Professor Vicente
Foto: Acervo

A Região do Araripe é rica em personagem. Em Araripina, a 692 quilômetros do Recife, existe uma dessas figuras que, com suas histórias, transforma o cotidiano da Chapada do Araripe. Uma conversa com o Professor Vicente Alves e a origem da cidade se desvenda, o início do povoamento da região se descortina e a razão para as elevações que formam o planalto que cerca o lugar é conhecida.
O Professor, com 87 anos (completos ou incompletos) de muito conhecimento, combina formação filosófica, em ciências naturais e ciências biológicas para ensinar que o sertão já foi mar. Há milhões de anos fazia parte do hoje chamado Oceano Atlântico, que banhava a região. Depois de anos de sedimentos depositados surgiu então a Chapada do Araripe – a maior formação de Cretáceo Inferior no mundo.
Os indicadores de que a região viveu sob as águas são variados e cientificamente comprovados. Vicente Alves destaca os bancos fossilizados de ouriços-do-mar já descobertos e também outros tipos de fósseis de biohernmas - seres unicelulares que se caracterizam por viver na água.
Sobre a chapada, o professor gosta de falar da gigantesca formação, com extensão de 180 quilômetros por 60 quilômetros nos limites entre Pernambuco, Ceará e Piauí, que abre de um jeito que se assemelha a um lírio, com um galho em direção a Simões, no Piauí, e outro para Campos Sales, no Ceará.
O brilho toma conta dos olhos do professor Vicente Alves. Suas narrativas são repletas de amor pela região.
Os Jesuítas, em 1582, se deslocaram para o interior para catequizar os índios botocudos, assim chamados porque usavam ornamentos nos lábios e nas orelhas. Eram as chamadas Missões Arari, que iam ao Monte Rari. Na linguagem dos índios, Rari é chapadão, planalto, os padres colocaram o nome do lugar de São Gonçalo do Sauê, por causa das Aldeias Sauês.
Um decreto federal, anos depois, determinou que apenas uma cidade no país poderia ter o mesmo nome. São Gonçalo já era o nome de uma cidade fluminense. Na época, o jornalista e historiador Mário de Melo presidia a comissão da Assembleia Legislativa de Pernambuco, responsável pela mudança de nomes dos municípios. Para substituir São Gonçalo do Sauê, Mário Melo, buscou na história da região outros nomes eruditos. Chegou até Arari, que é o mesmo que planalto, chapada, e à Pina, que vem de encosta sem vegetação. Daí Araripina. O nome da cidade.
Caderno Especial: Diário de Pernambuco
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