Pelé – 1972 – O Rei ficou sozinho
Só por mais dois anos Pelé continuará correndo atrás da bola. Por querer que esses dois anos sejam dignos, não causará problemas para a diretoria.
São 17 anos. Semana passada, Pelé abriu o jornal e viu que o último de sua geração tinha partido. Ele está como aquele velho advogado que, com o passar dos anos, vai acompanhando pelos jornais a morte de colegas que com ele se formaram: a turma de 55.
Pelé está, finalmente, sozinho. Mazzei foi o último, num processo de eliminação muito bem montado. Primeiro foi o Nicolau Moran, que morreu em Santiago; depois Zito, afastado pela diretoria; a seguir Antoninho, julgado ultrapassado; há pouco tempo, Formiga, também queimado pela diretoria; Lima, seu cunhado, foi para o México; até mesmo o massagista Macedo, com 23 anos de clube, foi encostado.
Pelé é o último, e está se sentindo só. Uma solidão que dá certeza de não ter a mínima chance de vencer essa luta.
- Vou parar em 74, em junho ou julho.
Pelé está magoado. Em seu rosto, o lábio inferior está mais caído, rugas marcam sua testa. Magoado e triste com a saída do professor Júlio Mazzei, que parece ter sido a última gota d1água, transbordando sua paciência.
- Algumas injustiças me deixam revoltado. Os homens já não são mais os mesmos.
Em seu escritório, em Santos, Pelé está enfrentando a hora da verdade. Um momento de reflexão pelo qual passa o homem que atinge os 30 anos.
Blog do Paixão