Ao menos nove pessoas morreram
pisoteadas após ação da polícia na comunidade da Zona Sul de São Paulo na
madrugada deste domingo (1º).
Por TV Globo e G1 SP —
São Paulo

Denys Henrique Quirino da Silva é uma das vítimas que morreu após ação
da PM na comunidade de Pasarisópolis — Foto: Arquivo Pessoal/Redes sociais
Famílias começaram
a reconhecer os corpos das nove vítimas que morreram em uma confusão acontecida durante um baile funk na comunidade de Paraisópolis,
na Zona Sul de São Paulo, na madrugada deste domingo (1º), depois de uma
perseguição policial, segundo a Polícia Civil.
A primeira vítima a
ser reconhecida é Marcos Paulo Oliveira dos Santos. Ele tinha 16 anos, era
estudante e morava no Jaraguá, Zona Norte de São Paulo. De acordo com a
família, foi a primeira vez que Marcos foi ao baile funk de Paraisópolis. A
família não sabia que ele tinha ido ao baile. Ele disse para a avó que ia comer
uma pizza com os amigos.
A família fez o
reconhecimento do corpo na tarde deste domingo no Instituto Médico Legal (IML)
Zona Sul.
00:00/03:52
Segundo o Corpo de Bombeiros, os mortos são:
·
Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16
anos
·
Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos
·
Eduardo Silva, 21 anos
·
Denys Henrique Quirino da Silva, 16
anos
·
Mateus dos Santos Costa, 23 anos
·
Homem não identificado 1,
aproximadamente 28 anos
·
Gustavo Cruz Xavier, 14 anos
·
Gabriel Rogério de Moraes, 20 anos
· Luara Victoria de Oliveira, 18 anos
·
De acordo com a corporação, uma mulher sofreu lesão na perna e permanece
internada. Outra vítima, que sofreu lesão no rosto, já recebeu alta.

Gustavo Cruz Xavier, 14 anos, é uma das vítimas da ação da PM em
Paraisópolis — Foto: Arquivo Pessoal/Redes sociais

Marcos Paulo, de 16 anos, foi a primeira vítima da confusão em
Paraisópolis a ser reconhecida neste domingo (1) — Foto: Arquivo Pessoal

Dennys Guilherme postou em rede social que estava no baile em
Paraisópolis na madrugada de domingo (1) — Foto: Reprodução
O adolescente
Dennys havia feito um post em uma rede social afirmando que estava no baile
funk. "Hoje eu tô inspirado, vou mandar o magrão de esquina a esquina e
dar um tapa na cabeça da sua vó, não quero saber de nada, meninas hj o pai vai
tá online, vou surfar mais que o Medina."

Dennys Guilherme morreu em confusão em baile funk neste domingo (1) —
Foto: Reprodução
A confusão
Paraisópolis é a
segunda maior comunidade da cidade, com 100 mil habitantes. De acordo com a
polícia, agentes do 16º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M)
realizavam a Operação Pancadão quando foram alvo de tiros disparados por dois
homens em uma motocicleta.
A dupla teria
fugido em direção ao baile funk ainda atirando, o que provocou tumulto entre os
frequentadores do evento, que tinha cerca de 5 mil pessoas.
Adolescente ficou ferida na cabeça após confusão em Paraisópolis — Foto:
Arquivo pessoal
No entanto, a mãe
de uma adolescente de 17 anos que estava no local e que foi agredida com uma
garrafa disse que os policiais fizeram uma emboscada para as pessoas que estavam no baile.
A jovem ferida
durante a confusão descreveu o momento em que foi atingida. "Eu não sei o
que aconteceu, só vi correria, e várias viaturas fecharam a gente. Minha amiga
caiu, e eu abaixei pra ajudá-la", afirmou.
"Quando me levantei, um policial me deu uma garrafada na cabeça. Os policiais falaram que era para colocar a mão na cabeça."
'Apuração rigorosa'
O governador João
Doria (PSDB) lamentou as mortes e pediu "apuração rigorosa" do episódio. O Ouvidor
das Polícias, Benedito Mariano, afirmou que "a PM precisa mudar protocolo".
A
diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, afirmou em
entrevista à Globo News que a polícia tem de prestar contas do que ocorreu
"sem medo de assumir um erro caso tenha havido".
A
diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, afirmou em
entrevista à Globo News que a polícia tem de prestar contas do que
ocorreu "sem medo de assumir um erro caso tenha havido".
Vídeos que
circularam nas redes sociais mostraram a ação da PM em Paraisópolis na
madrugada deste domingo.
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Dados de Paraisópolis
· 2ª maior favela de São Paulo e 5ª maior do Brasil
· 10 quilômetros quadrados de área
· 100 mil habitantes
· 21 mil domicílios
· 12 mil moradores analfabetos ou semianalfabetos
· 31% da população é composta por jovens de 15 a 29 anos, portanto mais
vulneráveis à carência de emprego e oportunidades
· 42% das famílias têm mulheres como responsáveis
· Renda média de 87% dos chefes de família é de até 3 salários mínimos
· 21% da população que tem emprego atua no comércio local
· Aproximadamente 10 mil comércios locais
· Grande crescimento nos últimos anos
· Grandes empresas ingressando no mercado local
·
12 escolas públicas (estaduais e
municipais), uma Escola Técnica Estadual (Etec), um Centro Educacional Unificado
(CEU), três unidades básicas de saúde (UBS) e uma unidade de Assistência Médica
Ambulatorial (AMA)
Mapa da comunidade Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo — Foto: Amanda
Paes/G1

Da esquerda para a direita: Gustavo Cruz Xavier, 14, Dennys Guilherme dos Santos Franco, 16, e Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16 (primeira fila); Denys Henrique Quirino da Silva, 16, Luara Victoria Oliveira, 18, e Gabriel Rogério de Moraes, 20 (segunda fila); Eduardo da Silva, 21, Bruno Gabriel dos Santos, 22, e Mateus dos Santos Costa, 23 (terceira fila) (//Reprodução)
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