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Reprodução: Internet |
Por: Amanda Miranda / JC
O empresário João Carlos Lyra
Pessoa de Mello Filho – alvo das operações Lava Jato e Turbulência e dono do
avião usado pelo ex-governador Eduardo Campos na campanha à Presidência –
afirmou em acordo de delação premiada que, de 2010 a 2014, repassou dinheiro de
empreiteiras interessadas em negócios com o governo estadual a Aldo Guedes
(foto), ex-auxiliar de Eduardo. “Todos os contatos referentes ao repasse de
valores a Eduardo Campos eram feitos pelo colaborador com Aldo Guedes”, relata
o termo de colaboração firmado por Lyra com o Ministério Público Federal (MPF).
Em depoimento, ele também relatou que teria sido articulada por Guedes a compra
da aeronave que caiu em Santos, matando o então presidenciável e mais seis
pessoas.
Segundo Lyra, alguns encontros com Aldo Guedes chegaram a acontecer na
Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), empresa que tem participação do
governo estadual e foi presidida por ele. Mas, de acordo com o depoimento do
empresário, a entrega do dinheiro não teria acontecido lá. “Os repasses de
valores ocorreram, na maior parte das vezes, na garagem do prédio residencial
em que Aldo Guedes mora, na Avenida Boa Viagem (...); também ocorreram entregas
de valores em locais públicos aleatórios”, afirmou. Parte dos recursos da
suposta propina teriam saído de empresas de Lyra que tinham contratos com
empreiteiras, principalmente a OAS e a Mendes Júnior, para obras federais como
a Transposição do São Francisco e o Píer Petroleiro do Porto de Suape, através
de notas fiscais superfaturadas, geralmente em 20% do valor do serviço.
O empresário afirmou que foi Aldo Guedes quem o procurou, em 2013, para
dizer que Eduardo iria se candidatar à Presidência e precisaria de um avião
para a campanha. O empresário, então, teria proposto a Apolo Santana Vieira,
outro alvo da Turbulência, a abrir uma empresa de táxi aéreo pelos dois em
sociedade com o ex-auxiliar do socialista, após as eleições. Lyra disse ao MPF
que o ex-governador não gostou do avião de Apolo, então outro foi comprado, em
maio de 2014, por US$ 8 milhões.
O termo da delação relata “que o colaborador ficou encarregado de adotar
as providências para constituir uma empresa de táxi aéreo; que as despesas referentes
ao uso da aeronave pela campanha de Eduardo Campos seriam pagas, depois da
constituição dessa empresa de táxi aéreo, pelo PSB; que não houve tempo para
constituição da empresa de táxi aéreo nem para o recebimento de qualquer valor
do partido, vindo a ocorrer o acidente em que Eduardo Campos faleceu”.
O acordo de Lyra está sob sigilo, mas teve parte vazada ao ser
compartilhado em um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga o
ex-senador Vital do Rêgo, hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). O
empresário prestou depoimento ao MPF no Recife, em 17 de janeiro de 2017,
quatro meses após ser solto na Turbulência.
O Palácio do Campo das Princesas e o PSB nacional afirmaram que não iriam
se pronunciar sobre as declarações de João Carlos Lyra. A defesa de Aldo Guedes
também disse que não vai comentar. O TCU respondeu que “o ministro desconhece o
empresário citado, assim como a delação mencionada”. A reportagem entrou em
contato com a assessoria de imprensa da OAS por e-mail, mas não obteve retorno.
A Mendes Júnior não atendeu as ligações.
Blog do Paixão