1946 - Primeiro plano da E para a D: Prisco Arraes, Zé Arnaud, Jaime Neri, Nascimento (Coletor) e Bigas; segundo plano, no mesmo sentido: Lourival, Abdon, Oscar Ferreira Costa, Pedro Barreto (Orimedon) e Toinho Alencar.
Foto: Livro - Araripina: História, Fatos & Reminiscências
Por encontrar-se o País no regime ditatorial, não havia espaço para o exercitamento de atividade política. Mandava nos Municípios, e sobretudo os mais distantes e isolados dos grandes centros, quem tivesse as bênçãos dos todo-poderosos. Os Municípios viviam sob o jugo e o controle do Estado. Seus prefeitos, interventores nanicos, deviam obediência ao Interventor estadual e este, por sua vez, beijava os pés do ditador. Eram os delegados do “dono” da Nação.
A queda de Getúlio, em 1945, abriu novas perspectivas para o reencontro do Estado com a Nação. A reestruturação institucional do País, à vista, estimulou a participação de todos, das atividades políticas. Finalmente, depois de 15 anos, vislumbrou-se a democracia. Fundaram-se os partidos políticos e preparam-se as eleições do presidente da República e da Assembleia Nacional Constituinte. A mobilização foi geral, atingindo os mais distantes rincões do Brasil.
Araripina nunca experimentara a convivência com a verdadeira democracia. Quando conseguiu sua emancipação política, ainda na Velha República, os costumes políticos eram mesclados com o mandonismo. Mal saída do domínio de Ouricuri, encontrava-se com a Revolução de 1930. Em 45, os seus líderes já se movimentavam com facilidade, nas esferas da administração estadual. Eram conhecidos e gozavam de prestígio. Estava preparada para enfrentar os novos tempos.
AS ELEIÇÕES DEMOCRÁTICAS E OS PREFEITOS ELEITOS
Em Araripina, atuaram nas primeiras eleições democráticas os dois mais importantes partidos políticos, o PSD e a UDN, nos quais se distribuíram as lideranças locais. Havia um bom relacionamento entre os chefes políticos e *Agamenon Magalhães, sobretudo Joaquim Modesto. Quando Novais Filho rompeu com Agamenon e Etelvino Lins e deixou a Prefeitura do Recife, Costa Porto saiu da direção do Departamento da Prefeitura de Assistência às Cooperativas. Ambos foram para a UDN. Suetone Alencar, então gerente da Cooperativa de Araripina por suas estreitas relações de amizade com Costa Porto, filiou-se à UDN. A sua expressiva liderança local levou para os quadros de seu partido outros não menos influentes políticos araripinenses: os irmãos Plínio, Nilo e Prisco Arraes, Major Quincó, seu sogro, Senhor Bringel e o seu cunhado Zé Bringel, seu irmão Valdomiro Alencar, Álvaro Campos e José Arnaud Campos, José Barreto Alencar, Pedro Barreto, José Arruda Jacó, Rubem Neri, Francisco e Celso Correia e Leão Gomes Ferreira, entre outros. As hostes pessedistas formaram com Joaquim Modesto, Manoel Ramos, Joaquim Pereira Lima, Dr. Araújo, Luiz Gonzaga Duarte, Dionísio de Deus Lima, Francisco da Rosa Muniz, Joaquim Berto, Antônio Braz Sobrinho e outros mais.
Nos dois primeiros testes de força política local, as eleições para presidente da República (02.12.45) e para governador do Estado (19.01.47), o PSD mostrou supremacia, dando maioria de votos a Dutra e Barbosa Lima. Nessas campanhas as posições políticas se definiram radicalmente. Quem era pessedista era pessedista mesmo e quem era udenista era udenista mesmo. Todos se conheciam uns aos outros. O teste de fogo, porém, seriam as eleições de 1947, quando os araripinenses iriam eleger os seus governantes. A fome de eleições era grande e maior era a do poder. Agora, não havia mais o “promitto”. A Constituição de 46 outorgara independência aos municípios. O povo era livre para decidir os seus destinos. E todos queriam decidir, com a representação de seus parentes, compadres e amigos. Foi nesse clima de euforia que se realizaram as eleições municipais de 1947.
*Agamenon Magalhães governou Pernambuco durante quase oito anos (1937-1946), tempo em que durou a ditadura de Getúlio Vargas.
Extraído do Livro - Araripina - História, Fatos & Reminiscências
Autor: Francisco Muniz Arraes
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