O candidato a presidente do PTB causou controvérsia no debate
Padre Kelmon, candidato que substituiu o ex-deputado Roberto Jefferson - Foto: Reprodução/Instagram
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igura controversa
que ganhou notoriedade no último debate entre presidenciáveis, realizado na
quinta-feira (29), na TV Globo, Kelmon Luis da Silva Souza virou
candidato pelo PTB depois do nome escolhido pelo partido, o ex-deputado Roberto
Jefferson teve sua candidatura barrada pela Lei da Ficha Limpa. O
petebista se autodenomina Padre Kelmon e também de sacerdote. Mas qual a
verdade sobre isso?
Anunciado pelo PTB, inicialmente como candidato a vice de
Jefferson, Kelmon Souza é natural de Acajutiba, na Bahia, e tem 45 anos. No
site do partido, ele foi descrito como uma pessoa “dedicada à igreja” desde
criança e que, em 2003, resolveu seguir o caminho da ortodoxia - vertente do
cristianismo, assim como a Igreja Católica Apostólica Romana, e que tem uma
presença mais forte em outras regiões do mundo.
O perfil diz ainda que ele aceitou o desafio de criar,
numa ilha da Bahia, uma missão ortodoxa e dali fazer surgir uma paróquia. No
entanto, o nome do local não é divulgado e fala que, lá, ele conheceu o
ex-deputado. Segundo o PTB, Kelmon é presidente do Movimento Cristão
Conservador. “Em 7 de outubro de 2021, foi eleito pelo Santo sínodo da igreja
como bispo e nesta mesma data, na cidade de São Paulo, fundou o Movimento
Cristão Conservador Latino-Americano, assumindo como o seu primeiro Presidente.
Será Sagrado Bispo em novembro de 2022 na sua cidade Natal, Salvador”.
Na Ortodoxia
Oriental –, o Santo Sínodo é a autoridade máxima na igreja e formula as regras
e regulamentos relativos a questões de organização da igreja, fé e ordem de
serviço. No dia 14 de setembro, no entanto, Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia
no Brasil emitiu um comunicado oficial, dizendo que Kelmon não integra nenhuma das
“paróquias, comunidades, missões ou obras sociais” da instituição.
O documento,
assinado pelo arcebispo Dom Tito Paulo George Hanna, afirma ainda que Kelmon
“nunca foi seminarista ou membro do clero” da igreja em nenhum dos três graus
da ordem (diácono, presbítero/padre e bispo), quer no Brasil ou em qualquer
outro país. A nota diz ainda que o mesmo vale para suas igrejas irmãs: Igreja
Copta Ortodoxa de Alexandria, Igreja Apostólica Armênia, Igreja Sirian Ortodoxa
Malankara, Igreja Ortodoxa Etiope ou Igreja Ortodoxa Eritreia.
O petebista chegou a reclamar dessa nota e, segundo a sua
legenda novamente, alegou ter documentos de sua ordenação em 2015, em São
Paulo. Recentemente, após ele assumir a titularidade da candidatura, sua
assessoria informou que ele integra a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa do
Peru. Em seguida, divulgou uma carta de Ángel Ernesto Morán Vidal, chefe da
organização religiosa, que diz que o candidato é “parte da nossa jurisdição
eclesiástica”.
A reportagem
visitou a página no Facebook da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa do Peru,
que foi criada em julho de 2020, e tem pouco mais de 700 seguidores. A maioria
das postagens se referem a nomeações de membros do clero e são escritas em
português. . Em uma delas, de outubro de 2021, é informado que Kelmon foi
nomeado bispo eleito para o Brasil e que teria sido ordenado sacerdote em 2013.
E não 2015 como ele alegou.
Blog do Paixão