Presidente da Câmara Municipal é um dos alvos. Investigações miram suspeita de desvio de verbas de gabinete e de fraude em contrato de segurança.
Por G1
Triângulo e Alto Paranaíba e MG1

Dezenas
de vereadores da Câmara Municipal de Uberlândia foram presos em duas operações
— Foto: Reprodução/Facebook/Câmara de Uberlândia
Vinte vereadores de Uberlândia, no
Triângulo Mineiro, foram presos nesta segunda-feira (16) em duas operações do
Ministério Público de Minas Gerais contra irregularidades na Câmara Municipal
da cidade.
Dezenove vereadores foram presos na ação
principal, batizada de "Má Impressão", que apura desvio de verbas de
gabinete por meio de serviços de impressão.
O vigésimo foi alvo da Operação
"Guardião", que investiga fraude num contrato de
vigilantes da Câmara.
A polícia ainda tenta cumprir mandado de
prisão contra um 21º vereador, Vilmar Resende (PSB), alvo da Má Impressão que
não havia sido detido até as 13h.
Desses 21 vereadores, 19 estão em
exercício e dois afastados – a Câmara de Uberlândia tem 27 cadeiras e 30
vereadores (27 em exercício e 3 afastados).
O presidente da Câmara, Hélio Ferraz, o
Baiano (PSDB), é alvo das duas operações. A defesa dele informou que ainda está
tomando ciência do caso.
O G1 fez
contato com as defesas de outros 4 citados (veja abaixo o que eles disseram) e,
até a última atualização desta reportagem, tentava contato com os
representantes dos demais envolvidos.

Materiais
sendo apreendidos em gabinetes de vereadores na Câmara de Uberlândia — Foto:
João Ricardo/G1
Uso de
notas fiscais frias de gráficas
A operação Má Impressão investiga desvio
de recursos da verba indenizatória de
gabinete da Casa por meio de
uso de notas fiscais frias de gráficas, segundo o Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-MG.
"Tivemos nesses últimos três anos 17,5 milhões de informativos impressos por esses vereadores, que corresponde a 35 informativos por eleitor. Obviamente esse número é irreal, se fizer pesquisa percebemos que muitas pessoas nas ruas não receberam informativos", disse o promotor de Justiça Daniel Marotta Martinez.
Ainda segundo o promotor, durante
a operação “O Poderoso
Chefão”, o dono de uma gráfica
afirmou ter uma empresa de fachada utilizada para desvio de verbas
indenizatórias. Com base nestas informações, o Gaeco começou a verificar quais
outras gráficas eram utilizadas pelos parlamentares já presos.
“De janeiro de 2017 a dezembro de 2019
os vereadores gastaram mais de R$ 4 milhões em serviços de impressões.
Constatamos que essas gráficas não tinham capacidade de prestar esse tipo de
serviço que estão nas notas. Não se compravam insumos usados. Algumas
funcionam, sim, regularmente, mas não compravam material suficiente dos
descritos nas notas fiscais. As notas são rigorosamente do mesmo valor para
vereadores diferentes", explicou.
Fraude em
contrato de vigilância
A Operação Guardião investiga fraude na
execução no contrato de vigilantes firmado pela Câmara Municipal.
Foram cumpridos mandados de prisão
temporária contra os vereadores Alexandre Nogueira, Juliano Modesto e Hélio
Ferraz, e prisão preventiva contra o recém-vereador empossado Marcelo Cunha.
Tem também mandados de prisão contra outros funcionários da Câmara.
“Apreendemos farta documentação e, com
base nesses documentos e provas, comprovamos fraude na execução do contrato com
funcionários fantasmas”, afirmou o promotor e coordenador do Gaeco, Daniel
Marotta.
Veja o nome dos vereadores alvos de mandados de prisão
- · Alexandre Nogueira (PSD) - Vereador afastado, e alvo das duas operações
- ·
Ceará (PSC)
- ·
Doca Mastroiano (PL)
- ·
Dra. Flavia Carvalho (PDT)
- ·
Dra. Jussara (PSB)
- ·
Felipe Felps (PSB)
- · Hélio Ferraz, Baiano (PSDB) - Presidente da Câmara, e alvo das duas operações
- ·
Isac Cruz (Republicanos)
- · Juliano Modesto (SD) - Vereador afastado, e alvo das duas operações
- ·
Marcelo Cunha (sem partido) - Preso na Operação Guardião
- ·
Marcio Nobre (PSD)
- ·
Pâmela Volp (PP)
- ·
Paulo César PC (SD)
- ·
Ricardo Santos (PP)
- ·
Rodi (PL)
- ·
Roger Dantas (Patriota)
- ·
Ronaldo Alves (PSC)
- ·
Silésio Miranda (PT)
- ·
Vico (Sem Partido)
- ·
Vilmar Resende (PSB)
- ·
Wender Marques (PSB)
O que dizem
os citados
A vereadora Dra. Jussara informou por meio da assessoria
que está apresentando toda documentação solicitada. Dessa forma, vai esclarecer
tudo o mais rápido possível. Disse também que sempre trabalhou com total
lisura, ética e compromisso com a verdade e a honestidade.
A advogada do vereador Ricardo Santos disse que vai prestar todos os
esclarecimentos e a defesa de Hélio Ferraz, o Baiano, informou
que ainda está tomando ciência do caso.
O advogado de Rodi falou para a TV Integração que ainda não
teve acesso ao procedimento do MP, que a prisão é preventiva e vai manifestar
após ter acesso aos documentos.
A defesa de Roger Dantas não atendeu as ligações.
A reportagem tenta contato com os demais
citados.
O juiz diretor do foro eleitoral disse que,
por enquanto, a Justiça eleitoral não vai tomar nenhuma medida e vai aguardar o
resultado da operação.
Blog do Paixão