Francisco da Rosa Muniz. Arquivo
"Chico Cícero que tanto lutou pela independência de São Gonçalo, não queria ter o trabalho de dirigir o Município"

FRANCISCO DA ROSA MUNIZ (CHICO CÍCERO)
Nasceu na cidade de Salgueiro, no dia 12 de fevereiro de 1894. Filho do Coronel Pedro Cícero da Rosa Muniz (da Guarda Nacional) e de Margarida freire Muniz. Ainda menino, foi morar em Bodocó, onde começou a frequentar a escola Manoel Queiroz de Barros. Na juventude vivia entre Bodocó e Ouricuri, onde se casou com Belmira Granja ((Moreninha), da aristocracia ouricuriense. O seu pai, já em 1907 mudara-se para São Gonçalo, povoado que Chico Cícero visitava com muita frequência. Em 1917. Veio morar definitivamente em São Gonçalo. Sua chegada aqui marcou o desenvolvimento da Vila. Reformou a Capela, conseguiu a criação da Paróquia, trouxe o Pe. Luiz como vigário residente e, ao lado de Joaquim Modesto, Cel. Antônio Modesto, Joaquim Alexandre Arraes e outros, emancipou São Gonçalo, de onde foi prefeito (1932-1934). É o sogro de Manoel Ramos de Barros (Seu Né), a quem iniciou na política, no ano de 1929. É também avô de Dr. José Muniz Ramos, ex-governador de Pernambuco.
A administração de Chico Cícero foi voltada para o ensino público. Nomeou o seu sobrinho Sebastião Marinho Muniz Falcão, que contava apenas com 17 anos de idade, professor municipal. Foi, assim, Muniz Falcão o primeiro professor municipal de São Gonçalo. Em primeiro de janeiro de 1933, foram nomeados mais dois professores municipais, o seu irmão Horácio e Barros Muniz e Antônia Cordeiro da Rocha. Criou ainda a figura do professor subvencionado. Algumas pessoas que se propunham ensinar nos sítios e fazendas recebiam uma verba da Prefeitura, cujo valor dependia do número de alunos que mantivesse em sua escola particular. Assim foi com João Trajano, na fazenda Saquinho; Antônio Loyola de Alencar, na fazenda Caroá; Jesuíno Antônio e Barros, na fazenda Santana; Maria Angelina de Oliveira, na fazenda Marinheiro; Raimunda Gomes de Sá, em Lagoa do Barro e Joaquim Pereira Feitosa, no São Paulo.
Em obras públicas, destaca-se a construção do açougue publico, no local onde hoje é o prédio da Câmara Municipal; de uma cacimba, no Sahuén; a abertura das ladeiras da Serra do Araripe; e a conservação das estradas São Gonaçalo-Ouricuri e são Gonçalo-Araripe (CE).
Chico Cícero foi nomeado prefeito sem ser consultado. Joaquim Modesto não o avisara de que ia pedir demissão e nem de que o indicara para substituí-lo. Não aceitara ser candidato a prefeito em 1928, sob alegação de que não dispunha de tempo. Agora, foi surpreendido com a nomeação e viu-se obrigado a aceitar o cargo. Durante o período em que passou à frente da Prefeitura, vivia pedindo ao Interventor a sua exoneração. Alegava motivos de saúde, exiguidade de tempo para cuidar também dos seus negócios particulares. Vendo que o seu apelo ao Interventor era inútil, procurou arranjar um pistolão. Telegrafou ao Dr. Domingos Ferreira, Diretor Geral das Municipalidades, encarecendo o seu concurso junto ao Interventor, no sentido de “conseguir” sua exoneração. Apresentava dois nomes para subistituí-lo, o de Manoel Ramos de Barros e o do Secretário da Prefeitura, João Cavalcanti de Lima. Finalmente, recebe uma telegrama de seu padrinho:”Acabo conseguir vossa demissão conforme vosso despacho pt. Logo será publicado ato Interventor deveis passar exercício Secretário que responderá expediente até ida comissão departamento. Saudações. Domingos Ferreira, Diretor Geral”. Que tempos! Chico Cícero que tanto lutou pela independência de São Gonçalo, não queria ter o trabalho de dirigir o Município. Cai bem a modinha popular: “todo mundo quer ir pro céu, mas ninguém quer morrer”.
Chico Cícero foi exonerado, a pedido, pelo Ato n.º 1.677, de 29 de agosto e 1934, sendo substituído por João Cavalcanti de Lima, então Secretário da Prefeitura.
Apesar de político atuante, com expressiva liderança, nunca mais Chico Cícero quis se candidatar a qualquer cargo eletivo. Transferiu para o seu genro, Manoel Ramos de Barros, a chefia da política local.
Os atos da administração de Francisco da Rosa Muniz tiveram a sequencia numérica do seu antecessor.
Fonte: Livro - Araripina: Histórias, Fatos & Reminiscências
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