Ao contrário da maioria dos outros
candidatos, Bolsonaro parece sincero
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O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), entrevistado por Augusto Nunes, durante o Fórum Veja: Amarelas ao Vivo - 27/11/2017 (Antonio Milena/VEJA) |
Por Sérgio Praça / VEJA
Após as desistências de Joaquim Barbosa e Luciano
Huck como candidatos à presidência, convencionou-se dizer que as eleições de
2018 terão “mais do mesmo”. Os outros concorrentes – Marina Silva (Rede),
Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL)
– seriam candidatos acostumados ao sistema político, sem frescor.
Não acho essa
a melhor interpretação. Até agora de modo hábil, Bolsonaro ocupa o papel de outsider nas
eleições presidenciais de 2018.
Com as condições atuais do país, seria
surpreendente que nenhum candidato anti-sistema aparecesse. Somos um país
presidencialista, com alto grau de corrupção, e com a economia se recuperando
aos poucos de uma profunda crise. Segundo o cientista político Miguel
Carreras, esses fatores são determinantes para o sucesso de
outsiders. Bolsonaro, deputado federal há 27 anos, não se encaixaria na
definição de “novato” usada por Carreras. Newcomers seriam pessoas com menos de
três anos de experiência em qualquer atividade política.
Mas, como
faria qualquer outsider como Luciano Huck ou Joaquim Barbosa, Bolsonaro critica
com veemência os acordos políticos que já viu entre Legislativo e Executivo.
Por ocupar papel periférico na Câmara dos Deputados, sua posição tem
credibilidade. Em entrevista a
Ricardo Correa, Bolsonaro afirma: “Por que outros partidos não me procuram?
Porque eu não faço acordo do tipo que eles querem, escondidinho, do jeito que
eles gostam. Aqui ao vivo eu faço. (…) Estou há 27 anos dentro da Câmara dos
Deputados. Com todo o respeito, lá os acordos são outros. É o repartimento dos
cargos públicos, ministérios, bancos oficiais, estatais, que você sabe onde vai
chegar- ineficiência do estado, falência do estado, corrupção. E isso eu não
quero.”
Ele não
parece estar mentindo. Newsflash para concorrentes como Geraldo Alckmin e
outros: não parecer estar mentindo é importante em campanhas eleitorais.
Perguntado
sobre como faria para negociar o apoio de outros partidos caso seja eleito
presidente, o candidato do PSL diz coisas menos críveis.
“Temos estudado. Tem um grupo de 40 parlamentares e acho que todos devem ser
reeleitos em Brasília que estão estudando isso. Como negociar com o parlamento
sem o toma-lá-dá-cá. Se for para fazer a mesma coisa, eu vou embora, vou cuidar
da minha vida. Nós estudamos já bastante, continuamos estudando.
Um grupo de 40 deputados e senadores estudando a
formação de coalizões programáticas em sistemas presidencialistas? Conta outra.
Fica o alerta para quem vive na bolha zona sul
carioca: Bolsonaro tem credibilidade para muito mais gente do que se imagina.
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