Operação Espectro investiga desvio de
serviços públicos e associação criminosa. Mandados de busca e apreensão foram
cumpridos em endereços no Recife e em Tamandaré.
Por G1 PE e TV Globo
Sérgio Hacker é prefeito de Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco —
Foto: Reprodução/Facebook
A Polícia Civil de
Pernambuco cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em casas no Recife e
em Tamandaré, no
Litoral Sul do estado, nesta sexta-feira (17). A investigação que deu origem à
Operação Espectro começou em junho de 2020 e apura suposta prática de desvio de
serviços públicos e associação criminosa. Sérgio Hacker (PSB), prefeito de Tamandaré, é
alvo da investigação (VEJA VÍDEO).
Em nota assinada pelos advogados de defesa (veja íntegra mais abaixo), o gestor municipal manifestou "surpresa e perplexidade" com a operação policial. Esta foi realizada pela Diretoria Integrada Especializada (Diresp), vinculada ao Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco) e presidida pelo delegado Rodolfo Bacelar, titular da 3ª Delegacia de Combate à Corrupção.
"No início das
diligências, vimos a necessidade de pleitear a expedição de algumas medidas
cautelares. Em razão disso, no dia de hoje, demos cumprimentos a cinco mandados
de busca e apreensão domiciliares em endereços nas cidades do Recife e
Tamandaré, com objetivo de apreensão de documento relacionados à investigação e
aparelhos eletrônicos, para, a partir daí, verificar os dados constantes no
material apreendido e dar continuidade à investigação", afirmou o
delegado.
Ao todo, 43 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães, participam da operação, que é coordenada pela Diretoria Integrada Especializada (Diresp) e supervisionada pela Chefia de Polícia Civil.
O delegado Rodolfo Bacelar é o titular da 3ª Delegacia de Combate à
Corrupção — Foto: Reprodução/TV Globo
O Tribunal de
Justiça de Pernambuco (TJPE), responsável pela expedição dos mandados de busca
e apreensão, disse ao G1 que, por ser uma
investigação em curso, não emitiria uma nota se pronunciando sobre o assunto.
Nota de Hacker
O prefeito de
Tamandaré, Sérgio Hacker, enviou nota, através do escritório de advocacia que o
representa, manifestando "surpresa e perplexidade" com a operação, já
que, segundo o texto, sempre colaborou com as investigações.
"[Sérgio
Hacker] sempre se colocou à inteira disposição da autoridade policial;
peticionou por diversas vezes nos autos do inquérito policial; habilitou
advogados em colaboração, à apuração empreendida; requereu o acesso e extração
de cópias, o que foi deferido; produziu provas, como também respondeu
prontamente, como agente público, a todas as solicitações que lhe foram
feitas", disse no texto.
Operação é vinculada ao Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco) — Foto: Reprodução/TV Globo
Ainda na nota,
afirmou que a ação policial foi desnecessária e não havia razão para acontecer
da forma como foi feita.
"A par desse
contexto, [Hacker] deixa em evidência que a medida policial empreendida se
afigura completamente desnecessária, pois, em nenhum instante, ele empreendeu
qualquer embaraço ou dificultou às investigações; como também está convicto que
não cometeu crime, conforme será devidamente demonstrado no momento
próprio", afirmou.
A nota do advogado
do político disse ainda que a prefeitura de Tamandaré não foi objeto da
operação policial.
Funcionárias-fantasmas
A data do início
das investigações — junho de 2020 — coincide com o período em que surgiu a
informação de que Mirtes Renata, empregada da casa de Sérgio Hacker era funcionária-fantasma da
prefeitura de Tamandaré. A mãe dela, Marta Alves, também
constava na folha de pagamentos da cidade, embora trabalhasse na casa da
família.
O caso é
investigado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e por um inquérito do
Ministério Público de Pernambuco. Essas revelações vieram à tona depois
da morte do menino Miguel Otávio,
de cinco anos, que caiu do 9º andar de um dos prédios do conjunto conhecido
como Torres Gêmeas, no Recife, no dia 2 de junho.
Ele é filho de
Mirtes, que passeava com a cadela dos
patrões, enquanto a criança estava sob os cuidados da primeira-dama de Tamandaré,
Sari Gaspar Côrte Real, esposa de Sérgio Hacker, no apartamento
do casal.
Denunciada por abandono de
incapaz com resultado de morte, Sari virou ré na
1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital. A ela, foi dado
o prazo de 10 dias para responder à acusação do Ministério Público de
Pernambuco (MPPE) que inclui agravantes de crime contra criança durante
calamidade pública — a pandemia da Covid-19.
Blog do Paixão