Jameson Nascimento, diretor da 2G
Turismo, disse que oscilação do câmbio dificultou pagamento para associação de
escolas.
Por
Mônica Silveira e Pedro Alves, TV Globo e G1

Empresa diz que vai honrar dívida com escolas do Canadá referentes a
Ganhe o Mundo
O diretor da
empresa 2G, acusada pela Associação de
Escolas Públicas do Canadá de dever 2 milhões de dólares canadenses referentes
a intercâmbios de estudantes do Programa Ganhe o Mundo, se defendeu das
alegações, neste sábado (10).
Segundo Jameson
Nascimento, o valor equivale a 1,69 milhão de dólares canadenses e a dívida
ocorreu por causa de uma oscilação entre o valor repassado pelo governo
pernambucano, previsto em licitação, e o valor do câmbio na época da viagem dos
estudantes.
Na sexta-feira (9),
a diretora da associação canadense, Bonnie McKie, declarou que não receberia mais estudantes
inscritos no programado governo do estado, por causa da dívida
com a empresa. Em reais, o valor que a entidade estrangeira diz que a empresa
está devendo equivale a quase R$ 6 milhões.
O valor que Jameson
Nascimento diz dever, no entanto, seria de R$ 4,835 milhões e é referente às
viagens de 495 alunos do segundo semestre de 2018 e do primeiro semestre de
2019.
Nascimento também
afirma que fez um acordo com as escolas, para pagar a dívida em parcelas entre
setembro de 2019 e fevereiro de 2020. Ele diz que repassou para o Canadá todo o
dinheiro que recebeu da Secretaria de Educação de Pernambuco, por ter vencido a
licitação.
"Reconheço a
dívida. O que ocorreu é que, em 2018, entramos num impasse muito grande, sobre
enviar ou não os meninos, uma vez que o contrato fechado com o governo não
cobriria todas as despesas. Optamos por levá-los, entramos em contato com os
nove distritos no Canadá e informamos que só teríamos condições de pagar 50% do
que tínhamos acordado. Fizemos um plano de pagamento escalonado até agosto de
2019 e todos os distritos aceitaram", afirma.
Segundo Nascimento,
a 2G participa do Programa Ganhe o Mundo desde 2013 e, desde então, levou mais
de 2 mil estudantes também para países como Colômbia, Austrália, Nova Zelândia
e Espanha.
Ainda segundo
Jameson, a 2G pediu ao governo para reajustar o valor passado na licitação, com
base na oscilação cambiária. "Entramos com um pedido junto ao governo do
estado para fazer um reequilíbrio do que foi nosso contrato de 2018-2019. O
governo não disse que concordava, apenas pediu a documentação e iria
estudar", diz.
Por telefone, a
assessoria de comunicação da Secretaria de Educação disse que o governo está
analisando o pedido de reequilíbrio econômico feito pela 2G.
Documentação
Segundo a
associação, alguns estudantes do Ganhe o Mundo chegaram ao país da América do
Norte sem documentação. O Ganhe o Mundo oferece vagas para intercâmbio em
países de línguas estrangeiras. Os estudantes podem escolher cursos na
Argentina, Chile, Espanha, Colômbia, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e
Austrália.
Sobre os problemas
com a documentação, alegados pela associação canadense, Jameson Nascimento
negou e afirmou que um distrito descumpriu o que havia sido acordado com a
empresa, ao negar receber 50% do valor devido e não o valor integral e que não
receberia os jovens pernambucanos.
"No dia do
embarque, uma dessas nove entidades nos telefona e exige o pagamento integral.
O proprietário do distrito foi enfático ao dizer que os meninos não entrariam
no Canadá e que eles deportariam essas crianças se eu não depositasse. Não cedi
à chantagem e disse que levaria a público. Não fiz e tomei a atitude de, os
meninos em vôo, procurar outros distritos. Como o Ganhe o Mundo é um programa
muito forte, gigantesco, conseguiu realocar os 14 meninos que esse senhor,
levianamente, disse que não receberia", afirma.
Licitação
Também na
sexta-feira (9), a diretora da Associação de Escolas Públicas do Canadá, Bonnie
McKie, informou que estava preocupada com o fato de um dos sócios da 2G Turismo
ter constituído uma nova empresa, a You Viagens & Turismo, para se
inscrever na licitação para o Ganhe o Mundo, em 2020.
Jameson Nascimento
confirmou o fato e disse que está concorrendo à licitação com uma empresa
chamada You Turismo, já que a 2G pertenceria também à sua família.
"Somos um
grupo familiar. A 2G não é minha oficialmente. Sim, estou me candidatando,
licitamente, porque a You, que é, de fato, minha, é uma empresa séria, correta,
com toda a visibilidade, com sede própria, física, e não teria nenhum problema
em levar os meninos", diz o diretor da empresa.
Sobre a
possibilidade de não poder honrar os futuros contratos, que ocorreriam caso ele
vencesse a licitação, Jameson Nascimento diz que, no novo processo licitatório,
o governo reajustou o valor a ser repassado, e por isso a You Turismo seria
capaz de enviar os estudantes.
"Diferente do
que ocorreu lá atrás, o governo entendeu e fez uma equiparação a todas as
perdas cambiais que houve no passado. O valor do contrato anterior sofreu um
acréscimo agora e com isso nós não teríamos o mesmo problema. Sem falar que
esses sete distrito que fazem parte do grupo que quer receber os meninos têm um
passivo conosco e nós vamos liquidar cada centavo", declara Jameson.
Entenda o caso
Os estudantes
interessados em participar do programa Ganhe o Mundo devem estudar na rede
estadual e passar por uma seleção. O Canadá recebe, em média, 460 pessoas a
cada ano, de acordo com o governo do estado.
Na sexta-feira (9),
Bonnie McKie, diretora da Associação de Escolas Públicas do Canadá, disse que a
decisão de não receber mais estudantes do Ganhe o Mundo estaria em vigor até
que as instituições recebam o dinheiro que está sendo devido pela empresa 2G.
A associação
liderada por McKie atua em 130 distritos do país. As divisões de escolas
públicas canadenses matriculam mais de 40 mil estudantes internacionais a cada
ano.
A 2G Turismo venceu
a licitação aberta pelo estado para participar do programa entre 2018-2019, no
lote do Canadá. Com esse dinheiro, são custeadas todas as despesas do
estudantes, incluindo educação e hospedagem.
Na entrevista,
Bonnie Mckie afirmou que, em nenhum momento, contou com suporte do governo de
Pernambuco nem da embaixada para resolver as pendências financeiras com a
empresa 2G. Ela também disse que ocorreram problemas durante a vigência do
contrato com a vencedora da licitação.
As queixas da
Associação Escolas Públicas do Canadá começaram em março deste ano. No dia 30
daquele mês, Mckie enviou uma carta ao governador Paulo Câmara (PSB) apontado
problemas com a 2G Turismo.
Também na
sexta-feira, o secretário de Educação de Pernambuco, Frederico Amâncio, disse
que a postura da associação de escolas públicas do Canadá, de que não vai mais
aceitar estudantes, não prejudicará o Programa Ganhe o Mundo. Segundo ele, há
outras associações desse tipo naquele país, que podem fazer parte da
iniciativa. Sobre os problemas entre a 2G e a associação, ele afirmou que se
trata de uma questão envolvendo dois entes privados.

Associação de escolas do Canadá diz que não vai mais receber alunos do
Ganhe o Mundo
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