Por Pedro Ivo de Oliveira - Repórter da Agência Brasil Brasília

O Brasil
atingiu um indicador inédito em 2019: pela primeira vez, pessoas que se
identificam como pretas ou pardas superaram os autodeclarados brancos nas
universidades federais. De acordo com a pesquisa Desigualdades Sociais por Cor
ou Raça Brasil, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), os pretos ou pardos somam 50,3% dos alunos regularmente matriculados no
ensino superior público.
Os dados,
porém, não refletem necessariamente a percepção dos negros em relação a acesso
ao espaço universitário. “Eu acho que a semana da Consciência Negra está aí
exatamente para provar que esses dados não são verdadeiros. Eu, pessoalmente,
não acredito em notícias assim. É pura desinformação”, afirma Filipe Davi
Cardoso dos Santos, estudante de filosofia da Universidade de Brasília (UnB).
A
pesquisa mostra que pode haver motivo para Filipe não perceber o avanço. Apesar
do número de estudantes dessa parcela populacional ter aumentado, o abandono
dos cursos ainda é alto - 28,8% desses alunos não chegarão a graduação.
Semana da
Consciência Negra
A Agência Brasil coletou depoimentos de
estudantes sobre a percepção geral sobre o ensino superior no Brasil e sobre a
Semana da Consciência Negra. Assista abaixo:
Homicídios
O estudo
mostra, ainda, que as dificuldades da população preta ou parda vão além do
acesso ao estudo superior. A taxa de homicídios nesse grupo, na faixa etária de
15 a 29 anos, é de 98,5 por 100 mil habitantes. Pessoas da mesma faixa etária
que se identificam como brancas contabilizaram 34 homicídios por 100 mil.
“Somos uma população constantemente ameaçada. Sofremos com a violência urbana e
a violência doméstica. O nosso sangue ajudou a fundar esse país. E ainda assim
as pessoas pretas não têm políticas públicas necessárias para nos tirar da
margem da sociedade”, afirma a estudante de Ciências Sociais Ramara Catarine da
Silva.
Representatividade
A
população preta ou parda - correspondente a 55,8% dos brasileiros - não elege
pessoas da mesma cor. Na esfera federal, 24,4% dos deputados eleitos se
declaram pretos ou pardos. O cenário se repete nos estados: 28,9% dos
representantes públicos pertencem ao grupo demográfico majoritário. "Esses
indicadores de representação são importantes para monitorar como os grupos
minoritários se inserem em espaço de tomada de decisão", afirmou a
analista de População e Indicadores Sociais do IBGE, Luanda Botelho.
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