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As inscrições se encerrarão no dia 13 de janeiro de 2020
Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil Rio de
Janeiro
O
Programa Oportunidades Acadêmicas, oferecido há 13 anos pelo EducationUSA,
órgão oficial do governo norte-americano para a realização de cursos de
graduação nos Estados Unidos, abre inscrições no próximo dia 19 para estudantes
brasileiros do ensino médio que desejam estudar naquele país. As inscrições se
encerrarão no dia 13 de janeiro de 2020.
O
programa é exclusivo para estudantes de baixa renda, sem condições financeiras
para ingressar em universidades americanas, mas que tenham desempenho em seus
colégios acima da média e que apresentem um diferencial em relação aos demais
alunos. A coordenadora e orientadora do Programa Oportunidades Acadêmicas,
Simone Ferreira, informou hoje (16) à Agência
Brasil que o programa procura alunos que não tenham condições
financeiras para pagar pelo processo de candidatura, mas que apresentem perfil
bastante competitivo. “São alunos que têm notas muito boas na escola, têm bom
nível de inglês, estão envolvidos em atividades extracurriculares e mostram
perfil de liderança em suas comunidades”.
Desde
2006, o programa seleciona alunos com esse perfil. Uma vez selecionados, eles
têm todas as despesas relacionadas à candidatura pagas pelo programa, incluindo
material de estudo para testes, visto, transporte (passagem aérea) para deslocamentos
de cidades do interior para capitais onde há centros aplicadores de provas do
programa no Brasil, acomodação para a realização das provas, alimentação, além
de isenção de várias taxas referentes ao envio de documentos de aplicação,
tradução de documentos acadêmicos e provas SAT/ACT, Subject Test, TOEFL/IELTS.
“Uma vez
que entrem no programa, eles vão receber toda orientação para fazer uma
candidatura sólida para as universidades americanas. O programa vai pagar por
essa candidatura e apoia os estudantes selecionados por meio dos 41 centros
orientadores que tem no Brasil”. Os alunos aprendem a fazer redações em inglês.
“O programa trabalha com esses alunos para que façam uma ótima candidatura e
para que as universidades deem uma bolsa 100% gratuita”. Nos 13 anos de
existência, o Programa Oportunidades Acadêmicas já beneficiou mais de 300
estudantes brasileiros, embora nem todos tenham conseguido bolsa integral. O
programa existe em mais de 50 países.
Oportunidades
O
estudante interessado deve preencher um formulário online em
inglês no site , e enviar documentos que
comprovem seu bom desempenho acadêmico, além de outros relativos à condição
financeira da família. Ao ser selecionado para ingressar no programa, o aluno
recebe orientação. Em geral, as atividades começam em março e se estendem até
janeiro do ano seguinte, que é o período de candidatura. O estudante recebe
orientações em grupo e online. “A gente ensina ao aluno como fazer
carta de recomendação para os professores, para a escola, tudo que a pessoa
precisa fazer”. A candidatura é feita no final do ano. Simone Ferreira disse
que em abril de 2020 sairão os resultados. Os aprovados começarão a estudar nos
Estados Unidos em setembro do próximo ano, porque lá o período letivo vai de
setembro a maio.
Uma vez
aceito na universidade americana, o aluno passa para outra fase do programa,
que envolve passagem para os Estados Unidos e outras despesas, como visto, por
exemplo. As provas da candidatura são feitas no Brasil. “Os alunos são muito
bons”, assegurou Simone. “Eu trabalho com o programa desde 2011 e ele é minha
menina dos olhos. É muito bacana, é um prazer enorme”.
Os
estudantes de baixa renda já graduados que quiserem fazer pós-graduação,
mestrado ou doutorado nos Estados Unidos também são contemplados pelo programa.
Para esses, as inscrições serão abertas até o final do ano. A data, contudo,
ainda não foi definida. Os graduados passam pelo mesmo processo que os alunos
do ensino médio. Têm que ter perfil empreendedor, ser motivados, estar
envolvidos em atividades extracurriculares e terem um bom inglês. Segundo
Simone, muitos dos estudantes aprendem inglês sozinhos, no ‘you tube’, em
cursos gratuitos.
Giullia
Quando
participava do projeto Jovens Embaixadores, promovido pela embaixada americana
no Brasil, que leva anualmente estudantes da rede pública de baixa renda para
intercâmbio nos Estados Unidos durante três semanas, Giullia Jaques Caldeira
assistiu uma palestra sobre o Oportunidades Acadêmicas em Brasília, quando se
preparava para a viagem junto com outros jovens, e resolveu se inscrever.
“Vários jovens que estavam ali tinham interesse em estudar fora e planejavam se
inscrever. Eu fiquei tão animada que decidi me inscrever também”. A
solidariedade que experimentou entre os Jovens Embaixadores motivou Giullia a
se candidatar ao programa, disse à Agência
Brasil.
Giullia
concluiu o ensino médio no ano passado, no Colégio Pedro II, em Duque de
Caxias, Baixada Fluminense. Enquanto participava do intercâmbio, foi
selecionada para gravar um vídeo no qual tinha que vender alguma coisa. “Decidi
gravar um vídeo vendendo brigadeiros que é a coisa que eu mais sabia vender”.
Em menos de duas semanas depois de regressar do intercâmbio, foi chamada para
uma entrevista. “Eu fiquei o tempo todo em alerta, perto do telefone”.
Giullia
se candidatou à bolsa em oito universidades americanas, mas suas preferidas são
a Babson College (Massachusetts) e a Minerva Schools (São Francisco,
Califórnia). Ela pretende cursar ciências políticas, com especialização nos
direitos e estudos das mulheres e estudo da América Latina. Ela já fez as
provas e espera receber o resultado dessas duas instituições até 15 de
dezembro, com bolsa total.
A jovem
está visitando alguns presídios localizados no Rio de Janeiro, como o Talavera
Bruce, em Bangu, zona oeste da capital, para conhecer a realidade das mulheres
e pesquisar sobre suas necessidades, visando devolver a autoestima das
detentas.
Transformação
Graças ao
Programa Oportunidades Acadêmicas, Giovani Rocha e Raniery Mendes tiveram suas
vidas transformadas. Giovani Rocha vem de uma família de baixa renda, se tornou
Jovem Embaixador pela Embaixada dos EUA no Brasil e alcançou o doutorado em
ciências políticas na ‘University of Pennsylvania’, através do Oportunidades
Acadêmicas. Atualmente, ele é consultor de políticas educacionais no Banco
Mundial e na Fundação Lemann, em um projeto relacionado à diversidade, informou
o ‘EducationUSA’ por meio de sua assessoria de imprensa.
Já
Raniery Mendes é estudante da ‘Wake Forest University’, classe de 2022. Como
Giullia, ele também foi aluno do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro e
enfrentou dificuldades financeiras. Raniery participou de diversas feiras de
ciências e eventos acadêmicos até ser aceito no Programa Oportunidades
Acadêmicas. O auxílio financeiro que recebeu e a orientação ao longo de todo o
processo de candidatura foram fundamentais para que atingisse seu objetivo. Por
meio do programa, ele foi aceito na universidade americana com bolsa integral,
para estudar relações internacionais e economia.
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