Presidente da Câmara dos Deputados foi entrevistado pelo jornalista
Roberto D'ávila, para a GloboNews.
Por
Nicolás Satriano, G1 Rio
Rodrigo
Maia dá entrevista a Roberto D'Ávila (Foto: Reprodução/GloboNews)
Em entrevista ao jornalista Roberto D'ávila, da GloboNews, o presidente
da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), reafirmou ser leal ao presidente
da República, Michel Temer.
Cauteloso, Maia negou, de
qualquer forma, ter sido "picado" pela "mosca azul" ou que
seja afetado por qualquer "comichão" de chegar, agora, à Presidência.
Mesmo assim, o presidente da Câmara não descartou que, a longo prazo, após duas
ou três eleições, se enxerga como um possível candidato ao principal cargo do
executivo. A entrevista foi ao ar às 21h30 desta segunda-feira (17).
"A longo prazo, é obvio
que chegar onde cheguei já me coloca, daqui a duas, três eleições como uma
alternativa [à Presidência], mas, a curto prazo, acho que a presidência da
Câmara [dos Deputados] já me dá a possibilidade de realizações que eu nunca
imaginei que eu pudesse realizar", ponderou Maia.
Com Roberto D'ávila, Maia
lembrou que sempre esteve próximo da política, principalmente a fluminense. O
presidente da Câmara contou que costumava acompanhar junto com o pai, o
ex-prefeito do Rio Cesar Maia, reuniões do ex-governador do estado Leonel
Brizola com o secretariado e deputados estaduais. Depois, Maia admitiu ter
começado de forma tímida na política, mas disse que, hoje, se sente feliz por
poder participar da História do Brasil, mesmo que num "momento
difícil" para o País.
"O político, quando
entra na política, ele sempre sonha no máximo. Isso aí, seria besteira não
admitir, mas, nesse momento, não. Nesse momento, eu acho que como presidente da
Câmara, eu tenho tido tanto prazer de acordar todo dia às sete da manhã,
participar de três cafes da manhã, depois dois, três almoços, dois, três
jantares, discutindo os temas do Brasil. A reforma política, a reforma da
Previdência, a PEC do teto [dos gastos] no ano passado, a lei do pré-sal, que
aprovamos... São tantas leis que eu sei que vão ajudar o Brasil, que presidir a
Camara me dá um orgulho enorme", considerou.
Indagado se faria com Temer o
que ele fez com Dilma (Rousseff), Maia disse ter certeza de que "o
presidente não fez issso" e contou que todo dia é "cobrado pela
mãe" por mensagem para "não conspirar" (contra Temer). O texto,
segundo Maia, foi mostrado para o próprio presidente Temer.
"Uma coisa é o
presidente da Câmara, outra coisa é o deputado eleito pelo DEM que apoia o
governo do presidente Michel Temer. Esse deputado será leal sempre. Agora, o
presidente da Câmara vai ser o presidente da instituição e árbitro do jogo.
Então, a minha distância do governo nesse momento e a Constituição e o
Regimento da Casa são aqueles escritos que eu vou respeitar nesse
processo."
CCJ
Sobre o
"troca-troca" de deputados na Comissão de Constituição e Justiça da
Câmara, que na última semana rejeitou parecer contrário a Temer e aprovou outro
favorável, Maia disse que "há muita espuma na história". Lembrando do
processo de impeachment que levou à derrocada de Dilma Rousseff, o atual
presidente da Câmara pontuou que se fosse pela negociação de cargos e emendas,
Dilma ainda estadia presidente do Brasil.
"A oposição poderia ter
pedido ao Supremo [Tribunal Federal] o rito do impeachment. Não pediu. Então, o
risco de ter usado o rito do regimento, que era com a possibilidade de trocar
membros, disso ninguém reclamou. Então, a partir do momento em que a oposição
decidiu que aquele era o rito correto, que era o melhor para a oposição naquele
momento, então foi jogo político", frisou Maia.
Falência da
política
D'avila assevera e Maia concorda
que o modo de fazer política no Brasil "faliu". Questionado se a
reforma política chega antes de 2018, quando ocorrem as próximas eleições, Maia
foi evasivo quanto à possibilidade de projetos entrarem em pauta na Câmara, mas
defendeu o fim de coligações, cláusula de desempenho e o voto distrital misto.
A redução do número de partidos, já aprovada para a próxima disputa, Maia
considerou ser pouco e cobrou de parlamentares respostas mais efetivas quanto à
questão.
"O sistema eleitoral
brasileiro faliu. Eu lembro, você participou disso, da eleição de 86, a
sociedade querendo participar do processo eleitoral, querendo mandar os seus
melhores representantes pra Assembleia Nacional Constituinte. Isso é uma coisa
que nós perdemos. Então, esse sistema eleitoral, ele precisa ser renovado por
isso. Por que ele não representa mais uma parte importante da sociedade que na
redemocratização participou do processo das eleições no Brasil."
Gênero
Maia levanta a questão da
representação feminina no Congresso Nacional como algo fundamental à
democracia. D'ávila devolve ao entrevistado citando que, hoje, a
representatividade no Parlamento também envolve questões associadas a
integrantes transgêneros. Mais conservador, o deputado diz considerar ter uma
"boa relação" com vários segmentos da sociedade e conta ter sido
autor de leis importantes em "defesa das liberdades".
"Existem alguns pontos
que acho que são conflitos. Casamento, por exemplo. A união civil já está aí
consagrada e precisa ser reafirmada. A palavra casamento é uma liturgia da
Igreja. Não precisa desse confronto. Ninguém precisa desse confronto para ter a
sua união garantida. Eu acho que essa disputa é que eu acho que não é
necessária."
Outro ponto delicado do
debate atualmente no Congresso trata da questão do aborto. O deputado considera
que avanços garantidos no campo jurídico definidos pelo Supremo Tribunal
Federal são sufIcientes.
"O aborto, naquilo que o
Supremo [Tribunal Federal] já avançou, está de bom tamanho. Não é? É claro que
os que são mais conservadores querem uma emenda constitucional que seja mais
dura. Mas eu acho que aquilo que o Supremo já consagrou já é um avanço e
flexibilização importante, e que também dá direitos às mulheres na linha do que
elas cobram. Não tudo o que elas cobram, mas na linha do que elas cobram."
Sistema
eleitoral
D'avila assevera e Maia
concorda que o modo de fazer política no Brasil "faliu". Questionado
se a reforma política chega antes de 2018, quando ocorrem as próximas eleições,
Maia foi evasivo quanto à possibilidade de projetos entrarem em pauta na
Câmara, mas defendeu o fim de coligações, cláusula de desempenho e o voto
distrital misto. A redução do número de partidos, já aprovada para a próxima
disputa, Maia considerou ser pouco e cobrou de parlamentares respostas mais
efetivas quanto à questão.
"O sistema eleitoral
brasileiro faliu. Eu lembro, você participou disso, da eleição de 86, a
sociedade querendo participar do processo eleitoral, querendo mandar os seus
melhores representantes pra Assembleia Nacional Constituinte. Isso é uma coisa
que nós perdemos. Então, esse sistema eleitoral, ele precisa ser renovado por
isso. Por que ele não representa mais uma parte importante da sociedade que na
redemocratização participou do processo das eleições no Brasil."
Gênero e aborto
Maia levantou a questão da
representação feminina no Congresso Nacional como algo fundamental à
democracia. D'ávila devolve ao entrevistado citando que, hoje, a
representatividade no Parlamento também envolve questões associadas a
integrantes transgêneros. Mais conservador, o deputado diz considerar ter uma
"boa relação" com vários segmentos da sociedade e conta ter sido
autor de leis importantes em "defesa das liberdades".
"Existem alguns pontos
que acho que são conflitos. Casamento, por exemplo. A união civil já está aí
consagrada e precisa ser reafirmada. A palavra casamento é uma liturgia da
Igreja. Não precisa desse confronto. Ninguém precisa desse confronto para ter a
sua união garantida. Eu acho que essa disputa é que eu acho que não é necessária."
Outro ponto delicado do
debate atualmente no Congresso trata da questão do aborto. O deputado considera
que avanços garantidos no campo jurídico definidos pelo Supremo Tribunal
Federal são sufucientes.
"O aborto, naquilo que o
Supremo [Tribunal Federal] já avançou, está de bom tamanho. Não é? É claro que
os que são mais conservadores querem uma emenda constitucional que seja mais
dura. Mas eu acho que aquilo que o Supremo já consagrou já é um avanço e
flexibilização importante, e que também dá direitos às mulheres na linha do que
elas cobram. Não tudo o que elas cobram, mas na linha do que elas cobram."
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