O prefeito do Rio continua no cargo
até a votação de um relatório que ainda será elaborado por uma comissão
processante. Há seis meses, base aliada teve o dobro dos votos da oposição para
arquivar outro pedido de impedimento.
Por
Gabriel Barreira, Eliane Maria, Pedro Figueiredo e Ricardo Abreu, G1 Rio, TV
Globo e GloboNews

Câmara do Rio votou admissibilidade do impeachment de Crivella — Foto:
Reprodução/Twitter Câmara Oficial
A Câmara de
Vereadores do Rio aprovou, na tarde desta terça-feira (2), a abertura do
processo de impeachment do prefeito Marcelo Crivella(PRB).
Trinta e cinco vereadores votaram pela admissibilidade do processo e 14 contra.
Crivella continua no cargo, mas terá que enfrentar uma investigação.
O vereador
Alexandre Isquierdo (DEM) se absteve e o presidente da casa, Jorge Felippe
(MDB), se declarou impedido, por ser o primeiro na linha sucessória caso o
impeachment seja aprovado no fim do processo. O vice-prefeito, Fernando
Mac Dowell, morreu em maio do ano passado, após um infarto.
A aprovação da
abertura do pedido de impeachment nesta terça-feira dependia apenas da maioria
simples para sua aprovação. Esta é a primeira vez desde a redemocratização do
Brasil que a Câmara de Vereadores do Rio aprova a abertura de um processo de
impeachment contra um prefeito.
Pedidos rejeitados
No ano passado, os vereadores
rejeitaram três pedidos de impeachment contra o prefeito
Marcelo Crivella. Um deles foi pela suspeita de que o prefeito teria oferecido
facilidades em uma reunião com líderes evangélicos no Palácio da Cidade.
Na quinta-feira da semana
passada, um outro pedido de impeachment foi apresentado. No
dia seguinte, o pedido foi recusado pelo
presidente da Casa, Jorge Felippe (MDB). Na ocasião, o
parlamentar afirmou que a denúncia não constituía, em tese, crime de
responsabilidade.
Nesta segunda-feira
(1º), um outro pedido de impeachment foi apresentado na Câmara. O autor
do pedido de impeachment foi
Fernando Lyra Reys, fiscal da secretaria de Fazenda do
município. Ele denunciava o prefeito pelo suposto crime de responsabilidade por
conta da renovação de contratos de mobiliários urbanos em dezembro de 2018.
Esse pedido foi ao plenário nesta terça-feira.
Próximos passos do processo
· Uma comissão processante foi formada após a votação com três vereadores que estavam presentes na sessão. Foram sorteados: Luiz Carlos Ramos Filho (PTN), Paulo Messina (PROS) e Willian Coelho (MDB);
· O presidente da comissão será o vereador Willian Coelho e o relator será Luiz Carlos relator;
· O vereador Dr. João Ricardo (MDB) pediu para que Messina, licenciado da Casa Civil para voltar à Câmara, se declarasse impedido, mas ele não atendeu o pedido;
· O prefeito Marcelo Crivella terá 10 dias para apresentar sua defesa, após a publicação da admissibilidade no Diário Oficial;
· A comissão tem até 90 dias para apresentar um relatório;
· Assim que foi concluído, o documento será levado ao plenário da Câmara e será votado;
· Para ser aprovado, o impeachment precisa do voto de dois terços da Câmara: 34 vereadores;
· Se aprovado, o relatório o prefeito é afastado do mandato. Se rejeitado, o pedido de impeachment é arquivado.
· Até a votação do relatório, Crivella continua no cargo.
· Procurada pelo G1, a prefeitura do Rio ainda não se posicionou sobre o pedido de abertura de investigação contra o prefeito Crivella.
Como foi a votação na Câmara

Por 35 a 14 votos, os vereadores aprovaram a abertura do processo de
impeachment; 2 parlamentares deram seus votos nominalmente e não foi computado
no painel — Foto: Reprodução/Twitter/@camarario
Os discursos na
Câmara começaram às 14h. A sessão para a votação foi aberta às 16h, com a
retomada dos discursos. O pleito, na prática, começou depois das 17h.
Dr Jairinho, líder
do governo na Casa, saiu em defesa do prefeito Marcelo Crivella.
"Nesse momento
difícil, não é hora de condenações prévias. Numa hora tão difícil é hora de
abraço, afago", disse ele. "Crivella precisa terminar seu
mandato", concluiu.
Ele foi acompanhado
pelo bispo Inaldo Silva, do mesmo partido do prefeito, o PRB.
O parlamentar
enumerou obras que, segundo ele, também tiveram os contratos renovados em
outras gestões. Segundo a denúncia, houve crime de responsabilidade por conta
da renovação de contratos de mobiliários urbanos em dezembro de 2018, que
teriam favorecido as empresas OOH Clear Channel e JCDecaux.
A oposição ao
prefeito discursou a favor do impedimento.
"Abrir uma
investigação 'não é uma condenação prévia'. Demorei oito anos para concordar
com o Jairinho: nada disso aqui condena o prefeito. O que precisa acontecer é
avaliar tudo aquilo que está escrito na denúncia", disse o vereador Paulo
Pinheiro (PSOL).
De acordo com a
denúncia, as empresas tinham 20 anos para explorar o serviço e, depois disso, o
material passaria a pertencer ao município. Uma emenda, no entanto, foi
apresentada pelo Poder Público para renovar a concessão, causando prejuízos aos
cofres públicos.
Votaram pela abertura do impeachment
1. Átila Nunes (MDB)
2. Babá (PSOL)
3. Carlo Caiado (DEM)
4. Carlos Bolsonaro (PSC)
5. Cesar Maia (DEM)
6. Dr. Jorge Manaia (SD)
7. Dr. Marcos Paulo (PSOL)
8. Fátima da Solidariedade (PSC)
9. Felipe Michel (PSDB)
10.Fernando William (PDT)
11.Italo Siba (Avante)
12.Jones Moura (PSD)
13.Leandro Lyra (Novo)
14.Leonel Brizola (PSOL)
15.Luciana Novaes (PT)
16.Major Elitusalem (PSC)
17.Marcelino D'almeida (PP)
18.Marcello Siciliano (PHS)
19.Paulo Pinheiro (PSOL)
20.Prof. Célio Lupparelli (DEM)
21.Rafael Aloisio Freitas (MDB)
22.Reimont (PT)
23.Renato Cinco (PSOL)
24.Rocal (PTB)
25.Rosa Fernandes (MDB)
26.Tarcísio Motta (PSOL)
27.Teresa Bergher (PSDB)
28.Thiago K. RIbeiro (MDB)
29.Veronica Costa (MDB)
30.Welington Dias (PRTB)
31.Willian Coelho (MDB)
32.Zico (PTB)
33.Zico Bacana (PHS)
34.Dr. João Ricardo (MDB)
35.Professor
Adalmir (PSDB)
Votaram contra a abertura do impeachment
1. Dr. Carlos Eduardo (SD)
2. Dr. Gilberto (PMN)
3. Dr. Jairinho (MDB)
4. Eliseu Kessler (PSD)
5. Inaldo Silva (PRB)
6. Jair da Mendes Gomes (PMN)
7. Junior da Lucinha (MDB)
8. Luiz Carlos Ramos Filho (PODE)
9. Marcelo Arar (PTB)
10.Paulo Messina (PROS)
11.Renato Moura (PDT)
12.Tânia Bastos (PRB)
13.Tiãozinho do Jacaré (PRB)
14.Vera
Lins (PP)
Abstenção
Alexandre Isquierdo
(DEM)
Impedimento
Jorge Felippe (MDB)
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