O corpo da cantora e compositora Dona Ivone Lara é velado na quadra da escola de samba Império Serrano, em Madureira - Tânia Rêgo/Agência Brasil
Por: Agência Brasil
Quem esperava um clima de tristeza, se
surpreendeu no enterro da sambista e compositora Dona Ivone Lara. Em vez de
choros e lamentos, o corpo da artista foi sepultado ao som de seus grandes
sucessos, cantados pelo público, entre parentes, artistas e fãs, que foram ao
Cemitério de Inhaúma, nesta terça-feira (17), se despedir da grande dama do
samba, que morreu ontem aos 97 anos.
A classe artística foi representada,
entre outros, por Martinho da Vila, que conheceu e conviveu de perto com Dona
Ivone. “Vai ser difícil, porque a gente teve uma convivência muito grande. Fiz
muito show com ela, pelo Brasil e pelo
mundo. Mas não é uma morte triste, porque não foi sofrida. Ela foi uma pessoa
bem vivida, então este enterro, no duro, é uma celebração”, disse Martinho.
Fãs fizeram questão de estar
próximos, nos últimos momentos. Levando flores em sua homenagem ou trazendo nas
mãos discos da cantora, todos lamentaram a morte de Dona Ivone. “Sou fã dela
desde 1984, quando eu tinha 11 anos de idade. Com o passar do tempo, comecei a
comprar os discos dela e cheguei a ir em três shows.
Ela tinha um samba melódico que transmitia a paz”, disse o professor de
história Dorival Alves.
A
irmã de Dona Ivone acompanhou o sepultamento e lembrou como ela era em casa.
“Ela gostava de brincar e cantar. Vou sentir falta. Vou ficar triste. De
parente, era só eu e ela”, lamentou Elza da Silva Gusmão, de 93 anos de idade.
O
jornalista especializado em samba Marcelo Faria, do portal Sambrasil, resumiu o
que, para ele, foi a carreira da artista: “Dona Ivone, com quase um século de
vida, atravessou o século do samba. O legado que ela deixa é a obra que fica.
Ela era uma cronista do dia a dia, da vivência do subúrbio. Foi pioneira como
compositora e um marco para todos nós”.
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