
Certo
dia ao encontrar um amigo, pai de outros amigos, desorientado, confuso e sem
direção, pedi a minha esposa que fosse até à casa dos seus filhos avisá-los enquanto
eu o entretinha. Sentei-me junto a ele sobre os degraus do portão de uma residência
e logo a proprietária apareceu e percebi que interrompia a passagem e meio sem jeito
disse-lhe que havia ocupado o seu espaço para não deixar aquele homem perturbado
fugir até que chegassem seus familiares. Grosseira, irredutível e sem demonstrar um gesto de humildade,
ela deu de ombro e como notamos que ela não tinha nenhuma intenção de se comover
com aquela situação e muito menos em demonstrar simpatia ou pena, fui para a rua
segurando na mão do meu velho amigo. Logo apareceu os seus familiares que o
levaram para casa. Ele faleceu poucos dias depois. Essa semana, me deparei com
a mesma criatura em uma situação diferente, mas que precisava da mesma atitude,
agora acompanhada do seu companheiro e sendo mero coadjuvante de cena, percebi
a mesma arrogância, petulância, inflexibilidade e a mesma falta de solidariedade nas atitudes de ambos, quando
a mesma não consegue nem dizer as palavras mágicas: bom dia, boa tarde,
por favor, tudo bem...
E por
que eu me debruço em tal dissertação?
Apesar
de ser agnóstico (sou adepto da dúvida) eu sempre vou à Igreja Católica e fico
a observar sempre aquelas duas “criaturas de Deus”, uma às vezes cantando no coral, a outra
vestindo a camisa da Imaculada Conceição, e me pergunto, mesmo nas minhas
dúvidas inconstantes: o que Deus e a Igreja têm feito na vida daqueles personagens
tão ruins de coração, tão insensíveis, tão indelicados?
Fui
buscar resposta na “Parábola do Joio e do Trigo” já que as minhas dúvidas não
são como fragmentos de taças quebradas em que não podem recompor, mas apenas
juntar para quem sabe ser reaproveitados, e compreendi que o joio precisa
crescer junto ao trigo até a colheita e que Jesus se põe a explicar cada
elemento que aparece na parábola. Bom que os cidadãos dos quais tive contato
por duas vezes e nem quero saber como convivem, participam ou colaboram com as comunidades
católicas, exteriorizam toda sua ira para com seus irmãos sem demonstrar nenhum
sentimento, afeto ou compaixão com o outrem (não importa a qual religião pertença)
não seja o joio frutificando e contaminando o trigo como uma praga cruzada, mas
apenas o resquício da falta de amor, ou do próprio amor que ainda não puderam absolver,
sendo consumidos pelo ódio, rancor e tantos outros pecados que mesmo não entendendo
nada, estão impregnados em suas almas.
Costumo
receber os protestantes, evangélicos em minha casa para longas conversas e sou crente que
aquilo me faz muito bem. São conselhos, conversas prazerosas, palavras que
posso comungar com minha família e a bondade e o respeito que tenho em abrir as
portas da minha morada para recebe-los e tratá-los sempre bem. Mas minha preocupação com a disseminação do joio consumindo o trigo, está em todas as entidades religiosas e não especificamente na católica. Estamos assistindo a montagem desenfreada de um esquema econômico em nome de Deus e isso, não é buscando salvação ou a pregação da palavra bíblica, mas do desejo de atrair fiéis para o consumismo da consolidação dos desejos pessoais.
Não
sei como as pessoas de coração duro podem multiplicar o amor dentro de uma
Comunidade, em uma Igreja, em uma Pastoral, numa missão de Deus, num Terço,
numa Renovação, em um encontro de casal, em um retiro, contribuindo com as ações da igreja (que tem sido muitas) enfim, busco essas respostas e a tenho
na bondade de um padre que poderia citar aqui sem medo de errar: o atual pároco
da Paróquia Imaculada Conceição que demonstra (e eu escuto muito bem os seus
sermões) tanto em ações como em palavras que a religião estar para transformar
as nossas vidas.
Por
isso que ainda acredito que enquanto o joio não contaminar por completo o
trigo, ainda existe a esperança para todos nós.
Um
abraço nos católicos, protestantes, evangélicos, ateus, agnósticos, muçulmanos, espíritas...e que o "AMOR" consiga transformar as pessoas de coração petrificado em seres mais amorosos e com o sentimento de irmandade.
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