Tatiane
Cerqueira integra quadrilha que oferece na internet inibidores de apetite, anabolizantes
e até abortivos, sem receita médica. Polícia agora busca identificar fornecedor
dos medicamentos.
Por Marcelo Bruzzi, GloboNews
GloboNews flagra venda livre de
emagrecedores de uso controlado, anabolizantes e abortivos
A busca pelo emagrecimento é uma batalha para muita gente, e para perder peso
rápido alguns recorrem a remédios de uso controlado, os famosos "tarja
preta": inibidores de apetite que precisam de receita médica, mas são
livremente negociados na internet, sem qualquer orientação profissional. Uma
integrante de uma quadrilha que atua nesse mercado negro foi presa nesta
quinta-feira (3), no Rio de Janeiro.
Tatiane
Cerqueira, de 27 anos, foi presa na praça de alimentação de um shopping na Zona
Norte do Rio. Ela, cuja atuação já vinha sendo investigada, se preparava para
fazer uma entrega de remédios vendidos ilegalmente quando foi surpreendida por
dois policiais civis.
Tatiane
foi levada para a Cidade da Polícia, também na Zona Norte, e indiciada pelo
crime de venda de medicamento proibido. A pena prevista para o crime é de 10 a
15 anos de prisão. A polícia agora tenta identificar a fonte dos medicamentos
comercializados pela quadrilha.
Em
anúncios divulgados por aplicativos de troca de mensagens, a promessa de perda
de 10 quilos em apenas um mês atrai muita gente, mas as pessoas que oferecem
soluções para o emagrecimento rápido não são médicas e estão cometendo um
crime.
"A
maioria das pessoas quer perder peso rápido. Elas ganham 20 quilos em dois ou
três anos, mas querem perder 30 em dois ou três meses, daí essa busca por
tratamentos mais rápidos, que de certa forma as pessoas esperam que sejam
milagrosos", analisa o médico Rodrigo Moreira, da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia.
Em
um dos grupos do Whatsapp que oferece remédios controlados ou até proibidos no
Brasil, há cerca de 200 pessoas cadastradas, de vários estados. Um casal do Rio
de Janeiro anuncia os "tarja preta", além de produtos
contrabandeados. Os vendedores dão até orientações sobre como usar os medicamentos,
e os compradores parecem não se incomodar com os riscos à saúde.
"Se tem ou não tem autorização eu não sei, mas o que importa mesmo é o
preço, muito em conta. Sem falar na acessibilidade, porque na farmácia você não
pode comprar um remédio desses, porque precisa de receita. Eu não tenho
problema em comprar, pra mim não importa", declara uma compradora, em
mensagem de áudio.
Numa
rápida troca de mensagens, a reportagem encomendou uma caixa de sibutramina e
marcou a entrega para uma praça da Zona Sul do Rio. O entregador é o marido da
vendedora, Eduardo, que diz já ter feito duas entregas do remédio naquele dia e
garante a procedência do produto.
"Pode
ficar tranquilo, é [de] farmácia. Meu amigo tem uma farmácia e ele faz o
pedido. Então eu falo pra ele que quero 'X' mercadorias, aí ele traz para
mim", conta o homem, que anuncia também anabolizantes e abortivos, não
demonstra preocupação com a polícia e ainda cita o possível envolvimento de
médicos no esquema.
"Porque
eu sou farmacêutico, posso manipular uns remédios, então pra mim é tranquilo.
Qualquer coisa, posso pegar receita no hospital. Ligo para o médico, converso
com ele, que prescreve [o remédio] para mim e acabou", garante Eduardo.
Titular
da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), Daniela Terra
confirma que os casos de venda indevida de remédios pela internet vêm
aumentando. "Esse tipo de crime tem aumentado, é proporcional ao uso da
rede social pela sociedade, e infelizmente as pessoas continuam comprando,
mesmo sabendo que a medicação é proibida", afirma a delegada,
acrescentando que a polícia vem monitorando diversas quadrilhas.
"Infelizmente
as pessoas têm a visão de que por estarem numa rede social e usarem perfis
falsos não serão identificadas. Mas isso não ocorre: todo crime deixa rastro,
pela internet ou não", alerta Daniela Terra.
Em
junho, o governo federal liberou a produção de inibidores de apetite derivados
da anfetamina, que estavam proibidos pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) desde 2011. Agora, as farmácias podem vender esses
medicamentos, como a sibutramina, desde que o paciente apresente a receita azul
do tipo B2 preenchida pelo médico.
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