Meu irmão César (in memoriam) passeando de cavalo com o meu filho Jimmy. tempos bons e felizes com a presença de um tio dedicado aos sobrinhos
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dia 12 de outubro é um dia para ser alegre, vibrante, cheio de magia, fantasias e
tenho certeza que ainda no século 21 para muita criança, essa magia de Papai
Noel e todo um conto de fadas que as estórias contam, que vendem muito nos
cinemas, enchem os bolsos dos grandes conglomerados de animação, como a Disney,
a Pixel (fusão) e tantos outros que exploram os desejos principalmente daqueles
sonhadores, ainda é um tempo distante.
A nossa vida de criança foi
sempre assim: difícil, pobre e sem muita esperança. Brinquedos? A gente tinha
que ser criativo e inventar. Naquele tempo nós já aprendíamos e ensinar sem
querer e saber a forma de reciclar. A “lata de óleo” jogada fora era
transformada em arte (o carrinho); as rodas eram de chinelos velhos desprezados
no lixo que ficava de frente das nossas casas e o cordão de puxar era qualquer
coisa que encontrássemos para a diversão daquela garotada de vida paupérrima que
transformava restos em felicidade.
Jogar futebol era tão difícil porque comprar uma bola não era nada fácil e às vezes tínhamos que improvisar criando o objeto de difícil acesso com restos de meias velhas, pedaços de panos que também eram encontrados com dificuldade porque no bairro, cada sobra era disputada como se nada fosse inútil, como se tudo faltasse a não ser esperar dona Cleó (minha mãe Cleonice) trazer a noite algum brinquedo quebrado dos filhos do riquinhos a qual ela trabalhava para então o riso dar lugar aquela imensa felicidade transbordada também pela reciprocidade de uma mãe cheia de bondade.
E para completar as já barreiras de dificuldades, as
escolas (independência, CERU, Padre Luiz Gonzaga) entidades públicas não
permitiam que pelo menos no dia da criança ou os finais de semana fossem
liberadas para que jogássemos o nosso tão apaixonado futebol. Quem da nossa
comunidade ou bairro nunca pulou os muros das escolas públicas para jogar bola
e não correu dos vigias para não apanhar deles literalmente. E ainda falam da
ditadura dos outros, como se nunca comungassem com ela. Basta dar uma olhada em
quem governava o Estado de 80 para 86 e podemos entender que a política medonha
de travar os mais pobres sempre foi corriqueira em todos os governos de todas
as estirpes, de todas as correntes ideológicas. Democracia é apenas uma “merda”
de regime político defendido em palanque pela maioria dos hipócritas deste
país. Na prática, no bastidor, ela não existe. E olhe que as escolas de paredes
e muros repressivas eram as mesmas em que todos aqueles jovens e crianças que
tentavam atravessar suas barreiras para se divertir eram alunos de todas elas.
Pode isso?
Mas deixando a tristeza e o
passado de lado, trouxe aqui alguns momentos em que pudemos ultrapassar todas
as barreiras da dificuldade e garantir aos nossos filhos um pouco do que fora
tirado de nós.
Eu e meu querido irmão (que saudades) sempre ladeado dos meus filhos. César era aquele Papai Noel da família que adorava crianças.
O avô Benjamin com os netos Renan e Rossana lá no Sítio Água Fria em Nascente, Araripina-PE
Blog do Paixão