Greve escolar deve ser repetida em
mais de 2 mil eventos de 123 países – no Brasil, 20 cidades têm protestos
agendados.
Por
Elida Oliveira*, G1

Estudantes protestam em Roma, na Itália, pedindo mais medidas contra as
mudanças climáticas em um movimento internacional chamado "Fridays For
Future". — Foto: Alessandro Di Meo/ANSA via AP
Milhares de
estudantes saíram às ruas nesta sexta-feira (15) para protestar por medidas
efetivas no combate às mudanças climáticas.
O movimento "Fridays For
Future" (Sextas-feiras pelo futuro) ganhou força com Greta Thunberg,
que uma vez por semana falta às aulas em sua escola, em Estocolmo, para se
sentar em uma praça em frente ao Parlamento da Suécia e pedir medidas concretas
contra o aquecimento global. Nesta sexta, não foi diferente. Greta protestou
diante do Parlamento na capital do país, cercada por 30 manifestantes. Ao todo,
nesta sexta estão previsto 2 mil eventos em 123 países – no Brasil, 20 cidades
têm protestos agendados.

Estudantes protestam na Alemanha nesta sexta (15) pedindo medidas
efetivas contra as mudanças climáticas no movimento internacional 'Friday for
future' — Foto: Jens Meyer/AP
"Não sou a
origem do movimento. Já existia. Precisava apenas de uma faísca para
acender", disse Thunberg, enquanto um manifestante agitava um cartaz com
um jogo de palavras em referência à ativista: "Make the planet Greta
again". "Vivemos uma crise existencial ignorada durante décadas. Se
não agirmos agora, será muito tarde", disse Thunberg.
Desde o ano
passado, Greta já discursou em eventos internacionais como a COP24, a
Conferência do Clima da ONU, em dezembro, e no Fórum Econômico Mundial, em
Davos, na Suíça, em janeiro. Nesta quinta (14), ela foi indicada ao Prêmio
Nobel da Paz por três políticos noruegueses por causa da sua atuação na agenda
ambiental.
Estudantes
de mais de 100 países protestam por atitudes contra mudanças climáticas
Bom Dia Brasil
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Sextas-feiras pelo Futuro
Os jovens saíram de
suas escolas e ocuparam as ruas em cidades como Wellington, Sydney, Bangcoc, Hong
Kong, Kampala, Roma, Recife e Belo
Horizonte aderindo à greve estudantil internacional que deve atingir outras
cidades durante o dia, de Boston a Bogotá, passando
por Daca, Durban, Lagos e Londres, além de outras
cidades do Brasil.
No Recife,
cerca de 30 estudantes se concentraram na Praça do Derby, na
região central da cidade. “Se Greta conseguiu chamar tanta atenção sozinha e
comover diversos países para entrarem no movimento com ela, por que não nos
reunirmos em duas, três ou trinta [pessoas]? Meu sonho é ver a Agamenon
Magalhães inundada de gente mostrando que temos que cuidar do Rio Capibaribe”,
afirma uma das organizadoras, Luciana Naira.

Estudantes no Recife fizeram ato com apelo e alerta para as mudanças
climáticas, na sexta-feira (15) — Foto: Isabela Veríssimo/G1
Em Belo
Horizonte, Minas Gerais, um grupo de cerca de 100 pessoas se reuniu na Praça da
Liberdade com cartazes pedindo mais atenção ao ambiente.
Roberta Scarpelli,
de 17 anos, estudante de Ciências Socioambientais na UFMG, disse que já se
mobiliza em prol das questões ambientais há muitos anos e que, assim que soube
do "Fridays for Future" se empenhou para que ele acontecesse na
capital mineira.
"É importante
participar de iniciativas como essa porque não podemos nos silenciar frente às
atrocidades que são praticadas diariamente contra o nosso planeta. O Brasil
está na iminência de sair do Acordo de Paris e não podemos deixar que isso
ocorra. Precisamos ter leis mais conscientes quanto a mineração para evitar que
crimes como os de Brumadinho e Mariana continuem ocorrendo", diz.
Tulio Silva, de 28
anos, era um dos participantes. “Nenhuma profissão ou formação faz sentido sem
um planeta estável para exercê-la”, diz.


Grupo com cerca de 100 estudantes protesta em Belo Horizonte por medidas
mais efetivas contra as mudanças climáticas. — Foto: Roberta De Abreu Fantini
Scarpelli/Arquivo Pessoal
No Rio
de Janeiro, os manifestantes se reuniram em frente à Assembleia Legislativa
(Alerj). Cerca de 40 jovens, entre 15 e 25 anos, participaram do protesto.

No Rio de Janeiro, o movimento contra as mudanças climáticas reuniu
cerca de 40 jovensem frente à Alerj, no centro da cidade. — Foto: Marcio
Isensee e Sá / O Eco
Na França, onde estão
previstas diversas manifestações, um grupo bloqueou a entrada da sede do banco
Société Générale no bairro de negócios de Paris, com o objetivo de denunciar o
financiamento nocivo da instituição para o clima.
Estudantes protestam perto do Panteão de Paris por medidas contra as
mudanças climáticas nesta sexta (15). — Foto: Lina Conti/Arquivo Pessoal
Nos Estados
Unidos, cerca de 50 estudantes nova-iorquinos se fingiram de mortos em
frente à ONU para exigir ações urgentes contra o aquecimento global.
"Hoje os
jovens dos Estados Unidos declaram o fim da era da negação da mudança climática
(...) Pedimos aos líderes para agir com urgência", disse Villasenor
Alexandria, uma das organizadoras do protesto, de 13 anos.
O presidente Donald
Trump nega o aquecimento climático e retirou os Estados Unidos do Acordo de
Paris, que visa impedir o aumento da temperatura do planeta.
"Peço aos
políticos que reflitam sobre que vai acontecer quando já não estiverem aqui, e
sobre as crianças que sofrerão por causa de suas decisões", disse à AFP
Emma Rose Turoff, de 15 anos.
Em Uganda, muitos jovens não
compareceram às aulas em diversas escolas. O país "sofre deslizamentos de
terra, inundações, onde as pessoas morrem em consequência da mudança
climática", denunciou à AFP Leah Namugera, 14 anos, durante um protesto em
uma estrada entre Kampala e Entebbe.

Estudantes de Cape Town, na África do Sul, aderem ao protesto mundial
que pede ações efetivas dos governantes contra as mudanças climáticas nesta
sexta (15). — Foto: Nasief Manie/AP
Em Amsterdã, cerca de seis mil
estudantes foram às ruas um dia após o governo holandês confirmar as
dificuldades para atingir os objetivos de redução de emissões de CO2.
Na Nova
Zelândia, as escolas advertiram que marcariam a falta dos estudantes.
Na Austrália, o ministro da
Educação, Dan Tehan, também questionou os protestos.
"Que os
estudantes abandonem as escolas durante o horário de aula para protestar não é
algo que deveríamos estimular", disse.
Mas os ativistas
receberam o apoio da primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, que
destacou a importância para as jovens gerações de enviar uma mensagem.

Na Coreia do Sul, menino usa máscara durante protesto que pede ações
efetivas contra as mudanças climáticas nesta sexta (15). Movimento atraiu cerca
de 150 pessoas. — Foto: Lee Jin-man/AP
Josei Mason, uma
estudante de 20 anos da Universidade de Wellington, afirmou que está
"emocionada porque os jovens estão sendo ouvidos e estão se posicionando
neste momento".
"Chamam a
nossa geração de 'slacktivist' (ativistas de sofá) porque é muito fácil dizer
que você vai a um evento em uma página do Facebook, ou que gosta de algo, mas
depois realmente não faz nada".
No Rio de Janeiro, o movimento contra as mudanças climáticas reuniu
cerca de 40 jovensem frente à Alerj, no centro da cidade. — Foto: Marcio
Isensee e Sá / O Eco
Aquecimento persiste
Apesar dos 30 anos
de advertências sobre as graves consequências doa aquecimento global, as
emissões de dióxido de carbono atingiram níveis recorde nos últimos dois anos.
Os cientistas
afirmam que seguir despejando gases que provocam o efeito estufa na atmosfera
ao ritmo atual pode resultar em um planeta impossível de viver.

Estudantes protestam nesta sexta (15) na Dinamarca cobrando medidas
efetivas contra as mudanças climáticas. Um dos cartazes diz que 'Não há planeta
B', alertando sobre a urgência das ações. — Foto: Henning Bagger/Ritzau Scanpix
via AP
"Sobre a
mudança climática, temos que reconhecer que falhamos", disse Thunberg no
Fórum Econômico Mundial de Davos, em janeiro último.
O Acordo de Paris
sobre o clima anunciado em 2015 exige limitar o aumento da temperatura no
planeta abaixo de 2ºC, se possível 1,5ºC.
Atualmente, porém,
o aquecimento do planeta segue a caminho do dobro deste índice.
O Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU advertiu em outubro
passado que apenas uma completa transformação da economia global e dos hábitos
de consumo poderia impedir uma catástrofe climática.
Estudantes protestam em Erfurt, na Alemanha, pedindo medidas efetivas
contra as mudanças climáticas nesta sexta (15). — Foto: Jens Meyer/AP
*Com agências
internacionais. Colaborou G1 PE
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