Dezoito dos 20 municípios com maior taxa de assassinato se localizam nas regiões Norte e Nordeste, que viraram foco de disputa entre facções criminosas

Cidades mais violentas têm taxas de homicídio superior a 130 por 100.000 habitantes (iStockphoto/Getty Images)
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta segunda-feira o ranking dos municípios mais violentos do país que têm população superior a 100.000 habitantes. Maracanaú, no Ceará, é a cidade brasileira com a maior taxa de homicídio (145,7), seguida por Altamira (133,7), no Pará, e São Gonçalo do Amarante (131,2), no Rio Grande do Norte. O levantamento foi feito em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e se baseia nos dados de mortes violentas de 2017.
O coordenador do estudo, Daniel Cerqueira, destacou que, das 20 cidades mais violentas, 18 se localizam no Norte e Nordeste. Nos últimos anos, as duas regiões se tornaram um importante corredor do tráfico de drogas para as facções criminosas, como Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho (CV) e Família do Norte (FDN), que travam batalhas sangrentas pelo domínio do território. A cocaína geralmente é produzida nos países vizinhos Bolívia e Peru, que tem mais de 1,4 mil quilômetros de fronteira com o Brasil. A droga atravessa a área brasileira pelos rios da floresta amazônica, até chegar aos portos da costa nordestina, de onde é enviada por navios para Europa e África.
De acordo com a pesquisa, outro fator determinante para o elevado número de mortes violentas nessas duas regiões é o fato de terem a maior quantidade de jovens, entre 15 e 24 anos, que não estudam e não trabalham, ficando desta forma vulneráveis à influência das facções. “Esses são exatamente os indivíduos principais a serem focalizados em qualquer programa de enfrentamento à criminalidade”, diz o estudo do Ipea, que é vinculado ao ministério da Economia.
A pesquisa também captou um “movimento de interiorização e espraiamento” do crime, uma vez que a taxa de homicídios cresceu muito mais em municípios menores do que nos maiores. Segundo a pesquisa, entre 2007 e 2017, ocorreu um aumento de 51,5% na taxa de mortes violentas em municípios com menos de 100.000 habitantes, e de 14,5% em cidades médias que têm entre 100.000 e 500.000 moradores. Nas cidades com mais de 500.000 pessoas, a alta ficou em 3,4%.
Na lista das capitais mais violentas, está Fortaleza em primeiro lugar, com taxa de 87,9, seguida por Rio Branco, 85,3, e Belém, 74,3. Chamou a atenção dos pesquisadores o caso de Florianópolis, que, apesar de ter um índice de homicídios de 30, sofreu um aumento de 70,9% na taxa entre 2016 e 2017.
As dez cidades com maiores taxas homicídios por 100.000 habitantes:
1- Maracanaú (CE) – 145,7
2- Altamira (PA) – 133,7
3- São Gonçalo do Amarante (RN) – 131,2
4- Simões Filho (BA) – 119,9
5- Queimados (RJ) – 115,6
6- Alvorada (RS) – 112,6
7- Marituba (PA) – 100,1
8- Porto Seguro (BA) – 101,6
9- Lauro de Freitas (BA) – 99,0
10- Camaçari (BA) – 98,1
As 10 cidades com menores taxas estimada de homicídios:
Jaú (SP) – 2,7
Indaiatuba (SP) – 3,5
Valinhos (SP) – 4,7
Jaraguá do Sul (SC) – 5,5
Brusque (SC) – 5,8
Jundiaí (SP) – 6,1
Limeira (SP) – 7,7
Americana (SP) – 7,7
Bragança Paulista (SP) – 7,7
Santos (SP) – 7,8
Taxa estimada de homicídios das capitais brasileiras:
Fortaleza (CE) – 87,9
Rio Branco (AC) – 85,3
Belém (PA) – 74,3
Natal (RN) – 73,4
Salvador (BA) – 63,5
Maceió (AL) – 60,2
Recife (PE) – 58,4
Aracaju (SE) – 57,4
Manaus (AM) – 55,9
Macapá (AP) – 54,1
Boa Vista (RR) – 48,9
Porto Alegre (RS) – 47,0
São Luís (MA) – 46,9
Goiânia (GO) – 40,7
Teresina (PI) – 39,4
João Pessoa (PB) – 38,9
Porto Velho (RO) – 36,0
Rio de Janeiro (RJ) – 35,6
Palmas (TO) – 33,5
Vitória (ES) – 30,6
Florianópolis (SC) – 30,0
Cuiabá (MT) – 28,8
Belo Horizonte (MG) – 26,7
Curitiba (PR) – 24,6
Brasília (DF) – 20,5
Campo Grande (MS) – 18,8
São Paulo (SP) – 13,2
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