Juliana Duarte de Andrade usava os
documentos para abrir empresas de fachada para lavagem de dinheiro e sonegação
de impostos, segundo a polícia. Ela e o marido estão foragidos.
Por
Marina Meireles, G1 PE

Operação Endosso: polícia detalha esquema que movimentou R$ 122 milhões
Durante a Operação
Endosso, que investiga um esquema envolvendo empresas fictícias que
"lavaram" R$ 122 milhões, a Polícia Civil identificou
uma mulher com 11 CPFs falsos como líder da quadrilha. Detalhes da organização
criminosa foram divulgados nesta quarta-feira (31).
Segundo a polícia,
Juliana Duarte de Andrade usava os cadastros ilegais para abrir as empresas que
participaram do processo e está em Lisboa, em Portugal, desde o dia 20 de julho.
"Ela é a
responsável pela emissão de notas fiscais falsas e usa os CPFs diferentes para
abrir empresas diferentes. Ela e o marido são operadores financeiros",
afirma a delegada Priscilla von Sohsten, à frente das investigações.
O marido de
Juliana, Robson Félix da Silva, também está foragido e as equipes buscam
informações sobre o local onde ele está. Devido à localização internacional de
Juliana, a Interpol deve
ser acionada pela Polícia Civil até a segunda semana de agosto.
Além dos mandados
de prisão para esses dois foragidos, a polícia também emitiu outros oito
mandados para pessoas identificadas como “laranjas”, chamadas para as
sociedades de sete empresas fictícias.
"Essas pessoas
receberam uma quantia em dinheiro, mas não tinham poder aquisitivo para serem
sócias desses empreendimentos. Elas foram presas temporariamente para prestar
esclarecimentos", afirma Priscilla.

Polícia Civil detalhou esquema descoberto pela Operação Endosso nesta
quarta-feira (31) — Foto: Marina Meireles/G1
As empresas falsas,
todos do ramo alimentício, foram criadas em 2017 e chegaram a fechar contratos
com cinco empresas reais, nos estados de Pernambuco e Sergipe. Ao todo, nove mandados de busca e
apreensão foram cumpridos na terça (30), nos cinco endereços dos
empreendimentos.
"Esse esquema
foi descoberto a partir de autos de infração emitidos pela Secretaria da
Fazenda. Não sabemos se há alguém específico que participa dessa prática nas
empresas, mas é isso que vamos investigar", diz a delegada.
As empresas reais
citadas pela Polícia Civil são as seguintes:
· Engarrafamento Pitú LTDA
· Construtora Andrade Guedes
· Cupira Atacarejo Bebidas e Alimentos LTDA
· DS Distribuidora Comércio Importação e Exportação de Hortifruti LTDA
·
Megga Distribuidora LTDA
De acordo com o
diretor de operações estratégicas da Secretaria da Fazenda de Pernambuco, Luiz
Rodolfo de Araújo, a Sefaz teve suspeita a partir do cruzamento de informações.
“Foi possível identificar pelo bairro, pelo sócio, algumas características que
levaram às diligências da Sefaz”, diz.
O dinheiro, segundo
a Polícia Civil, poderia ser empregado na construção de quatro hospitais
públicos, com sobra de R$ 12 milhões. “É um dinheiro que poderia ser usado na
saúde, na educação, nos serviços públicos”, afirma a delegada.
Respostas
Em nota divulgada
na terça (30), a Pitú apontou que "está, como sempre esteve, à disposição
para colaborar com o poder público, prestando informações e documentos que são
solicitados, não tendo sido alvo de nenhum mandado de prisão".
A engarrafadora
afirmou, ainda, que "tem em sua cultura empresarial a retidão de
comportamento, o respeito às leis e o compromisso de cumprir todas".
O G1 tenta contato com as outras
empresas citadas pela Polícia Civil.
Blog do Paixão