Conselho de Enfermagem emitiu nota ressaltando que acessório deve ser usado apenas em casos específicos no ato de vacinar
Por Fabio Nóbrega
Vacinação em Brasília - Foto: Renato Alves/Agência Brasília
O início da
vacinação contra a Covid-19 em Pernambuco, na última segunda-feira (20),
levantou debate sobre o uso de luvas no ato da imunização. Imagens dos
aplicadores sem o material de proteção geraram a discussão.
De acordo com o Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação do Ministério
da Saúde, publicado em 2014, o uso da luva para a vacinação não é obrigatório,
salvo em casos específicos, como quando o vacinador ou o paciente apresentam
lesões de pele.
"A administração de vacinas por via parenteral [injetável] não requer paramentação
especial para a sua execução. A exceção se dá quando o vacinador apresenta
lesões abertas com soluções de continuidade nas mãos", diz trecho do
documento.
Excepcionalmente
nessa situação de lesões, a cartilha orienta a utilização de luvas, a fim de se
evitar contaminação da vacina e do paciente.
A recomendação foi reiterada pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), em documento
publicado nessa terça-feira (19). Em casos raros, há necessidade de uso das
luvas se o vacinador precisar entrar em contato com fluidos corporais do
paciente, como sangue ou secreções.
"Antes de iniciar a paramentação, lave as mãos com água e sabão ou
higienize com solução alcoólica a 70%", recomenda o Cofen, que ressalta a
importância da higiene das mãos.
Especialistas
O infectologista Demócrito Miranda diz que o uso de luvas pode até prejudicar o
ato da vacinação. “Não tem nenhuma recomendação de se usar luva. Talvez seja
até pior porque a pessoa não conseguiria lavar as mãos corretamente”, diz.
Demócrito acrescenta que não há risco de contaminação no momento da aplicação,
desde que a assepsia seja feito de forma correta. “A transmissão do vírus é
feita por vias respiratórias. Se está com a mão suja, não deve pegar outra
pessoa. Quem está manuseando a vacina só estará pegando o material”, continua o
médico.
A enfermeira Rubiane Souza e Silva afirma que o que precisa ser reforçado é a
prática de higienização das mãos antes e após o contato com os pacientes.
“Eu preciso higienizar minhas mãos, antes de manipular a vacina, antes de
aspirar [da ampola] e após o término da aspiração, quando for administrar no
paciente e antes e após a administração”, explica.
A profissional ressalta a recomendação do Cofen do uso apenas nos casos
específicos de lesões e cita a importância de não se usar objetos no braço no
ato da vacinação.
“É preciso cuidado com os adornos como relógios, pulseiras e alianças. Os
profissionais precisam estar livres de adornos nas mãos e antebraços para
diminuir o risco de contaminação”, alerta. Esses objetos podem servir como meio
de cultura para os micro-organismos, independente do vírus da Covid-19.
Como
lavar as mãos corretamente?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda o passo a passo
de como as mãos devem ser higienizadas corretamente pelos profissionais de
saúde. Veja:
1.
Antes de contato com o paciente
Quando? Higienize
as mãos antes de entrar em contato com o paciente.
Por
quê? Para a proteção do paciente, evitando a transmissão
de microrganismos presentes nas mãos do profissional e que podem causar
infecções.
2.
Antes da realização de procedimento asséptico
Quando? Higienize
as mãos imediatamente antes da realização de qualquer procedimento asséptico.
Por
quê? Para a proteção do paciente, evitando a transmissão
de microrganismos das mãos do profissional para o paciente, incluindo os
microrganismos do próprio paciente.
3.
Após risco de exposição a fluidos corporais
Quando? Higienize
as mãos imediatamente após risco de exposição a fluidos corporais (e após a
remoção de luvas).
Por
quê? Para a proteção do profissional e do ambiente de
assistência imediatamente próximo ao paciente, evitando a transmissão de
microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes.
4.
Após contato com o paciente
Quando? Higienize
as mãos após contato com o paciente, com as superfícies e objetos próximos a
ele e ao sair do ambiente de assistência ao paciente.
Por
quê? Para a proteção do profissional e do ambiente de
assistência à saúde, incluindo as superfícies e os objetos próximos ao
paciente, evitando a transmissão de microrganismos do próprio paciente.
5.
Após contato com as áreas próximas ao paciente
Quando? Higienize
as mãos após tocar qualquer objeto, mobília e outras superfícies nas
proximidades do paciente – mesmo sem ter tido contato com o paciente.
Por
quê? Para a proteção do profissional e do ambiente de
assistência à saúde, incluindo superfícies e objetos imediatamente próximos ao
paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros
profissionais ou pacientes.
Blog do Paixão