureza. É que a probabilidade de FBC
ficar inelegível em razão dos processos criminais que responde, perante o
Supremo, inclusive relacionados com a Operação Turbulência e a Lava Jato, onde
as decisões já são definitivas, é muito grande. Além disso, o próprio mandato
de FBC é creditado na conta da comoção pela morte repentina de Campos, em
fatídico acidente aéreo. Se naquele momento, o hoje senador surfava na comoção
da perda do líder maior do PSB, partido que está em vias de abandonar, hoje
aparece como denunciado criminalmente como um dos envolvidos na lavagem dos
recursos oriundos de corrupção utilizados para a compra do jatinho onde Eduardo
morreu. A diferença, portanto, entre os dois momentos é gritante e só não chama
a atenção dos que não querem ver.
Armando Monteiro já
está ciente de que não contaria com o ex-presidente Lula em seu palanque, o que
tornaria a candidatura ao governo de Pernambuco uma aventura ainda mais
perigosa. É que independentemente de quem seja o candidato ou candidata do PT
ao governo de Pernambuco - e tudo indica que a candidata será a vereadora
Marília Arraes, que já teria, inclusive, sido avalizada não apenas por Lula,
mas por diversos outros nomes do próprio PT de Pernambuco, que disputarão
mandatos em 2018 e precisam de um nome forte na majoritária e identificado com
as bandeiras históricas do PT para lhes garantir boas votações, o que não é o
caso de Armando Monteiro, que votou a favor das reformas e ainda se orgulha de
fazê-lo -, já existe a avaliação, dentro do próprio PT, de que uma coligação
com o PTB que integra o governo Temer e vota em peso com os projetos antipovo
desse governo, redundaria num fracasso ainda maior, para o Partido dos
Trabalhadores, do que aquele observado nas eleições de 2014, quando serviram
apenas de cauda para os deputados que hoje votam contra as pautas
historicamente defendidas pelo próprio PT, já que naquelas eleições, ao
apoiarem a candidatura de Armando Monteiro não conseguiram eleger sequer um
único deputado federal.
Uma das
candidaturas mais fortes na disputa por um mandato de deputado federal, pelo
PT, é a do presidente da CUT, Carlos Veras, que tem liderado todos os atos
contrários às reformas que têm sido defendidas e aprovadas, por votos no
Congresso, inclusive, tanto por Armando Monteiro, quanto por deputados que lhe
batem continência, muitos, repita-se, com apaniguados ocupando cargos no
governo Temer. Está claro, portanto, que defender que o PT apoie uma
candidatura como a de Armando Monteiro é sabotar o próprio PT, quando este
tenta se reerguer e recuperar seu protagonismo no cenário político-eleitoral
pernambucano. É sabotar a candidatura de pessoas como Carlos Veras, por
exemplo, que preside uma Central que está nas ruas combatendo as reformas
defendidas por Monteiro. Qual o interesse que pode haver por trás de alguém que
está no PT e sabota os próprios companheiros e o próprio Partido? Cabe ao PT
decifrar seus próprios enigmas.
Para além disso,
Armando Monteiro já trabalha a candidatura do filho Armando Bisneto a uma vaga
na Câmara Federal. Se fosse candidato ao governo não poderia lançar o próprio
filho como deputado federal, pois criaria uma enorme dificuldade com os demais
candidatos de sua chapa, dada a situação privilegiada em que estaria
posicionado o herdeiro. Nem Eduardo se deu a tal ousadia. Quando lançou seu
projeto de ser candidato à presidência da República, a primeira coisa que fez
foi abortar a candidatura do filho, João Campos, a uma vaga no Parlamento, em
nome das alianças que precisava fazer para viabilizar sua própria candidatura,
a exemplo da eleição do arquiinimigo de seu avô, Jarbas Vasconcelos, que sem o
apoio de Eduardo, hoje nem deputado federal seria.
Por isso, Armando
Monteiro deve repetir a estratégia do próprio Fernando Bezerra Coelho e ao
mesmo tempo em que disputará uma das cadeiras para o senado, tentará fazer do
filho deputado federal, garantindo um herdeiro na política.
Conforme já
dissemos aqui, Fernando Bezerra Coelho não será candidato e não será porque
está mergulhado em praticamente todas as delações e inquéritos que envolvem
corrupção em Pernambuco. E, como dito acima, corre sério risco de ficar
inelegível em razão dos processos que já responde perante o Supremo.
O candidato tanto
de Armando Monteiro, quanto de FBC, quanto de Mendonça Filho, quanto de Bruno
Araújo, será Fernando FIlho, tido como um coringa, por ser jovem, ficha limpa e
incorporar a imagem de empreendedor conquistada propositadamente a partir de sua
colocação em um ministério estratégico como o das Minas e Energia. Só ingênuos
para acreditar que a titularidade de um ministério como o das Minas e Energia
seria desperdiçada pelos Bezerra com a mera renovação de um mandato de deputado
federal. Fernando Filho não tem idade para disputar uma vaga no senado, pois
ainda não tem 35 anos, mas para a disputa do governo de Pernambuco contra um
desgastado Paulo Câmara, Fernandinho, como é chamado, tem idade suficiente e
mais que isso, tem também um ministério bilionário, coisa que Armando Monteiro
não tem.
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