28 de junho de 2021 Adriana de Paula
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xistem
alguns criminosos que entraram para a história pela ousadia dos seus crimes e
pelo modo como desafiaram a polícia em suas ações. Leonardo Pareja é um desses.
Entre os anos de 1995 e 1996, ele dominou os noticiários, primeiro por ficar
durante mais de um mês fugindo da polícia de Goiânia e, depois, por suas ações
dentro do presídio onde foi preso.
Leonardo
cresceu praticando pequenos delitos, até que resolveu embarcar em ações mais
ousadas, que pudessem render mais dinheiro. Assim, foi conquistando o respeito
de outros criminosos e, ao mesmo tempo, ganhando fama em programas de TV,
rádios e jornais, chegando a aparecer ao vivo durante a sua fuga.
Considerado
galã, o jovem falava inglês e espanhol, tocava piano e dominava a área de
programação de computadores. Embora levasse uma vida de um rapaz da classe
média, foi no mundo do crime que encontrou a realização que procurava.
Em setembro de 1995, Pareja cometeu um assalto em um hotel de Feira de Santana, na Bahia. Para conseguir fugir ileso, ele sequestrou Fernanda Viana, uma adolescente de 16 anos. A garota era sobrinha de Antônio Carlos Magalhães, um dos políticos mais influentes do país na época. Assim, teve início uma longa perseguição ao criminoso e todos os holofotes da mídia se voltaram para as suas ações.
Ao
falar sobre o caso, Leonardo Pareja dizia que deu sorte por sequestrar
justamente a sobrinha de alguém que mandava na polícia, caso contrário, tanto
ele quanto a jovem estariam mortos.
Três
dias depois, ele libertou a refém e deu início a uma das maiores perseguições
já registradas pela polícia daquela região. Ele cruzou três estados, até chegar
em Goiânia, sua terra natal. Durante o trajeto, parou para dar entrevistas,
distribuir autógrafos e anunciar os caminhos que percorreria.
Desafiar
a polícia e ficar famoso eram dois dos objetivos de Leonardo. E ele conseguiu
alcançar os dois. Mesmo dizendo publicamente em que cidade ia parar, o fugitivo
conseguia escapar da polícia com carros roubados e seguir em seu percurso de
deboche.
Depois de um mês de fuga, Pareja, finalmente, se entregou, após fornecer para uma repórter da Rede Globo a sua localização. O cárcere, porém, não colocaria fim à sua sede de desafiar as forças policiais. Em abril de 1996, ele se juntou a outros detentos para organizar uma rebelião na penitenciária de Aparecida de Goiânia. A rebelião durou sete dias e resultou na fuga de 43 presos.
Tendo
como reféns o secretário de segurança pública de Goiânia e o presidente do
Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Homero Sabino, Leonardo saiu do
presídio levando o desembargador. Durante a fuga, transitou de carro pela
cidade, parou em restaurantes para comprar bebida e cigarros e só foi detido
quando tentou chegar em Brasília.
Durante
a prisão, ele fez questão de deixar claro que se rendeu. Não admitia imaginar
que pudesse ser pego pela polícia, a adrenalina da fuga e do desafio moviam as
suas ações.
No dia 10 de dezembro de 1996, Leonardo Pareja foi morto com sete tiros disparados por cinco colegas de prisão. Segundo as autoridades, ele teria morrido porque delatou a existência de um túnel que seria usado para uma fuga. Há quem conteste essa versão e diga que ele foi executado a mando de autoridades do Estado.
Durante
seu enterro, uma bandeira do Brasil foi colocada em cima de seu caixão. Uma
legião de admiradores esteve presente, exaltando-o como um herói. A polícia
exigiu a retirada da bandeira sob a alegação de que aquilo era uma apologia ao
crime.
A sua vida foi contada em livros, podcasts e no documentário “Vida Bandida”, de Régis Faria. Sua mãe recebeu uma indenização do Estado pelo fato de sua morte ter ocorrido dentro do presídio. Recentemente, ela faleceu vítima de covid.
Leonardo
Pareja segue sendo lembrado como o responsável por uma das maiores fugas já
realizadas no Estado de Goiás.
Referências:
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/12/11/cotidiano/18.html
https://goias24horas.com.br/153070-mae-de-leonardo-pareja-morre-de-covid-19-em-aparecida-de-goiania/
Blog do Paixão