Candidato do PDT ao Planalto deu declaração à GloboNews. PT apoiará
candidatos do PSB em alguns estados em troca da neutralidade do partido na
eleição presidencial; Ciro tentava atrair legenda.
Por
Gustavo Garcia e Filipe Matoso, G1, Brasília
O candidato do PDT à Presidência,
Ciro Gomes, durante entrevista à GloboNews (Foto: Reprodução GloboNews)
O candidato do
PDT à Presidência da República, Ciro Gomes,
afirmou nesta quarta-feira (1º) ter sido "extremamente leal" ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e, por isso, se declarou surpreso com o tratamento
"hostil" que o PT tem dado a ele.
A declaração
foi feita em entrevista à GloboNews,
que, nesta semana, entrevista postulantes ao Palácio do Planalto nas Eleições 2018.
Em acordo
costurado nesta quarta, o PT se comprometeu a apoiar os candidatos do PSB aos
governos de Amazonas, Amapá, Paraíba e Pernambuco em troca da neutralidade da
legenda na eleição presidencial. A campanha de Ciro tentava
atrair o PSB para formar uma chapa.
"O PT
entrou numa que eu tenho que respeitar, tenho que ter paciência. Mas,
francamente, eu não sei o que eu fiz para merecer esse tipo de conduta, de
desapreço e de hostilidade. Porque, se nós olharmos, eu até pago um certo
preço, eu apoiei Lula todos os dias sem faltar nenhum ao longo dos últimos 16
anos", afirmou o candidato.
"Não sei o
que fiz para merecer esse tipo de tratamento. [...] Mas a vida é assim. O
trabalho do cidadão é viabilizar-se e inviabilizar os adversários. [...] Eu fui
extremamente leal ao Lula", acrescentou.
Em seguida,
Ciro afirmou ser alvo de "radicalismo" do PT: "Me
surpreendeu". Ele disse também saber que, ao entrar para a disputa, seria
o "cabra marcado para morrer". "Trabalham juntos para me
isolar", completou.
Preso desde
abril em Curitiba (PR) em um processo relacionado à
Operação Lava Jato, Lula é o pré-candidato do
PT à Presidência e terá a candidatura confirmada pelo
pertido no próximo dia 4,
na convenção nacional.
Mas, no
entendimento do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luiz Fux, por já ter
sido condenado por órgão colegiado da Justiça, Lula está inelegível,
conforme prevê a Lei da Ficha
Limpa.
'Anarquia institucional'
Durante a
entrevista à GloboNews, Ciro Gomes avaliou que o Brasil vive um momento de
"anarquia institucional" porque os prefeitos, na visão dele, por
exemplo, têm sido "tutelados por um jovem garoto do Ministério Público que
faz e acontece".
Na avaliação do
candidato do PDT à Presidência, integrantes do MP têm levado pessoas à
"execração pública" e, por isso, se eleito, "organizará a
casa" e fará com que os poderes "voltem para a caixinha".
"Organizar
a casa significa restaurar a funcionalidade dos poderes do Estado brasileiro.
Voltar para a caixinha é a metáfora de cada um voltar para as suas atribuições
institucionais. Porque tudo o que se quer é que o povo fique de fora da
jogada", afirmou.
Questionado
sobre se proporá a redução do poder do Ministério Público caso seja eleito,
Ciro Gomes disse que não, acrescentando: "Aos técnicos cabe guardar os
direitos das minorias, vigiar formalidades. Não podem tutelar o poder
político."
Outros temas
Saiba abaixo
outros temas abordados pelo candidato na entrevista à GloboNews:
·
Prisão
após 2ª instância: "[Defendo]
desde que corrijamos a estupidez brasileira de dar quatro graus de jurisdição a
crimes comuns. Olha a aberração que estamos produzindo no Brasil. [...] Sou a
favor de que, ao segundo grau de jurisdição, encerrou-se o assunto para crime
comum. Hoje temos quatro graus, aí fazemos puxadinhos malucos".
·
Redução
da maioridade penal: "Se
um menino de 17, 16 anos, que já não é mais um menino, comete um crime
qualquer, ele é segregado por até três anos. Nós podemos agravar a pena para a
reincidência. Isso não tem nenhum problema. Mas não precisa reduzir, porque, na
hora que você reduzir, o narcotráfico vai buscar criança de 12. Reduziu para
12, ele vai buscar a de 10 anos".
·
Tributo
sobre lucros e dividendos: "O
mundo inteiro cobra tributos sobre lucros e dividendos empresariais. Só o
Brasil e a Estônia não cobram. Eu vou propor cobrar. [...] Lucros e dividendos
é o seguinte: se a empresa investe, zero tributação. Se ela saca da empresa
lucros e dividendos, no mundo inteiro, menos no Brasil e na Estônia, se paga e
se paga progressivamente como o Imposto de Renda. É simples de tratar".
·
Incentivos
fiscais: "Vou
cortar todas as despesas que eu achar ociosas. Vou passar uma lupa. [...] R$
354 bilhões, da dona Dilma para cá, foram dispensa de imposto para os ricos,
por ano, [ou seja], renúncia fiscal. Eu vou passar uma lupa de um por um, [vou
cortar] o que não for coisa absolutamente central para estimular a indústria do
país, que será a minha grande prioridade".
·
Acordo
Boeing/Embraer: "Vai
ser desfeito [se for eleito]. A Boeing está fazendo o serviço sujo do Mister
[Donald] Trump [presidente dos EUA]. [...] A Embraer, com a Força Aérea,
desenvolveu o [avião] KC-390, que tem fila de compra de US$ 20 bilhões. Por
isso a Boeing tá comprando: para destruir a Embraer. Estão comprando para
fechar a Embraer".
·
Déficit
público: "Ninguém
vai para frente, nem em casa, nem na empresa, nem na família, muito menos em
uma nação, gastando mais do que pode. [...] A sanidade fiscal é um valor. [...]
Se me deixarem trabalhar, em dois anos, eu zero [o déficit] com a mão nas
costas. Se não me deixarem trabalhar, eu vou governar o Brasil, não vou
reformar. Porque comigo vão ser seis meses de reformas. E não é um dia, são
seis meses".
·
O candidato
também disse ser favorável à redução de ministérios e de
cargos comissionados; afirmou que apresentará um plano de privatização,
excluindo petróleo; e não disse qual a opinião sobre legalização da
maconha.
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