PUBLICIDADE

Type Here to Get Search Results !

cabeçalho blog 2025

Enfermaria do Hospital da Restauração á alvo de interdição ética; diretor diz que atendimento 'continua normal'

Conselho Regional de Enfermagem (Coren-PE) apontou 'riscos à integridade física dos profissionais e pacientes'. Diretor-geral do HR disse que recebeu a notícia 'com surpresa e indignação'.

Por Mário Carvalho e Priscilla Aguiar, TV Globo e g1 PE


Imagens no relatório do Coren-PE mostram situação nas salas laranja e vermelha do HR — Foto: Divulgação/Coren-PE

A enfermaria do Hospital da Restauração (HR), no Derby, no Recife, foi alvo, nesta quarta (6), de uma interdição ética na emergência de trauma e nas salas vermelha e laranja 1 e 2. De acordo com o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-PE), a medida foi tomada após a constatação de "riscos à integridade física dos profissionais e pacientes".

O diretor geral do Hospital da Restauração, Miguel Arcanjo, afirmou, em entrevista coletiva, que recebeu a notícia "com surpresa e indignação".

Também disse que, apesar da interdição ética, o grupo de enfermagem "continuou trabalhando normalmente" e o atendimento "segue normal" (veja mais abaixo).

A decisão pela interdição ética na unidade, que conta com a maior emergência de trauma do Nordeste, foi publicada no Diário Oficial da União.

De acordo com o documento, é assegurada a continuidade do atendimento dos pacientes que já estão internados ou sob cuidados da equipe de enfermagem do HR.

A decisão, segundo o Coren-PE, foi tomada com base em relatórios feitos pelo Departamento de Fiscalização do conselho após recorrentes episódios de desabamento de partes do teto em setores de atendimento e internação, além de falhas nos sistemas elétricos e hidráulicos.

Segundo o conselheiro do Coren-PE Gidelson Gabriel Gomes, a situação vem sendo monitorada há longo prazo, mas o relatório de sindicância que resultou na interdição ética foi elaborado após o desabamento de placas que gesso que compõem o forro do teto do HR, no dia 2 de maio, quando a água de um cano estourado atingiu pacientes (veja vídeo acima).

O conselho informou que uma comissão de sindicância foi instituída e, durante inspeções, constatou "a gravidade da situação" e a "falta de documentos comprobatórios de manutenções recentes e regulares nos sistemas estruturais".


Gidelson Gabriel Gomes, conselheiro do Coren-PE — Foto: Reprodução/TV Globo

Também foi observado, segundo o Coren-PE, que não há um cronograma com planejamento para ações futuras de manutenção.

“O relatório de sindicância apontou sobretudo problemas de estrutura física, de superlotação e esses problemas na verdade acabam constituindo uma insegurança técnica do ponto de vista que pode causar danos tanto aos profissionais quanto aos pacientes que ali estão, inclusive o risco de infecção hospitalar” , afirmou Gidelson Gabriel Gomes.

O g1 teve acesso ao relatório feito pelo conselho, que aponta que “há oito anos houve a última reforma geral" e que "existe um projeto de reforma em toda a instituição mas não há previsão de início e de término da obra". Além disso, informa que a "reforma não contempla ampliação de espaço físico e número de leitos".

O documento conta ainda com imagens que mostram a superlotação e informa que, no momento da inspeção, emergência excedia 48% da sua capacidade.

“A superlotação é mais evidente nas salas laranja e vermelha, onde identifica-se a presença de pacientes acomodados em macas baixas e altas, dispostas em todas as áreas, dificultando até o deslocamento dos profissionais na prestação de assistência”, diz o relatório.

'Surpresa e indignação'


O diretor geral do HR, Miguel Arcanjo, em entrevista coletiva — Foto: Reprodução/TV Globo

O diretor geral do HR afirmou que respondeu todas as notificações enviadas pelo Coren-PE quando houve o rompimento do cano, em maio.

"Respondemos ponto a ponto. Os problemas que tínhamos mais graves foram solucionados e todas as respostas foram dadas. E a partir dai não recebemos mais nenhuma notificação", afirmou Miguel Arcanjo.

Ele disse que foi notificado da interdição ética por volta das 11h desta quarta no grupo de enfermeiros e técnicos de enfermagem.

"Recebemos com surpresa e indignação. Estamos diante de uma emergência que atende todos os politraumatizados do estado. É o único serviço de neurocirurgia, de queimados, de hemorragia digestiva, além de cirurgia geral, cirurgia vascular, cirurgia bucomaxilo facial, cirurgia traumatológica, entre outras especialidades", afirmou.

O diretor disse que o hospital tomou as medidas jurídicas cabíveis. "Estramos a tarde com uma ação judicial para derrubar essa interdição ética e funcionarmos a todo vapor. A enfermagem tem papel fundamental na assistência aos pacientes. Nós, enquanto médicos, recebemos os pacientes e fazemos as medidas cabíveis, porém a enfermagem que continua o cuidado do paciente", disse.

Ele ressaltou que o grupo de enfermagem da unidade de saúde continuou trabalhando mesmo após a decisão do Coren-PE e que o atendimento não foi afetado.

"Conversamos com o grupo de enfermagem do hospital e graças a Deus eles entendem a situação e nós continuamos a trabalhar normalmente", declarou.

Miguel Arcanjo afirmou que o número de pacientes na emergência do HR reduziu entre 35% e 40% com relação a maio.

"Pacientes estão sendo encaminhados para o antigo Hospital Alfa quando saem de protocolos cirúrgicos. Estamos com duas licitações estruturais e de equipamento que correm em paralelo", afirmou.

Por nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) afirmou que tem atuado para modernizar a estrutura e qualificar a assistência no HR e que, no último mês, foi lançada a licitação para a primeira etapa de obras de recuperação da fachada e da coberta, reforçando a estrutura contra processos de infiltração.

"Já nos próximos dias, será lançado o edital para a segunda etapa das obras. Ao todo, serão investidos R$ 24 milhões na unidade, que vai passar ainda por serviços de revisão e recuperação de toda a infraestrutura, além de renovação do parque tecnológico", disse, no comunicado.

Problema recorrentes

Além do problema identificado em maio, ocorreram situações semelhantes no HR em outras ocasiões. Em janeiro, após forte chuva no Grande Recife , uma infiltração deixou corredores alagados na ala de trauma da unidade de saúde.

Na época, a unidade de saúde disse que o prédio do hospital tem mais de 50 anos e que essas infiltrações sempre ocorrem em dias de muita chuva.

Em abril de 2021, placas de gesso se desprenderam do teto e caíram no setor de imagem do HR, que fica no primeiro andar do hospital, onde são realizados exames de diagnósticos, como tomografia, raio x e ultrassom. Em dezembro de 2021,o forro do teto desabou na entrada da recepção da emergência pediátrica.

Maior unidade da rede

O Hospital da Restauração é o maior da rede pública de Pernambuco. A unidade de saúde é considerada referência no atendimento de casos de queimaduras graves, intoxicação por animais peçonhentos, vítimas de violência e acidentes de trânsito.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o hospital realiza, em média, 180 atendimentos por dia na emergência e que o HR possui 830 leitos registrados no Ministério da Saúde.

Postar um comentário

0 Comentários
* Por favor, não faça spam aqui. Todos os comentários são revisados ​​pelo Admin.

Publicidade Topo

Publicidade abaixo do anúncio