Após
investigação da PF e do MPF, STJ determinou afastamento por 180 dias. Candidato
à reeleição, Dantas diz que ação foi 'aparelhada para atender interesses
político-eleitorais'.
Por Cau Rodrigues e Michelle Farias, g1 AL
Paulo Dantas foi eleito governador de Alagoas em eleições indiretas em maio deste ano — Foto: Jonathan Lins
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pós ser afastado do cargo de governador de Alagoas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) nesta terça-feira
(11), Paulo Dantas (MDB)
chamou de "encenação" a operação da Polícia
Federal e do Ministério Público Federal que investiga um desvio de R$ 54 milhões na Assembleia Legislativa de Alagoas
(ALE) e disse que vai recorrer da decisão. "O recurso
judicial será firme".
A Operação Edema
cumpriu 31 mandados de busca e apreensão na ALE, no Palácio do Governo e na
casa de Dantas e de parentes dele. Foram apreendidos R$ 100 mil em espécie na casa do governador e R$ 14 mil
com ele em um hotel em São Paulo, além de R$ 150 mil na casa de um
cunhado dele. O celular do governador também foi apreendido.
"Revela-se
grotesca a ‘ação’ – na verdade, ‘encenação’ – de uma ala da Polícia Federal,
que permitiu ser aparelhada para atender interesses político-eleitorais,
tentando dar um golpe na minha candidatura à reeleição de governador de Alagoas
para favorecer o candidato de Arthur Lira, Rodrigo Cunha", disse Dantas,
por meio de nota à imprensa.
O governador agora
afastado faz referência ao segundo turno das eleições em Alagoas, que disputa com Rodrigo
Cunha (União Brasil). A disputa representa a briga entre os grupos
políticos mais importantes atualmente no estado, um comandado por Renan
Calheiros (MDB) e o outro, pelo presidente da Câmara Federal, o deputado
federal Arthur Lira (PP).
O tom da nota é o
mesmo utilizado pelo senador Renan Calheiros (MDB) no Twitter para acusar Lira de ter orquestrado a operação às vésperas do segundo turno.
O deputado federal se defendeu na mesma rede social, dizendo que "Renan
quer mesmo é esconder embaixo do tapete as denúncias de corrupção que envolvem
o seu grupo político e manter o poder em AL".
A nota divulgada
pela assessoria de Paulo Dantas lança ainda suspeita sobre a imparcialidade da
Operação Edema, que "foi anunciada por adversários, evidenciando a
manipulação da operação policial. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur
Lira, por exemplo, já havia ameaçado, na véspera do 1º turno, revelar no 2º
turno detalhes da operação, que seria sigilosa".
A operação apura supostos desvios de recursos públicos desde 2019 para desvio milionário na ALE, que teria como principais beneficiários o governador e sua esposa, a prefeita da cidade de Batalha, Marina Thereza Dantas. A irmã e um cunhado de Paulo Dantas também estão entre os investigados.
O g1 entrou em
contato com a defesa das demais pessoas citadas na investigação, mas não tinha
recebido resposta até a última atualização dessa reportagem.
Com o afastamento
de Dantas, o vice-governador Dr. Wanderley (MDB) deve assumir o cargo.
Além do afastamento, a Justiça determinou que o governador e os demais
investigados, que não tiveram os nomes divulgados, não mantenham contato entre
si e não frequentem os órgãos públicos citados na apuração.
Leia a íntegra da
nota do governador Paulo Dantas:
Revela-se grotesca
a ‘ação’ – na verdade, ‘encenação’ – de uma ala da Polícia Federal, que
permitiu ser aparelhada para atender interesses político-eleitorais, tentando
dar um golpe na minha candidatura à reeleição de governador de Alagoas para
favorecer o candidato de Arthur Lira, Rodrigo Cunha.
Sob pretexto de
investigar acusações de 2017, essa parte da PF pediu à Justiça o meu
afastamento do cargo, a três semanas do 2º turno, e estando com 20 pontos de
vantagem.
A tentativa de
criar alarde perto da confirmação da vitória é fácil de ser desconstruída: foi
anunciada por adversários, evidenciando a manipulação da operação policial. O
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, por exemplo, já havia
ameaçado, na véspera do 1º turno, revelar no 2º turno detalhes da operação, que
seria sigilosa.
Aos que acham que
os alagoanos são manipuláveis por uma fake news travestida de oficialidade, a
nossa campanha avisa: nosso povo não se rende a enganações e sabe muito bem a
origem das mentiras. O recurso judicial será firme, e vamos seguir rumo à
vitória.
PF cumpre mandados
no ALE e no Palácio do Governo - VEJA VÍDEO AQUI!
Blog do Paixão