
Parecia uma loucura a frenética movimentação de caminhões pesados do PAC, caminhões pipas, ônibus circulares, gente que ia, gente que voltava, hotéis lotados, restaurantes aglomerados de operários, economia galopante, imóveis valorizadas, profissionais de diversas áreas do conhecimento ocupados no Canteiro de Obras da Construtora Odebrecht sobre a responsabilidade da empresa TLSA – Transnordestina Logística S.A, responsável aqui por esse trecho da ferrovia transnordestina, especialmente no Distrito de Nascente, Sertão de Pernambuco. |
Quem circulava pela Rodovia PE – 615, estrada que liga a BR 316 em Araripina aos distritos de Gergelim e Nascente, foi testemunha da movimentação frenética de veículos pesados, ônibus que transportavam os operários, para uma obra que hoje encontra-se paralisada e representa mais um entre os muitos cemitérios de trilhos que deviam escoar a produção e melhorar a economia do país, além do aumento de empregos, já que muita gente ficou desempregada com essa paralisação.
Com uma extensão de 1752 quilômetros, a Transnordestina deveria ligar a cidade de Eliseu Martins (no Piauí) e aos portos de Pecém, próximo à Fortaleza, e ao de Suape, litoral pernambucano. Estamos concentrados no Trecho Ferroviário chamado Ramal do Gesso, malha que serviria para escoar a produção gesseira até o Porto de Suape, localizado entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, Pernambuco, e para muitos empresários do Polo Gesseiro, com a crise aguda no Brasil que afetou a produção na Região do Araripe, não existe mais a certeza de que transportar o produto até Suape diminuiria os custos com a logística, e com a crise e os grandes empreendimentos de produção sendo instalados em grandes centros urbanos, com melhoramento no uso da matriz energética, essa certeza diminui significativamente.
Fotos atual do Distrito de Nascente - 2017. Por Everaldo Paixão
Conversamos com donos de restaurantes e hotéis no Distrito de Nascente e eles relataram principalmente o que observamos a respeito das mudanças que alteraram o modo de vida pacato do lugar para aquela loucura de absorver tanta gente que vinha de fora (engenheiros, metalúrgicos, eletricistas...) que trouxeram transformações e uma esperança de que ali se implantaria o desenvolvimento do Polo Gesseiro, com as instalações dos trilhos que modificariam de vez a dinâmica do distrito, do Município e da Região como um todo. Seria ali então, o Ramal do Progresso.
O Distrito voltou a sua pacata convivência e registramos parte dos trilhos e por coincidência em parte que interliga aquele emaranhado de ferro que com toda certeza vai precisar de recuperação, caso a obra venha a andar de novo, estava lá gravado o nome da ODREBRECHT.
Por falar em ODEBRECHT, também registramos o "Canteiro de Obras" da Empresa localizado no Distrito de Nascente. Parece uma cidade abandonada com toda parafernália que ainda restou, com placas de sinalização, guarita, portão de entrada, grades, enfim, todas as instalações que acomodavam aquela infinidade de operários que cuidavam das obras que parecia impulsionar o desenvolvimento do nosso polo gesseiro que seria escoado por trilhos em trens, aliás, trens que não conseguimos registrar nenhum no percurso que fizemos. Trens que provavelmente estarão ultrapassados com tanto tempo de obras paralisadas.
Percorremos um imenso pedaço dos trilhos (que em abril de 2014 ainda não tinham chegados ao Distrito de Nascente) e entendemos que todo sonho que se plantou para desenvolver a nossa região, rica pelo pó branco, ou Ouro Branco, o Gesso, o minério que transformou os seus principais Municípios (Araripina, Ipubi, Bodocó, Trindade e Ouricuri)em grandes potenciais econômicos e que esperam ainda que as promessas dos governantes em olhar essa região como uma das maiores empregadoras do Estado, quiça, do País, não se transformem em cemitérios de trilhos como o Ramal do Gesso se transformou.

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