Por Eduardo
Gonçalves / Veja

Imagens
da abordagem policial dentro do apartamento em Sorocaba (SP) Polícia
Civil/Divulgação
A Polícia Civil de Sorocaba (SP) deflagrou nesta
quarta-feira uma operação para desmantelar uma quadrilha de tráfico de drogas
sintéticas no interior de São Paulo. Após cinco meses de investigação, os
agentes saíram às ruas para cumprir sete mandados de prisão e oito de busca e
apreensão. O suspeito de ser o chefe do bando, Juan Pablo Giraldo, de 28 anos,
continua foragido e deve ter o nome incluído na lista vermelha da Interpol. Ele
é colombiano e está em viagem em seu país natal – os investigadores desconfiam
que ele trazia insumos do país vizinho.
O segundo na hierarquia da quadrilha era o químico Fernando Rodrigues,
de 29 anos. Quando a polícia chegou ao seu apartamento, uma cobertura de 250
metros quadrados no centro de Sorocaba, descobriu um laboratório de drogas, com
produtos químicos, tubos de ensaio, máscaras, prensa e uma máquina de contar
dinheiro. Entre os entorpecentes apreendidos no endereço, haviam ecstasy, LSD e
MDMA, droga que se popularizou entre os jovens nos últimos anos e foi tratada
em reportagem de VEJA.
Logo que a polícia arrombou a porta, outro traficante que estava no
apartamento se entregou. Rodrigues não fez o mesmo e reagiu a ação disparando
com uma pistola 9 milímetros. O tiroteio foi intenso e assustou os moradores do
prédio. Vídeos obtidos por VEJA (confira-os abaixo) mostram os policiais
tentando negociar a rendição do químico. O seu companheiro – já preso – tenta
convencê-lo – “Fernando, os caras estão de fuzil aqui, seu louco. (…) Não vai
dar nada isso aí” – , mas sem sucesso. Após 40 minutos de negociação,
Rodrigues acabou se suicidando com um tiro na cabeça, conforme a polícia.
O traficante detido não se surpreendeu e contou aos agentes que
Rodrigues dizia que preferia morrer a ser preso. A quadrilha, no entanto,
não se preocupava em ser discreta. O apartamento, que custava em torno de 7.000
reais de aluguel e condomínio, era palco de festas de “segundo a segunda” e,
consequentemente, era alvo de diversas reclamações dos vizinhos.
“Foi uma surpresa, porque esses laboratórios de droga sintética costumam
ser montados em sítios geralmente afastados da cidade. Acho que eles fizeram
isso porque acharam que ninguém iria desconfiar”, disse o delegado Marcelo
Carriel, que achou no apartamento um contrato de um novo imóvel que a quadrilha
alugara numa área nobre de Sorocaba. “Provavelmente, eles já estavam pensando
em se mudar”.
Entre os presos – no total, foram cinco -, há um traficante conhecido
como Menor, que mantinha uma relação amorosa com uma policial militar. Ela
acabou sendo afastada de suas funções. Segundo a polícia, os traficantes
vendidam as drogas em casas norturas da região, e chegavam até a ser
‘promoters’ de algumas festas. Eles devem responder pelos crimes de tráfico de
drogas e organização criminosa.
Blog do Paixão