
Foto: Arquivo Blog
Ali na “Bodega de Seu Juvenal” na Rua José Arnaud Campos era o ponto de encontro da molecada (incluindo o editor deste) que jogava pelada todas as noites na rua de paralelepípedo, onde muitas vezes as “travinhas” improvisadas com as sandálias desgastadas ou com pedras, delimitavam o espaço onde ficávamos até as altas horas da noite.



Visão Aérea da Rua José Arnaud Campos







Bar de Dona Júlia






Na Bodega de Seu Juvenal tinha de tudo, era uma espécie de Mercadinho Tem Tudo ou de Conveniências atualmente, e óbvio, o de Seu Juvenal era modesto tendo em vista as variedades que são oferecidas hoje. Lembrando que bem ali onde estava instalada a sua bodega (ele morava ao lado e a porta do estabelecimento tinha comunicação com sua residência) era um bairro paupérrimo e a clientela dele era muito carente. Tinha rapadura, batida, colcha de moço, “alfinin”, pirulito zorro, k-suco em garrafas de fanta, coca cola, tinha doce de leite em barra. Mais em baixo ficava o “Bar de Dona Júlia”; o mercadinho de Seu Pedro, que era pouco frequentado por todos nós porque ele metia muito medo; a bodega de Seu Manoel Lúcio e dona Sebastiana, eles vigiavam a molecada da pelada dia e noite e qualquer deslize, contava para nossos pais e aí a “Pisa” ou “Pêa” era grande. Com corda molhada e dobrada.
Tinha a padaria de Seu Alcides e Dona Vera; a casa de Seu Eliseu, a casa de Dona Nêga (mãe de Fábio, Rita, João, Vanir e Veinha), de Seu Cicero Pereira, de Geraldão do Disco (tudo próximo), de Dona Djalva, Geraldo Ourives... e foi ali onde passamos toda a nossa infância e é bom lembrar que tudo se transformou, mas a Bodega de Dona Júlia e a Bodega de Seu Juvenal, continuam do mesmo jeito. Apenas as casas em volta deram um contorno diferente daquela rua que se interligava as ruas 11 de setembro e a famosa Rua do Padre. Foram ali o cenário de anos difíceis e mesmo assim eram prazerosos, porque não existia celular, internet, televisão de led, controle remoto, zap, facebook, twitter, instagram, vida artificial e digital... Os espaços para nossas brincadeiras eram as ruas, porque até mesmo utilizar as escolas para jogar futebol não eram permitidos e quando de teimosos invadíamos esses espaços públicos, sempre temíamos os vigias. Eles tinham permissão dos diretores das unidades escolares para expulsar as pessoas das comunidades que “invadissem” as quadras, objetos de desejo de todos nós das periferias, mas mesmo assim, ainda nos arriscávamos porque a vontade e as peraltices daqueles meninos daquela época, mesmo que o medo dos flagrantes (isso acontecia sempre) fosse algo muito arriscado e custava para todos nós, punições temerosas. O espaço mais próximo, inclusive no próprio muro da Escola da Independência, havia buracos para que fugíssemos dos flagras dos vigias.
E foi assim, aproveitando o nosso “Antes & Depois” que quis lembrar da Bodega do Seu Juvenal, um personagem tão marcante da nossa infância e que lembramos vagamente, mas que foi suficientemente importante para contar aqui, mais uma de tantas histórias de nossa querida Araripina, que ainda contaremos aqui nesse nosso cantinho digital.
Boa leitura
Registro do Nosso Passeio pelas Rua José Arnaud Campos, Pedro Barreto de Alencar, Rua do Padre...







Bar de Dona Júlia



Inicio da Rua Pedro Barreto de Alencar (famoso trecho da Rua do Padre)



Calçadão de Pedras na Rua do Padre
(Morei neste local muito tempo)
Blog do Paixão