Diretor
da OMS lamentou a morte do oftalmologista. "Precisamos celebrar o trabalho
que ele fez", disse o diretor executivo Mike Ryan.
Por G1

Li Wenliang — Foto:
Divulgação
A morte do médico chinês Li
Wenliang foi confirmada por volta das 17h desta quinta-feira (6) pelo Hospital
Central de Wuhan em seu perfil na rede social Weibo.
"Li Wenliang, oftalmologista
do nosso hospital, infelizmente infectado na luta contra a epidemia do novo
coronavírus, (...) morreu às 2h58 de 7 de fevereiro de 2020 (1h58 de 6 de
fevereiro no horário de Brasília). Lamentamos profundamente", diz trecho
da nota divulgada pelo hospital.
Li Wenliang é apontado como um
dos primeiros a identificar a existência do surto do novo coronavírus e alertar
as autoridades. O médico de 34 anos foi um dos oito médicos que a polícia
chinesa investigou sob acusação de "espalhar boatos" relacionados ao
surto. Ele era casado e tinha uma filha de cinco anos.
A morte de Li chegou a ser
anunciada no começo da tarde desta quinta-feira (6) por ao menos dois veículos
de comunicação estatais da China. Logo em seguida, o Hospital Central de Wuhan,
negou e disse que ele ainda estava em estado grave na UTI, mas, por volta das
17h, confirmou a morte do funcionário.
OMS lamentou a
morte
Logo após a primeira informação
no começo da tarde, um representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a lamentar a morte e celebrar a atuação
do médico. A notícia da morte foi veiculada pelo canal estatal chinês CGTN, em
seu perfil em inglês no Twitter, e também pelo jornal chines Global Times.
Naquele horário, o diretor
executivo da OMS, Mike Ryan, falava sobre o surto de coronavírus e foi
questionado sobre a morte.
"Estamos muito tristes por
ouvir sobre a morte do doutor Li Wenliang. Sentimos muito pela perda de
qualquer trabalhador da linha de frente que tenha tentado ajudar pacientes. Nós
mesmos perdemos amigos na linha de frente e por isso deveríamos celebrar sua
vida e lamentar sua morte junto a seus colegas", disse Mike Ryan.
Entretanto, cerca de 30 minutos
depois da declaração, o hospital de Wuhan desmentiu a informação que circulava.
O jornal chinês Global Times esclareceu que, naquele momento, o médico estava
em situação crítica, tinha sofrido uma parada cardíaca e estava respirando com
a ajuda de aparelhos em uma unidade de terapia intensiva.
Após o desmentido inicial do
hospital, a OMS esclareceu que não tinha informações sobre a condição do médico
oftalmologista.
Alerta aos colegas
Em 30 de dezembro, o médico
enviou uma mensagem para colegas alertando sobre um possível surto de doença
respiratória com sintomas semelhantes aos da Síndrome Respiratória Aguda Grave,
(SARs-CoV), que matou mais de 700 pessoas no início dos anos 2000.
O doutor Li Wenliang recomendou
aos companheiros de trabalho que usassem equipamentos de segurança para evitar
a infecção. O médico fez o alerta após perceber que, naquele fim de ano, o
hospital no qual trabalhava já tinha recebido sete casos de infecção com
sintomas graves.
Junto com os colegas, ele foi
convocado pela polícia e foi forçado a assinar uma carta na qual prometiam não
divulgar informações sobre a doença.
Infectado durante
consulta
Acredita-se que o médico tenha
sido contaminado no início do ano enquanto tratava uma paciente infectada. Li
Wenliang contou, em seu perfil de uma rede social, que em 10 de janeiro começou
a tossir, no dia seguinte passou a ter febre e, dois dias depois, foi para o
hospital. Seus pais também ficaram doentes e foram internados.
O médico contou que os primeiros
exames deram negativo para coronavírus. Mas, em 30 de janeiro, ele postou
novamente dizendo que um teste mais específico identificou o vírus: "Hoje,
o teste de ácido nucleico voltou com um resultado positivo. A poeira baixou,
finalmente fui diagnosticado".
No fim de janeiro, o médico
publicou em uma rede social chinesa um pedido de desculpas do governo chinês,
que admitiu falha na resposta à epidemia do novo coronavírus.
Blog do Paixão