A legislação pós-revolucionária extinguiu os partidos políticos, substituindo-os por dois outros, a Aliança Renovadora Nacional – ARENA e o Movimento Democrático Brasileiro – MDB, o primeiro, aliado do governo e o outro, colocado na oposição. Ambos sem qualquer esteio popular. Foram criados por decreto. Eram produtos do sistema vigente, com o objetivo de manter a aparência democrática. Evidente que, nos rincões mais afastados das decisões político-militares, ninguém queria se arriscar fazer oposição aos coronéis.
Em Araripina, o MDB não conseguiu espaço, por falta de adeptos. As eleições de 15 de novembro de 1968 realizaram-se com os candidatos da acanhada ARENA. Disputa houve só na indicação dos nomes pela convenção do partido. Nem a sublegenda funcionou. Foram extintos os cargos de subprefeitos dos distritos e o vice-prefeito seria eleito com o prefeito. Somente os vereadores é que tiveram de fazer o seu trabalho individual, para conseguir o maior número de votos e, assim, mostrar o seu prestígio.
A ARENA registrou os candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereadores, estes no número exato de vagas. Foram eleitos: Para prefeito, Raimundo Batista de Lima, Dosa; para vice-prefeito, Luiz Barreto Alencar; para vereadores, Dr. José Araújo Lima, Giovani Pereira Lima, Miguel Braz Sobrinho, Francisco Jeú de Andrade, José Arruda Jacó, José Alcebíades de Souza, Genésio Pereira de Melo, Raimundo Leônidas Coelho e Moisés Bom de Oliveira.
A eleição foi presidida pelo Dr. Pedro Fernandes de Oliveira.
RAIMUNDO BATISTA DE LIMA (DOSA)
Nasceu
na Fazenda Cajueiro de Araripina. Filho de Dionísio de Deus Lima e de Ana
Batista de Lima. Foi o terceiro neto de Henrique Alves Batista a se tornar
prefeito de Araripina.
Sebasto inovara no estilo de
administração municipal e Dosa deu continuidade a essa mentalidade renovadora,
voltada para o social e o urbanismo. Era o início da fase do “milagre brasileiro”. Os recursos da
Prefeitura eram mais amplos, uma vez que participava a municipalidade dos
fundos de assistência aos municípios, retirados do recolhimento dos impostos
federais e estaduais. O Estado avançava na autonomia municipal.
A
administração de Dosa deu ênfase ao urbanismo. Iniciou o saneamento da
cidade, lançou o calçamento em todas as ruas, implantou a iluminação a vapor de
mercúrio, construiu mais praças. Modificou completamente o aspecto da Cidade. Inaugurou o serviço de abastecimento d’água
do açude do Baixio; firmou convênio
para a instalação da estação repetidora de TV; fundou uma escola
profissional e corte e costura, datilografia, mecânica, marcenaria e
contabilidade; construiu diversos barreiros públicos na Chapada do Araripe. Em
iniciativa pioneira e ousada, fez uma minirreforma agrária nas terras da área
municipal da Chapada do Araripe. Essas terras eram devolutas e exploradas sob o
regime de aforamento à Prefeitura, o que dificultava a exploração agrícola. Os
bancos não financiavam a agricultura, porque os agricultores não tinham o
título de proprietário. O Dr. Ranilson
Ramos, a essa época alto funcionário da SUDENE, através desse órgão,
procedeu o levantamento de toda Chapada e elaborou o anteprojeto da reforma que
se transformou em Lei Municipal n.º 1.296, de 18 de fevereiro de 1971, que
autorizou o Poder Executivo a fazer a doação do domínio direto das terras da Chapada
do Araripe, que o Município detinha, aos titulares do domínio útil.
A
administração de Dosa, porém, tem uma nódoa: demoliu a igrejinha construída
pelo Pe. Ibiapina, em 1971.
Igreja sem campanário,
Sem adornos de beleza.
Toda ela singeleza,
Com Jesus no seu sacrário.
Só chegou ao centenário!
Esquecendo seu passado.
As mãos frias de um malvado
Derrubaram a Igrejinha
E tudo que tinha nela
Com tanto gosto criado.
Foi um crime praticado em nome do preogresso e...
Sei que não terá perdão
Para crime tão infame,
Nem que todo o céu conclame
Em favor desse vilão,
Que chamou a maldição
Do Santo Padre Luiz
Que erguida sempre a quis
E do Padre Ibiapina
Que ornou Araripina
Com a pequena matriz
Fonte: Livro - Araripina, História, Fatos & Reminiscências. de Francisco Muniz Arraes
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