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HISTÓRIA DE ARARIPINA: SÃO JOÃO E MUITO FORRÓ NA CASA DE SEU JÓ



Seu Jó. Foto da Página do Facebook de Luciana Campo (Filha de Seu Jó)


preciso ter muito cuidado para preservar a história e seus personagens e não transformar a realidade em fantasias, contos de fadas, ou espetáculo, mas muitos fatos ocorridos em Araripina, principalmente no final dos anos 70 e nos anos 80, figuraram como teatro, devaneios, algo inimaginável que esmiúça a minha memória como um livro que precisa ser escrito em detalhes, mas que necessita de muitos atores para protagonizar e contar em verdade o que desejamos aqui relatar.

Hoje o nosso personagem é um homem simples, de estatura com um pouco mais de 1,50 m (não sendo preciso) marceneiro veterano, colecionador de discos de vinil (assim como foi meu pai e seu Deoclécio) apreciador de som (a radiola dele era a melhor do bairro inteiro) também sempre gostou do Forró Pé de Serra autêntico, principalmente Luiz Gonzaga, curtia Valdick Soriano, Ivanildo e Seu Sax de Ouro, Teixeirinha, Genival Santos, e tantos outros artistas da nossa Música Popular Brasileira. Tomava umas cervejinhas de vez em quando e hoje com 80 anos, disse-me um certo dia que não bebe mais, mas continua gostando daquilo que lhe traz muitas lembranças.

Falo de Sebastião Bezerra Camposou simplesmente “Seu Jó”.

Figura emblemática, esposo de dona Lenita, seu Jó tem três filhos homens (todos aprenderam o ofício do pai) e três filhas mulheres, e reside na mesma casa, ali na Rua Onze de Setembro, próximo ao Sargento Nelson (era assim que o conhecíamos). Muitos moradores naquele trecho, como dona Dezinha (esposa de “Sivir”) Tia Zita, dona Ruth (Mãe de Rosauva, Rosângela, Sérgio do Pipa, Paulo), Dona Davina (de Seu Dedé de Josias) e outros, assim como algumas casas antigas que foram preservadas, ainda são os mesmos. 

Lembro que dona Lô (Mãe de Adauto ou “Pavão) uma senhora negra, simpática, sempre atenciosa e bondosa, foi personagem daquele tempo, e continua acesa nas nossas memórias.

A recordação ainda é viva para o filme que mentaliza aquele tempo brilhante (era os festejos juninos), especificamente daquele pedaço de trecho que seguia até a casa de Zé Luciano (me corrijam por favor) onde moravam dona Djalma (Mãe de Tadeu e Conceição) costureira de “mão cheia”, seu Geraldo Ourives, e outros que agora não consigo lembrar com clareza, e que transformava a Rua 11 de Setembro em um clarão repleto de fumaça, barulho de “bomba”, tracks, chuvinha, o quentão, o milho, a canjica, a pamonha, e todo arsenal que fazia do São João de Rua, o mais divertido e mais animado dos nossos tempos.

Em toda casa tinha forró e geralmente amanhecíamos o dia, e como sempre era frio o mês de junho, o que restava das brasas e cinzas das fogueiras, servia para assar batatas doces e se esquentar depois de uma noite em claro, literalmente. Ainda hoje lembro-me de quantos padrinhos de fogueira eu pude ser agraciado.

Pois bem, naquela época as fogueiras também viravam concorrência para os moradores e a beleza daquela disputa sadia sempre terminava na casa de Seu Geraldo, Dona Graça e Seu Jó (pelo menos é a minha versão), mas o bom mesmo era o forró nas salas das casas. Em todas elas o arrasta-pé corria solto. Era Luiz Gonzaga (Aproveita Gente, Casamento da Rosa, Sanfoninha Choradeira, Danado de Bom); Assisão (Fogueirinha, Eu Quero Meu Amor, Pau nas Coisas); Jorge de Altinho (Confidências, Sou Feliz, Devagar); Trio Nordestino, e tantos outros do forró de pé de serra.

O São João e São Pedro na Casa de Seu Jó era diferente. Primeiro começava na parte de fora com um baita som tocando forró e terminava em um salão dentro de casa, todo enfeitado com bandeirolas. Eu ainda era muito jovem (não sabia dançar e nunca aprendi direito) , mas adorava ficar olhando aquelas pernas entrelaçadas umas nas outras, a poeira levantando(mesmo com o piso de cimento), o quentão esquentando os ânimos das pessoas e uma animação que só mesmo estando lá para poder hoje ser testemunha do que aqui posso detalhar.

A Rua Onze de Setembro como a maioria naquela época (o forró na casa de Tia Joaninha também era muito conhecido, além de ser uma tradição), era do início ao fim repleta de fogueiras, e boa parte dos moradores também mantinha o costume de transformar as casas naquela época em salões de festa. Era o São João Tradicional vivido pelo nosso povo da forma mais original e por isso, acredito que “SEU JÓ” encarna perfeitamente esse personagem folclórico dos festejos juninos daquela época.

QUE SAUDADE!!!

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