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ARARIPINA 1980: UMA CIDADE AINDA EM CONSTRUÇÃO QUE FEZ PARTE DA MINHA INFÂNCIA.



Verônica, Carlos Paixão, Deda, Wilma com Rita de Cássia nos braços e os paulistas, Vera e Sandoval

topônimo Araripina ainda é para alguns uma incógnita, para mim, a minha cidade, onde nasci, onde estou criando meus filhos e desejo nela viver para sempre.

E nesse novo ritmo de dissertar, uma nova ideia para incorporar os meus novos artigos de opinião, me bateu uma saudade doida e uma imagem datada de 1980, passou como película em minha lembrança de uma infância/juventude em que vivemos.

O cenário ainda de um lugar em construção, rústico (no sentido literal da palavra), traz uma paisagem ao fundo as casas de Dona Mozarina, Dona Gualterina, do Seu Chicão, de Dona Pepê e de seu Zé Belo. Do “mato” uma nesga de estradinha que se mantinha como passagem e que servia de acesso para se chegar ao logradouro Joaquim Rodrigues Nogueira.

 
Lá em cima: Jotinha (Irmão de Lêda Alexandre), Itinho e Wellington. Por trás Lêlo de Zé Mendes e dona Regina. Sentado à pedra Afonso, Tia Zita e Flávio. Naelson de João Bahia. Eu sou o de camisa azul claro. Aqui no canto esquerdo, Fabíola (minha irmã). A vida era difícil, mas era muito alegre.

Uma pedra enorme ficava bem no meio da rua (que seria rua, ainda não se tinha nem o projeto para transformar em tal) de terra batida e ainda sem saneamento (Rua 11 de setembro), que ficava defronte da casinha simples com paredes internas dividias por papelões de minha avó Avelina de Lira Bahia. Os afortunados (sentados na pedra na primeira foto) eram os “moços” que chegavam de São Paulo para conhecer o sertão e instalavam-se na casa da família que se reunia toda na casa da matriarca para apreciar a comida caseira feita por Tia Zita e Tia Corina, todas duas prendadas na arte da culinária sertaneja.

A turma daquele tempo convivia com as mesmas diferenças sociais. As vestes simples, os pés descalços, as roupas que chamávamos de “conjunto” – calça e camisa da mesma cor – era o retrato real de como vivíamos e convivíamos com as dificuldades, os mesmos dilemas da pobreza (quase extrema). Faltava tudo. Os modelitos apropriados para as condições já demonstravam a penúria e o que em verdade nos tornava todos iguais. Mesmo com a tristeza, a assistência social que nem conhecíamos, a fome, era superada com os sorrisos, as brincadeiras, as amizades (sem interesse), o compartilhamento da mesma situação e ninguém ali naquele pedaço sofrido era melhor do que ninguém.

Eu, meus irmãos, meu primo Flávio, Lêlo de *Zé Mendes, Paulo de Seu Jota, Jotinha de Zé “Birrim” (o noveneiro da época), Itinho e Wellington de Seu Valdeci e Dona Francisca, Wilma, Cássia e Deda (filhos de Wilson Pelado e Preta), Verônica, “éramos todos iguais” e da mesma classe social, aliás, nem se falava nessa tal classe social na época. Era rico e pobre. Só isso.

Carimbada, caí no poço, “picos”, as peladas com traves de pedras ou sandálias (todos jogavam bola descalço porque não era permitido usar sapatos, quando alguns privilegiados os tinha) praticadas no calçamento irregular de paralelepípedo, e tantas outras brincadeiras que fazia com que nem lembrássemos das dificuldades diárias. Foi um tempo muito difícil que durou décadas.

*Zé Mendes era a pessoa responsável para recolher os bilhetes de entrada adquirido na bilheteria do Cine Capri e também para identificar o sujeito através da identidade, quando o filme era considerado “impróprio”. Muitas vezes eu percebi que ele deixava o camarada entrar para assistir aos filmes apenas por sua estatura e fisionomia. Eu tinha passado uns dias dos meus 18 anos e queria desfrutar da maioridade assistindo uma exibição brasileira. Como eu era raquítico, pouco mais de quarenta quilos, e aparência de menino que esqueceu de crescer, fui barrado por seu Zé Mendes que depois de muita insistência e de garantir que a identidade era realmente minha, permitiu a minha entrada no “cinema”.
Araripina certamente tem muita história pra contar. Vamos contar a nossa e a sua história?

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