Daniel Coelho,
André de Paula e Raul Henry saem da Câmara em 2023; chegam Coronel Meira,
Clarissa Tércio e Mendonça
Vinícius Sobreira
Brasil de Fato |
Recife (PE) |
Maria Arraes, Pedro
Campos e Iza Arruda: três jovens estreantes e vitoriosos; todos parentes de
políticos - Montagem: Brasil de Fato/ Fotos: divulgação
O |
dinheiro derramado pelo “orçamento secreto”
através dos deputados federais, somado às mudanças nas regras eleitorais –
entre elas encurtamento do período de campanha para apenas 7 semanas – foram
apontadas como favoráveis aos parlamentares que já possuem mandato,
dificultando a renovação das casas legislativas. No entanto, em Pernambuco isso
não se concretizou. Entre os 25 deputados federais eleitos, apenas 13 foram
reeleitos e 12 não tinham mandato na Câmara.
Os doze “novatos”,
por partido, são: Pedro Campos (PSB), Eriberto Medeiros (PSB), Lucas Ramos
(PSB), Guilherme Uchôa Junior (PSB), Clodoaldo Magalhães (PV), Maria Arraes
(SD), Iza Arruda (MDB), Waldemar Oliveira (AVA), Clarissa Tércio (PP), Lula da
Fonte (PP), Coronel Meira (PL), além do retorno de Mendonça Filho (UB), que
perdeu a disputa de 2018 e agora recupera a vaga em Brasília.
O campo
progressista, que conta atualmente com 9 federais pernambucanos, terá os mesmos
9 a partir de janeiro, com algumas mudanças de nomes, como a saída de Wolney
Queiroz (PDT) e a chegada de Clodoaldo Magalhães (PV), além da troca de nomes
do PSB. No campo à direita, o Cidadania, o PSD e o Podemos perderam suas
cadeiras, que agora serão ocupadas por PL, União Brasil e PP.
PSB
mantém tamanho, mas troca nomes
Após João Campos deixar a Câmara para assumir a Prefeitura do Recife, chegou a vez de Pedro representar os herdeiros de Eduardo Campos em Brasília / Lula Carneiro/PSB
Para o quadriênio
2023-26 o Partido Socialista Brasileiro (PSB) elegeu cinco federais por
Pernambuco, mesmo número de cadeiras que possui atualmente. Se em 2018 o mais
votado foi João Campos (PSB), que hoje é prefeito do Recife, desta vez o mais
votado do partido (e 3º do estado) foi seu irmão Pedro Campos, de 27 anos, que
teve 172,5 mil votos e assumirá seu primeiro cargo político.
Outros
“estreantes” em Brasília são atualmente deputados estaduais que conseguiram
subir um degrau para a esfera nacional. São eles o atual presidente da
Assembleia Legislativa, Eriberto Medeiros (99 mil votos); o petrolinense Lucas
Ramos (85,5 mil), representante dos empresários da fruticultura irrigada; e
Guilherme Uchôa Junior (84,6 mil), herdeiro político do falecido ex-presidente
da Alepe.
O deputado Felipe
Carreras teve 76,5 mil votos (em 2018 foram 114 mil) e foi o único do PSB
pernambucano a conseguir reeleição. Os atuais deputados federais Gonzaga
Patriota, Tadeu Alencar e Milton Coelho ficaram, respectivamente, como 1ª, 2ª e
3ª suplências do partido.
Federação
Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) ganha +1 assento
O deputado estadual Clodoaldo Magalhães (PV) está eleito federal / Reprodução
A federação
partidária formada por Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do
Brasil (PCdoB) e Partido Verde (PV) alcançou 535,8 mil votos e garantiu três
cadeiras. Os partidos, juntos, possuem atualmente duas cadeiras: Carlos Veras
(PT) e Renildo Calheiros (PCdoB). Ambos foram reeleitos e ganham a companhia de
Clodoaldo Magalhães (PV). Natural de Palmares, na zona da mata sul, Magalhães é
médico, gay e deputado estadual em 3º mandato.
Veras (PT) saltou
de 72 mil votos (2018) para 127,5 mil votos (2022) e foi o mais votado do
grupo. Clodoaldo (PV) fez 110 mil votos e Renildo Calheiros (PCdoB) subiu
pouco, de 57,9 mil (2018) para 59,7 mil (2022).
Na federação o
PCdoB fez 63,8 mil votos e o PV fez 116,4 mil, de modo que seus parlamentares
não teriam sido eleitos sem a aliança com o PT. Este, por sua vez, teve 355,6
mil votos, sendo o 6º partido com mais votos no estado, e poderia ter eleito
dois federais caso não estivesse em federação. Os três primeiros suplentes da
federação são do PT: a vereadora e professora de direito Liana Cirne (57,3
mil), o engenheiro elétrico e ex-deputado federal Fernando Ferro (38,9 mil) e a
professora e deputada estadual Dulci Amorim (22 mil).
Rede-PSOL
mantém espaço
Gadelha ampliou sua votação em cerca de 50 mil votos, ficando entre os mais votados de Pernambuco / Reprodução
A federação
Rede-PSOL atualmente possui uma das cadeiras pernambucanas na Câmara Federal e,
neste domingo (2), Túlio Gadêlha (Rede) conseguiu manter a cadeira após
conquistar 134 mil votos (em 2018 foram 75 mil). Ainda na federação, Robeyoncé
Lima (PSOL) foi um fenômeno deste pleito. Codeputada estadual no mandato
coletivo das Juntas, a advogada recebeu 80,7 mil votos e ficou como primeira
suplente de Túlio. A federação Rede-PSOL somou 266,8 mil votos, sendo 151 mil
da Rede e 115 mil do PSOL. Se o grupo obtivesse cerca de 30 mil votos a mais,
Robeyoncé seria mais uma transexual – e negra – na Câmara Federal.
Marília
elege irmã estreante na política
Marília e Maria Arraes em campanha no Recife; a irmã mais velha ainda disputa o 2º turno / Reprodução
Em meados de
abril, quando Marília Arraes deixou o PT para assumir a candidatura ao Governo
do Estado pelo partido Solidariedade, também ficou definido que ela tentaria
“manter” a cadeira da Câmara Federal, agora com sua irmã mais nova, a advogada
Maria Arraes, de 28 anos e que nunca havia se candidatado. Apesar de uma chapa
com apenas 13 candidaturas do Solidariedade, a dobradinha Marília-Maria deu
certo: o partido alcançou 196 mil votos, sendo 104,5 mil de Maria Arraes, 12ª
mais votada do estado. A primeira suplente do SD é Fabíola Cabral, que teve
40,6 mil votos.
Clã
Oliveira também mantém cadeira
Waldemar Oliveira, ao centro, será o herdeiro de Inocêncio Oliveira em Brasília / Reprodução
Em estratégia
similar à de Marília Arraes, o seu candidato a vice-governador Sebastião
Oliveira (Avante) também obteve sucesso ao colocar o irmão na disputa pela
Câmara Federal. Com 26 candidaturas, o Avante fez 225 mil votos e garantiu a
vaga de Waldemar Oliveira (141 mil votos) na Câmara Federal. Sebastião e
Waldemar são os herdeiros políticos de Inocêncio Oliveira, que teve nada
menos que 10 mandatos federais consecutivos, de 1975 a 2014, quando Sebastião
foi eleito para seu lugar. A base eleitoral da família é Serra Talhada.
Republicanos
com menos IURD e mais Centrão
O partido
Republicanos, fundado e controlado pela Igreja Universal do Reino de Deus,
manteve suas duas cadeiras por Pernambuco. Silvio Costa Filho, que não tem
vínculo religioso com a IURD, se filiou em 2018 como estratégia eleitoral e
conseguiu se reeleger, subindo de 109 mil votos (2018) para 162 mil (2022). O
outro federal do partido é o líder religioso bispo Ossésio Silva, mas que
acabou derrotado, com 72 mil votos, ficando na 1ª suplência. Sua cadeira será
ocupada por Augusto Coutinho (101 mil votos), tradicional figura do centrão,
com passagens por DEM e Solidariedade, mas que se filiou ao Republicanos como
estratégia eleitoral.
Raul
Henry perde mandato para estreante
Estreante, Iza Arruda é filha do prefeito de Vitória de Santo Antão / Reprodução
Figura tradicional
do MDB pernambucano, o “jarbista” Raul Henry foi derrotado em sua tentativa de
conquistar o 4º mandato na Câmara Federal. O seu partido conseguiu com folga
superar o coeficiente eleitoral, mas garantiu apenas uma vaga. E os 72,3 mil
votos de Henry permitiram que ele fosse superado por Iza Arruda, jovem
fisioterapeuta de 35 anos, filha do prefeito de Vitória de Santo Antão. O
município não elegia um deputado federal havia décadas. Iza Arruda teve 104 mil
votos. O 1º suplente é Raul Henry e o 2º suplente é Elias Gomes, ex-prefeito de
Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho.
PP
dobra número de cadeiras
O PP de Eduardo da
Fonte subiu de dois para quatro o número de deputados federais eleitos por
Pernambuco. Com 680 mil votos, o partido além de reeleger Fernando Monteiro
(9,7 mil votos) e Eduardo da Fonte (124 mil), ainda elegeu o filho de Eduardo,
o estreante Lula da Fonte (94 mil votos) e a mais votada da bancada, a
bolsonarista Clarissa Tércio, com 240 mil votos, ficando com o posto de 2ª mais
votada de Pernambuco. A 1ª suplente da bancada é a missionária Michele Collins,
vereadora do Recife e tradicional nome do conservadorismo local.
Atual deputada
estadual, a bolsonarista Clarissa Tércio faz vídeos ao vivo provocando
adversários, publicações com notícias falsas nas redes sociais, mas vai
muito além: administra a franquia religiosa Assembleia de Deus Ministério Novas
de Paz, com centenas de templos no estado, além de uma rádio (Novas de Paz),
que é a mais ouvida da Região Metropolitana do Recife, utilizada como
disseminador de ideias similares às que publica em suas redes.
União
Brasil ganha +1 cadeira
Surgido da fusão
entre Democratas e PSL, o União Brasil (UB) teve 461 mil votos e ganhou mais
uma vaga por Pernambuco em Brasília. Seus dois federais atuais foram reeleitos:
Fernando Bezerra Coelho Filho obteve 155 mil votos e Luciano Bivar 74 mil. O
partido também elegeu outra figura tradicional da direita no estado: o
ex-governador Mendonça Filho, que foi deputado federal por dois mandatos
(2010-18), foi ministro da Educação do governo Temer e, em resposta, acabou
derrotado no pleito de 2018, quando tentou vaga para o Senado. Agora
bolsonarista, Mendonça teve 76 mil votos e está de volta a Brasília a partir de
2023.
PL
cresce em +1
O Partido Liberal
(PL), nova casa partidária do bolsonarismo, foi o 3º partido mais votado de
Pernambuco, com 636 mil votos, o que lhe garantiu quatro deputados federais
eleitos, um a mais do que possuía. Irmão do “candidato de Bolsonaro” para o
Governo do Estado, o federal André Ferreira foi o candidato mais votado do
estado, com 273 mil votos. Também foram reeleitos o Pastor Eurico (100 mil
votos) e Fernando Rodolfo (60 mil). O partido também elegeu o Coronel Meira (79
mil), que pela primeira vez sai vitorioso de uma disputa eleitoral. Em 2018
teve 12,7 mil votos para federal e em 2020 apenas 2 mil para vereador do
Recife. Antes, como coronel da Polícia Militar de Pernambuco, era conhecido por
comandar ações violentas.
Outros
derrotados
Wolney Queiroz em campanha no município de Bom Conselho / Reprodução
Também perderam
mandato, por sequer atingirem o coeficiente eleitoral, os deputados federais
Daniel Coelho (CD), Ricardo Teobaldo (Podemos) e Wolney Queiroz (PDT). Daniel
está concluindo seu 2º mandato na Câmara e foi o 11º mais votado de Pernambuco
este ano, com 110,5 mil votos. Mas a federação composta pelo seu Cidadania e
pelo PSDB somou 141 mil votos (o índice mínimo para eleger um foi de
aproximadamente 160 mil) e Coelho ficou de fora.
O Podemos de
Ricardo Teobaldo fez melhor: somou 156 mil votos, chegando muito perto do
coeficiente, mas ainda abaixo. Outro que perdeu espaço foi o PSD de André de
Paula, já que este tentou uma vaga no Senado e acabou derrotado. No campo
progressista, o caruaruense Wolney Queiroz (PDT) teve 63 mil votos e o PDT
somou 140 mil, insuficiente para renovar o mandato do pedetista, que encerra em
dezembro seu 5º mandato federal.
Edição: Vanessa
Gonzaga
Blog do Paixão