AS ELEIÇÕES DE 26 DE OUTUBRO DE 1947.
Dois partidos - o PSD (Partido Social Democrático) e a UDN (União Democrática Nacional) eram representados pelos seus maiores líderes municipais e agora iam se enfrentar nas urnas, para escolher o primeiro prefeito democrático depois dos 15 anos turbulentos desde o início da Revolução de 30, comandada por Getúlio Vargas.
Abre-se agora um leque para dar início a uma nova revolução: agora democrática.
Dois candidatos de peso, na disputa pela Prefeitura de Araripina, Manoel Ramos de Barros, Seu Né, e Suetone Alencar. Seu Né já fora prefeito do Município, em 1938/39. Agora encabeçava a chapa do PSD, com Joaquim Pereira Lima, candidato a vice-prefeito e Alexandre Alencar de Lima, José Saraiva Correia, Joaquim José Modesto, Antônio Carvalho Leite, Antônio Braz Sobrinho, Dionísio de Deus Lima, Alcebíades da Cunha Rolim, Bernadino Correia Jaques e Francisco Jeú de Andrade, concorrendo à Câmara Municipal. A UDN marchou para as eleições com os seguintes candidatos: para prefeito, Suetone Alencar; vice, José Arnaud Campos; Vereadores, Isaías Gomes de Sá, José Gualter Alencar, Leão Gomes Ferreira, Luiz Jacó de Souza, Nilo Arraes e Valdemiro Alencar.
A campanha decorreu num clima de animação e entusiasmo. As eleições anteriores para presidente e governador acomodaram os araripinenses em definitivas posições político-partidárias, verdadeiras trincheiras de luta. Comícios concorridos e grupos de moças e rapazes a animá-los com as paródias musicais, enaltecendo as virtudes e as qualidades de seus candidatos. Saiam as caravanas para os distritos, povoados e fazendas, em caminhões, camionetas e carros, cantando e agitando as suas bandeiras. Tentava-se esvaziar os comícios dos adversários, com promoções festivas em outra localidade, um almoço, uma dança ou outra qualquer invenção. As discussões de rua e os xingamentos recíprocos estiveram dentro dos limites de tolerância e do respeito. Não havia o que dizer de mal dos candidatos. Não se verificou nenhum incidente digno de nota.
No dia da eleição, formaram-se os grupos de eleitores nos territórios do domínio de seus partidos. O PSD reunia os seus partidários no grande quintal murado da casa de Seu Né. Dali saía o eleitor, devidamente escoltado por dois ou três cabos eleitorais, para a seção onde deveria votar. Já levava a chapa dos candidatos acondicionada em envelope, para não correr o risco da troca. A UDN reunia os seus eleitores na casa de Major Quincó, na de Nilo Arraes, ou na casa de Senhor Bringel. O dispositivo de segurança era o mesmo. A comida era servida com fartura.
Abertas as urnas e contados os votos, o PSD levou melhor nos cargos majoritários, elegendo Seu Né e Joaquim Pereira Lima, Quinca Livino, mas só fez 4 vereadores, Joaquim Modesto, Antônio Braz Sobrinho, Dionísio de Deus Lima e Francisco Jeú de Andrade. A UDN ficou com a maioria da Câmara elegendo os seguintes vereadores: Isaías Gomes de Sá, José Gualter Alencar, Leão Gomes Ferreira, Nilo Arraes e Valdemiro Alencar.
A eleição foi presidida por Dr. Manoel Machado da Cunha Cavalcanti.
Apesar da maioria oposicionista na Câmara, Seu Né conseguiu fazer uma boa administração. Sua habilidade política neutralizou essa maioria. As querelas pessoais entre os vereadores deixaram os caminhos abertos para Seu Né trabalhar.
A essa época, Araripina já tinha ligação com a Capital, através da estrada de rodagem federal, a atual BR-316. O comércio, bem desenvolvido: a exportação da farinha de mandioca chegava ao seu pique; a feira, muito concorrida; a cidade crescia; à margem da estrada, surgia um novo bairro, a Bomba. Foram instalados hotéis, bombas de gasolina, novas casas comerciais, novos armazéns.
As finanças municipais estavam equilibradas. Foi construído, em convênio com o governo estadual, o primeiro prédio de ensino público, o Grupo Escolar Pe. Luiz Gonzaga. Ampliou-se sistema de ensino municipal, na Cidade e nos Distritos, com a criação de novas escolas e foram instaladas mais cadeiras estaduais. Através de convênio com a Cooperativa Agropecuária, foi instalado o serviço luz elétrica e um novo açougue público foi construído.
Nesse período não se desenvolveu nenhum projeto de urbanismo. A Cidade crescia desordenadamente, com a construção de novas casas ao gosto do dono. As ruas continuaram desalinhadas, empoeiradas ou lamacentas, á falta de calçamento. Não se cuidou de praça. Mesmo assim, Seu Né não desmereceu a fama de um bom administrador.
Fragmentos do Livro - Araripina: História, Fatos & Reminiscências
De. Francisco Muniz Arraes
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