Leonardo Silva
Partida foi válida pela Copa Libertadores da América
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oi no ano de 1976 que o EC
Cruzeiro conquistou a sua primeira Copa Libertadores da
América, dez anos após levantar a Taça Brasil, na geração de Tostão e
Dirceu Lopes, em cima do Santos de Pelé. Ao faturar o torneio continental, a
Raposa se colocou de vez como uma das principais equipes não apenas do cenário
nacional, mas também sul-americano. E tudo isso graças a uma geração de craques
que contou com, entre outros, Raul Plassmann, Piazza, Dirceu Lopes, Jairzinho e
Palinha. Era um timaço!
Na competição, o time cruzeirense realizou verdadeiros confrontos
épicos, como o 3 a 1 sobre a LDU/EQUA, e o 7 a 1 em cima do Alianza Lima/PE,
além da finalíssima contra os argentinos do River Plate.
Porém, nenhuma dessas partidas foram tão marcantes quanto os dois confrontos
contra o Internacional, ainda na fase de grupos.
E logo no primeiro jogo,
ambos os clubes protagonizaram aquele que seria, para muitos, o maior duelo na
história do estádio do Mineirão, com uma vitória cruzeirense por 5 a 4. Na
partida de volta, em pleno estádio do Beira Rio, o time celeste levou novamente
a melhor, agora por 2 a 0. Além do mais, a Raposa batia o atual campeão
brasileiro, em um tom de revanche, por conta da final do Campeonato Brasileiro
de 1975.
Antes da bola rolar, o clima era de revanche para o Cruzeiro
Na década de 1970, Cruzeiro e Internacional
estavam entre as principais equipes do futebol brasileiro.
Como reflexo disso, ambas as equipes protagonizaram a grande decisão do
Campeonato Brasileiro de 1975.
Donos da melhor campanha
da competição, o Colorado teve a vantagem de jogar dentro de casa a única
partida da grande final. Assim, o time fez valer o mando de jogo e venceu por 1
a 0, com o famoso “gol iluminado” do zagueiro Elias Figueroa.
Por protagonizarem essa grande decisão nacional, Cruzeiro e SC Internacional garantiram
vaga para a edição de 1976 da Copa Libertadores da América. Inclusive, naquela
época, a competição abrigava apenas dois representantes por país, sendo que
ambos já se encontravam na primeira fase de grupos. Portanto, aqueles dois
confrontos seria a grande chance de revanche por parte do lado Azul Celeste.
Com o Mineirão lotado,
com mais de 65 mil pessoas, a expectativa era de um verdadeiro clássico entre
duas das melhores equipes do país.
De um lado, o Internacional, atual campeão brasileiro, e que contava
com uma equipe recheada de estrelas. Elias Figueroa, Paulo Roberto Falcão,
Caçapa, Valdomiro e o goleiro Manga, entre outros, eram comandados pelo
lendário técnico Rubens Minelli.
Já do lado azul o Cruzeiro não ficava para trás, e tinha um time
estrelado. Contava com alguns dos melhores jogadores do período, entre eles o
furacão da Copa do Mundo de 1970, Jairzinho. Na ocasião, ele chegava para
substituir Dirceu Lopes que estava fora da competição por conta de uma grave
lesão. Junto do atacante, o time comandado por Zezé Moreira tinha o goleiro
Raul Plasmann, Palhinha, Joãozinho, Nelinho e o zagueiro também tricampeão
mundial, Piazza.
Cruzeiro vs Internacional: A maior partida na história do Mineirão!
Para o primeiro duelo na fase de grupos da Copa Libertadores da América de
1976, o Internacional contava com suas principais estrelas. Por outro lado, o Cruzeiro Esporte Clube teve
um importante desfalque em seu sistema defensivo, o volante e capitão Piazza,
que estava com uma pequena lesão. E o que se viu nesta partida foi um festival
de gols.
Logo aos 3 minutos de
jogo, Joãozinho disparou pelo lado esquerdo e cruzou para Palhinha abrir o
placar, 1×0. Pouco depois, o próprio Palhinha recebeu rebote de Figueroa e
ampliou para o Cruzeiro, 2×0. Porém, o atacante Lula diminuiu para os
colorados, ao receber livre pelo lado esquerdo, 2×1.
Mas o atacante Joãozinho
estava inspirado naquele dia. Em um belo chute cruzado e com muita força, fez o
3º do time cruzeirense. Antes de fechar o primeiro tempo, Valdomiro colocou
fogo no jogo, ao diminuir o marcador mais uma vez, 3×2.
Já no segundo tempo, o
meia Zé Carlos fez contra e o Internacional empatou o confronto, deixando toda
a torcida cruzeirense aflita. Para piorar, o atacante Palhinha foi expulso aos
12 minutos e tudo parecia desmoronar para o time da casa. Foi então que
Joãozinho chamou a responsabilidade e, em um chute no contrapé do goleiro
Manga, anotou um belo gol, 4×3.
Para se entender o
tamanho das duas equipes, quão bons eram, o Internacional chegaria novamente ao
empate. Vacaria cruzou da esquerda para Escurinho desviar de cabeça para o meio
da área e Ramon completar para o gol também de cabeça, 4×4.
E quando o jogo parecia se arrastar para um empate histórico, o
craque da partida, Joãozinho, foi derrubado dentro da área. Pênalti. Nelinho
foi para a cobrança e, com paradinha, bola de um lado, goleiro para o outro,
sacramentou a vitória naquela que é considerada a maior
partida na história do Mineirão.
No
jogo de volta, no Beira-Rio, nova vitória do Cruzeiro!
Após vitória histórica
do Cruzeiro no estádio do Mineirão, a expectativa era de que o Internacional
desse o troco no jogo de volta, em pleno Beira-Rio. Porém, não foi isso que
aconteceu, e os colorados acabaram dominados pelo rival.
Mais próximo da classificação, o Cruzeiro não tomou conhecido do
adversário e venceu a partida pelo placar de 2 a 0. Novamente, Joãozinho e
Palhinha foram os grandes protagonistas da partida e anotaram os gols. Na
ocasião, o time celeste estava completo, incluindo a presença de Wilson Piazza,
capitão e líder do time mineiro.
Com esse resultado, a
Raposa garantiu a classificação para a segunda fase da Copa Libertadores da
América. Enquanto que o Internacional se despediu de maneira precoce, e ainda
com uma partida a ser realizada na fase de grupos.
Libertadores 1976: O Cruzeiro conquista a América!
Ainda no mesmo grupo da
Copa Libertadores de 1976, o Cruzeiro passou por outros adversários além do SC
Internacional. Em um grupo que também contava com Deportivo Luqueño e Olímpia,
ambos do Paraguai, a Raposa terminou invicta com 11 pontos, numa época que a
vitória valia 2. Sendo que o único jogo que os cruzeirenses não venceram foi
contra o Olímpia, na casa dos adversários.
Já na segunda fase de
grupos, como um dos favoritos ao título, o time celeste passeou por cima de seus
adversários. Contra o Alianza Lima, duas goleadas. 4 a 0 no Peru e 7 a 1 no
Mineirão. Contra o outro time do grupo, a LDU, mais dois resultados positivos.
Um épico 3 a 1 na altitude de Quito e 4 a 1 em casa.
Com esse desempenho, o Cruzeiro se classificou para a final, onde encarou o River Plate em três jogos. O primeiro deles, no Mineirão, a raposa passeou e goleou os argentinos por 4 a 1. Na volta, no Monumental de Nuñez, os adversários venceram por 2 a 1, forçando uma terceira partida. Assim, em jogo épico em Santiago do Chile, o time celeste venceu por 3 a 2, com gol salvador de Joãozinho já no final do jogo.
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