Prefeitura do Recife - Foto: Andréa Rego Barros/PCR
Por Blog da Folha
A
pesquisa de intenção de voto para prefeito do Recife, realizada em parceria
entre a Folha de Pernambuco e o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e
Econômicas (Ipespe) foi recebida com otimismo e parcimônia pelas candidaturas.
Para deputada estadual Teresa Leitão (PT), que atua na coordenação da campanha
de Marília Arraes, líder da pesquisa com 22%, o levantamento mostra a candidata
"consolidada neste patamar". "Isso para arrancada é muito bom,
melhor do que arrancar muito alto e depois cair. Outro ponto positivo é que o
patamar dela se comunica com um índice de rejeição baixo. Porém, não estamos de
forma nenhum com uma leitura ufanista. Sabemos que será uma eleição difícil",
sublinhou Teresa.
O deputado federal Tadeu Alencar (PSB) interpreta que a pesquisa mostra a
"competitividade da candidatura de João Campos". "A pesquisa
está dentro do horizonte, mostra João em empate técnico na primeira posição,
mostra que a candidatura dele, já na largada, antes do debate, antes da
campanha começar oficialmente, já é competitiva. É uma disputa difícil, mas
estamos preparados para ampliar esse patamar. Ela é animadora exatamente por
sinalizar a competitividade e uma expectativa de ampliação desse patamar",
afirmou o socialista, frisando que "o debate vai demonstrar as qualidades
de João, vai demonstrar seus atributos, sua compreensão da complexidade da
gestão do Recife".
Para a
delegada Patrícia Domingos, a pesquisa reflete o que vem sentindo da população.
"Estou animada. Nas ruas o apoio das pessoas é impressionante. E essa
pesquisa chega para comprovar que basta que as pessoas conheçam nossas
propostas pra chegarem a conclusão que somos a única opção para acabar com com
o domínio PSB/PT", afirmou. O ex-senador Armando Monteiro (PTB), aliado de
Mendonça Filho (DEM), que aparece com 13% das intenções de voto, realça que a
corrida ainda está no começo. "É um processo ainda incipiente, todos os
candidatos ainda estão embolados, muito próximos, e, portanto, não há nenhum
elemento que não seja positivo. Temos muita confiança que, pelo perfil do nosso
candidato, essa sua maior experiência e bagagem vai prevalecer".
Registrando
2% das intenções de voto, Marco Aurélio (PRTB), acredita na força do bolsonarismo.
“Fico feliz em saber que já estamos pontuando. A partir de segunda-feira, o
povo do Recife saberá que existe um verdadeiro candidato da direita e
bolsonarista”, frisou. Carlos Andrade Lima (PSL), que teve 1%, também destacou
a importância de pontuar na pesquisa. "Não sou político, não sou conhecido
do grande público e as pessoas não conhecem quem eu sou, minhas ideias. A
eleição propriamente dita não começou. Já constar na pesquisa apesar de
tanta dificuldades para mim já é um avanço e a tendência é de que a gente
cresça muito quando aparecermos e mostrarmos as nossas ideias",
avaliou.
Thiago
Santos (UP), que também esteve no patamar de 1%, acha que as pessoas que ainda
não escolheram o candidato podem mudar o rumo das eleições. "Contamos com
uma rejeição muito baixa e ainda estamos entre os lembrados na espontânea. O
número de indecisos, brancos e nulos ainda é alto e nós pretendemos conquistar
esses eleitores para nossa proposta e poder popular e socialismo de
verdade", sublinhou. Mais um no patamar de 1%, Charbel Maroun (Novo) mira
em um exemplo de sucesso do seu partido. "À medida em que ganhamos
exposição e somos conhecidos, mais pessoas confiam na gente e mais avançamos
nas pesquisas. Algo semelhante aconteceu com o nosso governador em Minas
Gerais, Romeu Zema, que entrou na campanha com menos de 2% de intenções de voto
e foi vitorioso, em 2018", avaliou.
A
reportagem não conseguiu contato com o candidato Coronel Alberto Feitosa
(PSC).
Interpretação
No entendimento da cientista política e professora da Faculdade de Ciências
Humanas de Olinda (Facho), Priscila Lapa, a pesquisa expôs um cenário de
divisão do eleitorado. "Ela deixa bem evidente o processo de fragmentação
das forças políticas que até o momento caracteriza a disputa deste ano, tanto
nas candidaturas com um viés mais à esquerda, quanto naquelas mais à
direita", avalia. Para ela, a situação de momento oferece um retrato, mas
ainda há muito a ser confirmado. "Momentaneamente, confirma o favoritismo
de Marília, mas ainda com uma margem próxima a João, que, apesar de ser o nome
com a maior rejeição, tem como fatores impulsionadores do seu crescimento a
máquina estadual e municipal, a quantidade de partidos na coligação - que
começará a refletir em um grande número de lideranças nas bases pedindo
votos para ele, além do maior tempo de televisão e rádio entre os
candidatos", enfatiza a professora.
Priscila Lapa chama a atenção ainda para o desempenho da delegada Patrícia Domingos. "A pontuação de Patrícia é surpreendente, por ser estreante. Mostra que ela vem ocupando bem os espaços na pré-campanha, mais do que o seu concorrente principal, que é Mendonça. O que se pode concluir em linhas gerais também é que talvez se repita em âmbito local a polarização nacional que ocorre no país. E que, aqui, a esquerda apresenta um fôlego promissor para ganhar a disputa, apesar do antipetismo e antiesquerdismo propagado nos últimos anos".
PSB joga isca para Mendonça, mirando rejeição dele e 2º turno
Passadas as convenções e formalizadas as candidaturas que concorrerão à Prefeitura do Recife, não demorou muito para que o prefeiturável do Democratas, Mendonça Filho, provocasse o PSB e para que deputados socialistas reagissem. Mendonça, então, seguiu disparando: “Quero debater o Recife com João Campos, e não com um de seus tutores”. Resultado: também não precisou de muita insistência para que o herdeiro de Eduardo Campos aceitasse o "convite". Houve quem, nos bastidores, estranhasse a reação do socialista e também quem achasse que João estava "engolindo corda". Mas não foi por acaso que João Campos comprou a briga.
O movimento faz parte de uma estratégia do PSB, baseada no seguinte entendimento: "Mendonça é o candidato que, se vier, você bate mais fácil". Leia-se: num eventual segundo turno, Mendonça Filho seria, hoje, o adversário ideal aos olhos do PSB. Então, polarizar com o democrata faz parte de um cálculo. Pesquisa Ipespe/Folha de Pernambuco, divulgada nesta sexta-feira, em simulação de 2º turno, testa o cenário em que João Campos (44%) enfrenta Mendonça Filho (31%) e, das hipóteses testadas, essa é a única em que o socialista vence. No enfrentamento com a delegada Patrícia Domingos (38%), João Campos (38%) teria percentual de votos igual ao dela. A amostra também simula Mendonça (27%) num embate com Marília Arraes (52%) e averigua ainda o cenário em que a delegada Patrícia Domingos (43%) disputaria com Mendonça (29%). Um deputado que acompanha atento às movimentações diz que Mendonça é o "chamado cliente que todo mundo quer ter". Na esteira, a rejeição elevada do ex-ministro, de 57% segundo a pesquisa Ipespe, também não passa batida aos adversários. Em outras palavras, não é por acaso que a campanha do PSB vem jogando "isca" para o democrata há algum tempo. Antes mesmo de as candidaturas serem formalizadas, o jogo já estava sendo jogado no sentido de trazer Mendonça para o páreo.
Numa cajadada só
Boliche > O projeto próprio do PSL atrapalhou os planos de Daniel de ter tempo de televisão significativo e, naturalmente, representou o fim da candidatura majoritária de Daniel. Para socialistas, a saída de Daniel do páreo foi vista como um "strike".
Motivo > Provocado por Mendonça, João devolveu chamando o democrata de "eterno candidato", falou em "frustradas tentativas que ele tem feito em eleições" e grifou que Mendonça foi "ministro de Temer" e que "passa a sensação de que não amadureceu".
Detalhe > Os deputados Tadeu Alencar e Isaltino Nascimento já haviam construído o apoio a Cristiane Moneta, quando o diretório estadual do PSB determinou a destituição do diretório municipal em Abreu e Lima. À coluna, Tadeu pontua: "Se, lá atrás, tivesse havido uma sinalização, mas não houve. Não estou fazendo manifestação contra o partido. Apenas disse que não trabalharia para tirar a candidatura dela por me sentir impedido”. Tadeu alega lealdade.
Bombeiro > Túlio Gadêlha integra a Comissão Externa destinada a acompanhar e promover estratégia nacional para enfrentar as queimadas em biomas brasileiros, criada pela Câmara Federal. Os incêndios no Pantanal provocaram a devastação de mais de 20% daquele ecossistema. Na Amazônia, cenário é de destruição.
Iniciando uma série de entrevistas com todos os candidatos à PCR nas eleições deste ano, a Folha de Pernambuco entrevista a delegada Patrícia Domingos (Podemos). Ela fala sobre a sua candidatura e sobre como planeja gerir a cidade, caso seja eleita. Também comenta sobre o cenário da oposição no município e diz que não gosta de ser chamada de “Moro de saias”, uma expressão que classifica como machista, mas reconhece que, ao ser associada à atuação dele enquanto juiz, torna-se positiva. Leia abaixo.
Blog do Paixão