RICARDO KERTZMAN - colunista da isto é
E |
u não sei se essa gente
bolsonarista – e o próprio verdugo que dá o nome aos bois – é amadora, burra,
mal-intencionada, afoita, desesperada ou tudo isso, junto e misturado, em
concorrência com a conhecida e irrefreável ebulição golpista. O fato é que inventam
tanta besteira, mas tanta besteira, que nem os bolsominions acreditam mais.
O primeiro inimigo foi o Congresso. Daí rolou acordo com o centrão, e o orçamento secreto resolveu tudo. O segundo inimigo
foi o Supremo. Daí Dias Toffoli e Gilmar Mendes deram uma
ajudinha, e o senador das rachadinhas, após retirar a assinatura da (quase) CPI
da Lava Toga, respirou aliviado. Mas a vida dos golpistas tinha de continuar.
Em seguida, ao invés de demonizar o STF, o alvo passou a
ser Alexandre de Moraes,
o Xandão. Não satisfeitos, miraram as urnas eletrônicas.
Humilhados, transformaram o ministro Barroso em bola de vez. Derrotados pelos
fatos, partiram para cima das pesquisas eleitorais, e, agora, querem até mesmo
prender os donos dos institutos.
Até o momento nada funcionou, e ainda que aos trancos e
barrancos, a democracia segue seu rumo. Roberto Jefferson mandou
chumbo na PF, mas o tiro saiu pela culatra. Por fim, ao menos até então, o novo
ataque golpista também deu com os burros n’água: o “escândalo” das inserções
eleitorais é simplesmente patético.
Deixe-me desenhar bem direitinho pra vocês, meus leitores
queridos. Garanto que até Dilma Rousseff, nossa eterna estoquista de vento,
conseguirá entender e explicar para os outros. Bora lá? Bem, primeiro é
importante eu lembrar: absolutamente tudo o que segue abaixo é fato! Não é
palpite, não é “diz que me diz”, não é opinião. É fato!
A empresa que fez a “auditoria” é uma fornecedora da Havan –
sim, a do véio! – e não tem qualquer experiência no assunto. Aliás, foi fundada
há menos de três anos. Além disso, usa um programa que não serve para porcaria
nenhuma, senão causar confusão. Ele “ouve” mal, interpreta mal e conclui pior
ainda. Não se trata, pois, de auditoria alguma.
Por exemplo: ele “ouve” rádios na
internet (streaming), onde as inserções eleitorais não são transmitidas. Ele
“ouve” rádios nos estados, onde há segundo turno, e o nome “Lula”
é, por óbvio, falado mais vezes (os candidatos aliados veiculam propagandas
atreladas ao sapo barbudo). Por isso eu disse que “ouve” mal e interpreta pior
ainda. Mas não só.
A denúncia feita pelos bolsonaristas falava
em 154 mil veiculações sonegadas ao amigão do Queiroz. Sabe como chegaram a
este número? Pegaram 8 rádios – sim, oito! -, acharam 700 inserções faltantes
(o que não foi provado) e fizeram um cálculo estimado para todo o Brasil (há
quase 5 mil rádios em operação por todo o País). Sério! Eu juro que foi assim.
Mas não acabou, não, amigos e amigas. Sabe o tal
funcionário demitido do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)? Pois é. Ele é
bolsominion assumido, cheio de publicações nas redes, e disse que recebeu uma
denúncia de fraude de uma rádio baiana. Beleza. Mas a rádio, vejam vocês, é de
uma senhora que faz propaganda para… Jair
Bolsonaro!
Sim, a senhora tem foto ao lado da primeira-dama Michelle
– aquela dos micheques do Queiroz, lembram? -, fazendo propaganda eleitoral
para o presidente. Acreditem ou não, mas quem denuncia a fraude (que não houve)
– favorecimento ao meliante de São Bernardo – prejudicaria, se assim fosse, o
próprio mito de sua louca idolatria.
Ah! Tem rádio comunicando ao TSE que jamais recebeu o
material eleitoral, e por isso não o veiculou conforme deveria. Explico: a
responsabilidade pela distribuição das inserções é do próprio PL (Partido
Liberal), do ex-presidiário e mensaleiro Valdemar da Costa Neto, sócio do clã
Bolsonaro na direção do partido. Ou seja, neste caso, a culpa é deles mesmos.
Aliás, é mentira do patriarca das rachadinhas, que o TSE é
o responsável por distribuir e fiscalizar o material de campanha e a
veiculação. A responsabilidade é dos partidos! O TSE não produz, não distribui
e não fiscaliza nada. Se os partidos encontram irregularidades, avisam ao
Tribunal que, então, atua conforme a legislação eleitoral. Nada mais.
Então, ficamos assim: é mentira o número de inserções
faltantes. É mentira a correlação entre o funcionário demitido e a rádio
baiana. É mentira a responsabilidade do TSE. É mentira que houve auditoria – a
empresa é nova, sem experiência e fornecedora do Véio da Havan. O PL, por
vezes, não enviou material e não fiscalizou, conforme suas atribuições.
Mas é fato que Jair Bolsonaro, o devoto da cloroquina, e
sua gente aloprada não aceitam a possibilidade de derrota. É fato que tentaram,
tentam e tentarão destruir o processo eleitoral e, no limite, a própria
democracia brasileira. É fato que este factóide é apenas mais uma tentativa
tosca de melar o jogo e semear mais terraplanismo na cabeça oca do gado.
Não há resultado aceitável para essa canalha, senão a
vitória no domingo… Toc, toc, toc! Até lá, provavelmente, insistirão nas
mentiras, nas fake news e na baixaria eleitoral. Insistirão no golpismo
assumido. E eu insistirei em contrariar 99.99% dos meus amigos, ainda que isso
me custe assistir a Lula da Silva – contra a minha vontade!! – substituir este
“tumor maligno” para a democracia, que é Jair Bolsonaro, o Messias do
apocalipse golpista.
Blog do Paixão