Senador responsabiliza Lira por operação da PF e do MPF contra Paulo Dantas, candidato à reeleição. Já o deputado federal acusa Calheiros de tentar interferir no comando da PF para abafar investigação envolvendo o governador.
Por Vivi Leão, g1 AL
Renan Calheiros (MDB) e Arthur Lira (PP) trocam acusações nas redes sociais após afastamento do governador Paulo Dantas pelo STJ — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado e Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados
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afastamento de Paulo Dantas (MDB) do cargo de
governador de Alagoas nesta terça-feira (11), investigado
por suposto envolvimento em esquema de desvio de R$ 54 milhões na
Assembleia Legislativa do estado, gerou troca de acusações no Twitter entre o
senador Renan
Calheiros (MDB) e o deputado federal Arthur Lira (PP).
A discussão gira em torno da operação, mas tem um outro
pano de fundo: a
disputa pelo comando do governo de Alagoas. Isso porque concorrem em
segundo turno ao cargo de governador Paulo Dantas, do grupo comandado por
Calheiros, e Rodrigo Cunha (União Brasil), cuja
a candidatura vem sendo articulada por Lira.
Horas após a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de afastar Dantas, suspeito de chefiar o esquema de desvio de verba milionária, Renan Calheiros postou em seu perfil na rede social que o presidente da Câmara dos Deputados teria orquestrado o que chamou de "armação" contra o atual governador para prejudicá-lo às vésperas da eleição.
"A perseguição ao Paulo Dantas remonta a 2017. Foi parar no STJ por uma armação de Lira e lá perambulou por vários gabinetes até cair nas mãos certas da ministra bolsonarista Laurita Vaz, que não tem competência para o caso", postou o senador Renan Calheiros.
O senador afirmou ainda que o escândalo foi montado por Lira para desestabilizar Paulo Dantas. "Em 5 de outubro alertei o TSE e MP: AL é vítima do uso político da PF e do abuso de autoridades. Pedi a troca do superintendente, cabo eleitoral de Arthur Lira que sonha com a Gestapo. Lira levou uma surra. Vencemos em 83 cidades, elegemos o senador e temos 60% dos votos no 2 turno (Ibrape)".
Pelo Twitter, senador Renan Calheiros (MDB) e deputado federal Arthur Lira (PP) trocam acusações após afastamento do governador Paulo Dantas pelo STJ — Foto: Reprodução/Twitter
Lira rebateu as acusações também pelo Twitter. O presidente da Câmara acusou o senador de tentar interferir junto à PF para abafar a investigação que resultou no afastamento de Dantas.
"Ficou claro o porquê de Renan ter pedido o afastamento do superintendente da PF em AL. Queria abafar a operação Edema. Ao que parece, Renan quer mesmo é esconder embaixo do tapete as denúncias de corrupção que envolvem o seu grupo político e manter o poder em AL", disse Arthur Lira.
Paulo Dantas tem recebido o apoio dos Calheiros durante toda a sua campanha. O atual governador assumiu o Executivo, em maio deste ano, quando o até então governador, Renan Filho (MDB), renunciou ao cargo para concorrer a uma vaga no Senado.
Operação Edema
O STJ determinou o afastamento do governador Paulo Dantas, alvo de uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) na investigação sobre o suposto desvio de verba milionária na Assembleia por meio de funcionários fantasmas.
A PF cumpriu 31 mandados de busca e apreensão nesta terça. Entre os endereços estão a Assembleia Legislativa, a sede do governo, as casas de Dantas e de parentes dele. De acordo com a polícia, foram apreendidos R$ 100 mil em espécie na casa de Paulo Dantas, R$ 14 mil com ele em um hotel em São Paulo e R$ 150 mil na casa de um cunhado dele.
A operação, batizada de Edema, apura supostos desvios de recursos públicos entre 2019 e 2021. Segundo as investigações, os principais beneficiários do esquema teriam sido o governador e sua esposa, a prefeita da cidade de Batalha, Marina Thereza Dantas.
O afastamento de Paulo Dantas (MDB) do cargo não o impede de disputar a reeleição em segundo turno, em 30 de outubro, segundo informou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Alagoas. Dantas tem 43 anos, é governador de Alagoas e disputa a reeleição para o cargo. No primeiro turno, ficou à frente da disputa contra Rodrigo Cunha (União).
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