Ideia é utilizar espaços poucos
aproveitados em prédios ou terrenos para garantir frutas e hortaliças
sustentáveis para moradores dos principais centros urbanos.
Por
Globo Rural

Empresas e ONGs transformam apostam em hortas urbanas em São Paulo
A agricultura
urbana é uma atividade que está crescendo nas grandes cidades brasileiras. Na
maior delas, São Paulo, é um
negócio que promove inovação, atrai investimentos, gera lucros e novas
oportunidades de trabalho.
A ideia de produzir
na cidade alimentos para quem vive nela é uma forma também de incentivar a
consciência ambiental nas pessoas.
Em São Mateus,
bairro da periferia da capital paulista, já não sobram muitos espaços livres,
mas embaixo de uma grande linha de transmissão de energia, uma área onde não se
pode construir, é possível plantar.
A agricultura
Sebastiana Helena de Farias que o diga. Ela nasceu na roça de Pernambuco e veio
para a capital paulista nos anos 1970. Trabalhou em restaurante, foi empregada doméstica
e há quase 10 anos se reinventou.
Sebastiana trabalha
em um projeto que reúne outros pequenos produtores que conta com apoio da
Prefeitura e da empresa dona da área de 8 mil metros quadrados. Ela produz
couve e repolho sem o uso agrotóxicos, tudo direto da terra para o consumidor e
com um preço acessível.
Em um terreno
vizinho à plantação existe uma área que também passou por essa transformação.
Um ano atrás ele só acumulava mato alto e entulho, mas o local passou por uma
mudança radical.
Atualmente são tiradas das hortas do terreno, em média, 38 mil pés de
alface a cada dois meses e meio. A produção é vendida para uma grande empresa
que fornece saladas para restaurantes e hospitais.
Com isso, não foi
só a paisagem da região que mudou. A vida de quem trabalha por lá também não é
mais a mesma. A horta é iniciativa da ONG Cidades Sem Fome, que repassa 80% da
renda aos pequenos agricultores, que recebem, em média, R$ 2 mil reais por mês.
O trabalho é
coordenado pelo produtor Ricardo Sato, o único que tem experiência no ramo, com
mais de 30 anos de atividade. Para ele, não existe terra improdutiva, tudo
depende do manejo.
“Só botar o que ela [terra] precisa é suficiente. No meio da cidade
também se consegue produzir”, afirma Sato.
O presidente da
ONG, Hans Dieter Temp, é ambicioso. Ele quer implantar mais hortas deste
formato no terreno. "O desafio é fazer um aproveitamento melhor do espaço
urbano. O que eu quero é que esta região vire uma referência em agricultura
urbana."
Alimento produzindo alimento
Quem come na praça
de alimentação de um grande shopping center localizado no bairro Jardins nem
imagina, mas tudo que sobra nos pratos não vai necessariamente para o lixo.
Parte do trabalho dos funcionários da limpeza é reciclar.
Os sacos marrons
identificam tudo que é orgânico. Eles são reunidos e transportados para o
subsolo. O conteúdo passa por uma última inspeção, é recolhido em baldes e vai
para dentro de uma grande composteira. Misturado com cal e serragem, os restos
de alimentos se transformam em um substrato rico para cultivo.
“Hoje a gente já consegue reciclar 77% de todo o lixo do shopping, sendo
que, da parte orgânica, é praticamente 100%”, explica o superintendente Sergio
Nagai.
A cobertura do
shopping ganhou uma horta que é pioneira na cidade. Ela tem mais de 20 tipos de
vegetais, todos cultivados com o substrato que veio da praça de alimentação.
Já na zona oeste da
cidade, a agricultura urbana é feita em ambiente fechado, dentro de um galpão
próximo à Marginal Tietê, uma das principais vias da cidade de São Paulo.
Para produzir
alimentos no local são necessárias milhares de lâmpadas azuis e vermelhas, uma
combinação que reproduz somente a parte necessária da luz do sol.
O agrônomo Adilson
Nunes da Silva explica que a iluminação é suficiente para que a planta realize
a fotossíntese. Para garantir água para as plantas, a produção é hidropônica.
Os pés de alface são cultivados em água enriquecida com nutrientes.
"A diferença
primordial é que a gente cria um ambiente de acordo com as necessidades das plantas.
Na hidroponia convencional, eles dependem dos fatores climáticos, naturais,
externos", afirma Silva.
O ambiente também
permite um ciclo mais rápido: 35 dias, metade do tempo de uma horta
convencional. E é um produto para se consumir direto, ao abrir o pacote, não é
preciso nem lavar.
A produção ainda
está no início, mas existe planejamento para crescer rápido. O engenheiro
Rafael Pereira Delalibera e dois sócios fundaram em 2016 a empresa responsável
pela produção. Com apoio milionário de investidores, eles querem expandir.
"Com quatro torres de produção, a gente está estimando uma produção
de 30 até 35 toneladas por ano. Isso ai daria uma faturamento estimado de R$ 3
milhões. Mas o plano, no futuro, é fazer uma nova fábrica com três, quatro
vezes mais da capacidade desta", diz Delalibera.
"A gente faz
hortaliças mas sabe que é possível fazer morango, tomate, outras frutinhas, né?
É foco da empresa no curto prazo expandir para outros tipos de produção",
conclui.
Blog do Paixão