O nome Ouricuri provém de uma palmeira de designação idêntica que existiu no local onde foi erigida a cidade.
Conforme o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, 1ª. Edição, 1975, Editora Nova Fronteira, assim explica: “Aricuri (do tupi Ariku-ri) planta da família das palmeiras (coco coronata) de drupas comestíveis, cuja medula fornece fécula e cuja semente fornece óleo alimentar. Variantes: alicuri, aricui, iricuri, uricuri, Ouricuri, licuri, nicuri. Sinônimos: urucuriiba, coco-cabaçudo, coqueiro-cabaçudo, butiá, butizeiro, licurizeiro”.
Encontramos no Dicionário Corográfico, histórico e Estatístico de Pernambuco, de Sebastião Vasconcelos Galvão, “Ouricuri foi primitivamente o nome da povoação Aricori, o qual era também o da taba ou aldeia de índio que aí existiu Aricori é vocábulo indígena e os catequizados que ali há, traduzem-no por duas serras próximas ou juntas, isto é, era a aldeia das duas serras juntas. Mas, a Assembleia Provincial assim não entendeu quando criou a freguesia, corrigiu para Ouricuri, aliás abundante naquela região e sobretudo na parte ocidental e na fronteira pernambucana com o Estado do Piauí.
Uma outra versão para Ouricuri, seria de um hábito indígena que em certas épocas do ano, os índios aldeiados, somente os legítimos de determinada tribo, se reuniam por algum tempo em misterioso convívio, num local escondido que chamavam Ouricuri. Há diversas opiniões para explicar a permanência dos índios no Ouricuri. Para uns, eles voltavam a praticar atos dos tempos em que eram bárbaros. Outros acreditavam que era uma oportunidade para roubo de gado porque, justamente naquele tempo da estada no Ouricuri, era frequente o desaparecimento de gado. Outra opinião é de que os índios davam ali a práticas supersticiosas.
Os índios da família dos cariris foram os primitivos habitantes de Ouricuri, traduziam a palavra como “duas serras juntas”. Pelo lado norte da cidade há uma elevação do terreno com o nome de Serrinha que se prolongando para leste faz uma baixada na fazenda Tranqueira. Poder-se-ia interpretar o caso de duas serras juntas em obediência à semântica indígena, entretanto, essa versão atribuída aos índios aldeados aqui, não foi transmitida aos pósteros. Também não se encontra qualquer alusão vir a ter origem do Ouricuri, isto é, esconderijo de índios em atos de superstição.
A tradição conservou a versão de ter se originado o nome da cidade de Ouricuri, da palmeira da família cocos coronata – aricuri ou Ouricuri.
Esta origem, aceita pela Assemebleia Provincial é confirmada por pessoas conhecedoras do passado de Ouricuri, como Baldomiro Pedro da Silva, ex-tabelião, falecido aos 90 anos de idade, detentor de memória prodigiosa, subsidiada pelo constante manuseio de documentos a que lhe obrigava sua função notarial. Hildebrando Damascena Coêlho, atualmente aos 95 anos, também conhecedor do passado de sua terra natal. Anísio Coêlho Rodrigues, já falecido, um dos que mais devassaram a história de Ouricuri, tendo preparado um manuscrito neste assunto que deixou em mãos do filho Sebastião Coêlho, coronel-médico do Exército.
São pessoas por demais conhecidas no município, de inconteste honorabilidade que fazem esse registro para a nossa história qual seja, tem se originado o nome de Ouricuri, da palmeira aricuri.
A tradição é confirmada por Pereira da Costa (Anais Pernambucanos – Vol. X – pág. 318 – Arquivo Público Estadual – 1966), conforme se vê: “Tira esta a sua denominação, que também é o do próprio município, do nome da palmeira Ouricuri, ou Aricori, com a registra Almeida Pinto (cocos coronata) que ali vegeta, nome de origem tupi, corruptela de Aricuri, o cacho amiudado, ou repetido, o dá cacho de contínuo, segundo Teodoro Sampaio”.
Apenas a grafia aricuri não foi conservada porque o padre Francisco Pedro da Silva por questão de euforia modificou para Ouricuri ao firmar , juntamente com o Padre Antônio da Cunha Pereira, o documento do qual solicitavam da diocese de Olinda a criação da freguesia de São Sebastião de Ouricuri, tendo com sede a faixa de terra que passou a ser conhecida por patrimônio de São Sebastião em virtude de ter sido doada sob a invocação do santo, por Da. Maria de Souza Goulart.
Firmando assim ter Ouricuri originado do nome da palmeira, resta-nos saber a quem atribuir a designação. Sabe-se por aqui passava um caminho do Ceará ao Rio São Francisco e Bahia ou vice-versa. Aos padres, os principais transeuntes em missões religiosas, talvez, pudéssemos pensar tenha posto o nome Aricuri como ponto de referência para marcar distância ou local de repouso.
Do pessoal da Casa da Torre, não é provável ter nascido o nome vez que o centro oeste pernambucano não era local apropriado ao mesmo para montar currais de gado em virtude da falta de água e alimento para os rebanhos nos períodos de verão prolongado, forçando a construção de açude.
De João Pereira Goulart, primitivo dono da propriedade agropastoril Tamboril ou de seus vaqueiros, atribui-se com maior possibilidade de acerto de designação de Aricuri para um dos recantos dessa propriedade no qual existia a palmeira com intuito de ampliar o período da ordenha e preparara mais queijo e manteiga a serem utilizados na alimentação.
Parabéns, Ouriruci, pelos seus 119 anos de emancipação política.
Fragmento do Livro - Ouricuri: História e Genealogia de Raul Aquino
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