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O OXÍMETRO DEVE SER USADO EM CASA PARA IDENTIFICAR COVID-19?

Equipamento que mede oxigenação tem sido procurado para uso doméstico; especialistas alertam que ele é apenas um indicador e requer interpretação médica

Rodrigo Castro / Época


O oxímetro não é recomendado por médicos para diagnóstico da Covid-19 Foto: Getty Images/Cavan Images RF

O combate à pandemia do coronavírus exige o uso de equipamentos de proteção como máscaras, óculos, luvas e álcool em gel. Recentemente, um novo item passou a ser associado a essa lista: o oxímetro, equipamento que afere o nível de oxigênio no sangue. A queda de percentual pode sinalizar a ação da Covid-19.

O Google registrou um aumento de buscas pela palavra oxímetro, com pico no mês de abril, com destaque para os estados do Pará, Rio de Janeiro e Amazonas. Diante do interesse pelo produto para uso domiciliar, especialistas orientam que o dispositivo pode ser útil como indicador, mas que a interpretação correta dos dados obtidos cabe a um médico.

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), José Miguel Chatkin, o súbito interesse pelo oxímetro é motivado pelo medo e não se justifica, embora ele possa ser recomendado para acompanhamento médico.

"Em determinadas condições, pode ser um instrumento muito útil para o acompanhamento. Se um paciente tem suspeita de Covid-19 ou apresenta um quadro leve já confirmado e está em observação em casa, o médico que está tratando pode acompanhar pelo oxímetro através de uma eventual diminuição da oxigenação. Mas isso precisa ser orientado", disse Chatkin.

A SBPT sugeriu, em nota, que a decisão do uso em domicílio durante a pandemia fique a cargo de um profissional. "Não existe indicação do uso de oxímetro domiciliar em indivíduos sem doenças pulmonares crônicas ou como método de diagnóstico precoce do novo coronavírus", afirma o comunicado.

A solicitação médica, segundo Chatkin, geralmente ocorre se há possibilidade de piora do quadro clínico. "Seria uma fase pré-hospitalar, uma avaliação pra saber se a pessoa precisa ir ao hospital. Quando há uma suspeita de deterioração do quadro clínico, pode ajudar", explicou. "No caso da Covid-19, o paciente pode aparentar estar bem, mas o exame sinalizar alterações. Então, isso tudo deve ser visto por alguém com muita experiência", ressaltou o pneumologista.

INDICADOR DA DOENÇA

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Marcelo Queiroga, o oxímetro pode ser muito profícuo no enfrentamento da doença como indicador. Seu uso, portanto, estaria inserido no contexto da ampliação do telemonitoramento que pode evitar idas desnecessárias ao hospital. Mas o médico frisa que a avaliação dos dados é prerrogativa do médico.

"É um dispositivo útil, e fazer o uso correto para verificar a saturação é um dado adicional que pode ser importante. Não existe necessidade de autorização prévia, mas a interpretação desses dados compete ao médico. Isso deve estar dentro de um contexto de avaliação médica", salientou Queiroga.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) autorizou por meio de ofício, em março, a aplicação da telemedicina durante a pandemia. O procedimento foi corroborado pela portaria 467/20 do Ministério da Saúde, que permite consultas, monitoramento e diagnósticos virtuais com intuito de evitar aglomerações nas unidades de saúde. Em abril, um projeto de lei que libera a telemedicina em caráter emergencial foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, após aprovação do Congresso.

"É uma lei que autorizou o uso mais amplo, com consultas e telemonitoramento, por exemplo. Essa questão do oxímetro está amparada, não está isolada. Ele está associado a uma possibilidade de interagir com o médico à distância" afirmou Queiroga, que lembrou que já existem inclusive aplicativos que medem a saturação - mas ainda não regulamentados pela Anvisa.

"A questão é se o resultado é confiável. O problema é dizer que está com uma saturação boa quando não tem. E aí o indivíduo tem uma falsa impressão. O indivíduo está mal, mas o dispositivo está dizendo que ele está bem", disse o cardiologista.

Por esse motivo, Queiroga reforça que o propósito do oxímetro é o uso ambulatorial para acompanhamento à distância, ou seja, não serve como diagnóstico - feito pelo teste PCR nos casos de suspeita de Covid-19. A baixa oxigenação seria apenas um alerta para procura do serviço hospitalar.

"O que a gente quer hoje é que o paciente não chegue ao hospital numa condição tão deteriorada. Se for possível detectar antes a baixa saturação, podemos encaminhar o paciente ao hospital em um estágio que não exija intubação", ponderou Queiroga.

USO CORRETO

Segundo os especialistas, os pacientes que fizerem o uso do dispositivo devem se atentar ao manuseio correto e verificar se não há condições que possam interferir no resultado, a principal delas o uso de esmalte. O oxímetro também deve estar calibrado e ser colocado corretamente no dedo, geralmente no indicador. Pressão baixa e condições ambientais, como altitude e poluição, são outros fatores capazes de influenciar no resultado.

Um dos receios dos médicos é que o uso do oxímetro por conta própria implique o aumento de idas desnecessárias ao hospital. Além da possibilidade de o resultado ser equivocado se não operado do modo correto, pacientes fumantes, por exemplo já possuem uma saturação mais baixa do que o normal, que é acima de 95%.

Esses números ainda podem variar levemente com a idade. Os mais velhos tendem a ter uma oxigenação um pouco menor. Indivíduos com anemia grave ou doenças cardiorrespiratórias também estão propensos a ter o nível de oxigenação aquém do normal.

O oxímetro se assemelha a um prendedor, colocado no dedo do paciente para medir o nível de oxigenação do sangue. O dispositivo conta com uma luz infravermelha que detecta as digitais e analisa as proteínas que levam o oxigênio ao tecido sanguíneo - as chamadas hemoglobinas.

O resultado aparece no visor. A saturação está normal quando acima de 95%. Se ela está abaixo de 93% requer cuidados maiores e deve-se consultar um especialista.


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