Produto
contaminado pode ter causado a morte de uma pessoa em MG

Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência
Brasil Brasília
A Polícia Civil de Minas Gerais informou hoje (13)
que identificou um terceiro lote da cerveja pilsen Belorizontina, da marca
Backer, contaminado pela mesma substância tóxica já encontrada em outros dois
lotes da bebida, apontada como principal suspeita de ter causado a intoxicação de ao menos dez consumidores desde
o dia 30 de dezembro. Dentre estes, um morreu, no dia 7 de janeiro, em Juiz de
Fora (MG).
Vestígios de dietilenoglicol teriam sido
encontrados no lote L2 1354, no qual peritos também identificaram vestígios de
uma segunda substância, o monoetilenoglicol. Utilizado em sistemas de
refrigeração devido a suas propriedades anticongelantes, o dietilenoglicol já
tinha sido identificado nos lotes L1 1348 e L2 1348.
Segundo o delegado Flávio Grossi, responsável pelo
inquérito policial, embora trate-se da mesma Belorizontina, o terceiro lote
contaminado foi distribuído para o Espírito Santo, onde a cerveja é
comercializada com o rótulo Capixaba.
Ainda de acordo com o delegado, entre os documentos
que investigadores recolheram na fábrica da Backer há notas fiscais da compra
de monoetilenoglicol. Além disso, os laudos definitivos das perícias que o
Instituto de Criminalística realizou nas amostras dos produtos coletados nas
garrafas de cerveja encontradas nas residências das vítimas apontam a presença
de dietilenoglicol e de monoetilenoglicol nos três lotes citados.
Também foram encontrados vestígios das duas
substâncias tóxicas nos equipamentos de resfriamento usados na produção da
cerveja. “Foi coletada uma amostra no tanque de chiller, um equipamento de
refrigeração, e a perícia prévia desta amostra evidenciou a positividade tanto
do monoetilenoglicol, quanto do dietilenoglicol”, comentou o superintendente de
Polícia Técnico-Científica da Polícia Civil, Thales Bittencourt, revelando que,
nos próximos dias, policiais e técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento devem voltar a inspecionar a fábrica da Backer, no bairro Olhos
D'Água, em Belo Horizonte.
“Porque havia estas substâncias no tanque de
refrigeração nós não podemos ainda manifestar e vamos continuar investigando”,
acrescentou o superintendente.
A Backer ainda não se pronunciou sobre as
informações divulgadas hoje pela Polícia Civil. Desde o surgimento das
suspeitas de que a ingestão de cervejas da marca pode ter provocado a
síndrome nefroneural que já matou uma pessoa e levou outras dez a serem
internadas, a empresa tem afirmado não utilizar o monoetilenoglicol em nenhuma
das fases de produção. Na última sexta-feira (10), o ministério decretou a interdição preventiva da
fábrica e a apreensão cautelar de 16 mil litros de cervejas.
De acordo com o delegado Flávio Grossi, os
investigadores continuam recolhendo informações técnicas para subsidiar o
inquérito e não descarta nenhuma hipótese – nem mesmo a suspeita de que um
ex-funcionário demitido pela Backer possa ter agido por vingança.
“A linha investigativa continua ampla, mas não há,
até o momento, culpabilidade a ser imputada a ninguém. Hoje, o que afirmamos é
que os elementos tóxicos encontrados nas garrafas [de cerveja], no sangue das
vítimas e dentro das empresas [provém] de produtos em comum”, disse o delegado.
“Mas crime acreditamos que houve. Por isto instauramos um inquérito policial.”
Blog do Paixão