Eduardo Appio, então juiz titular, está em férias e foi afastado do cargo na segunda-feira (22) após decisão do TRF-4.
Por g1 PR
Juíza Gabriela Hardt assumirá os processos da Lava Jato — Foto: Eduardo Matysiak/Futura Press/Estadão Conteúdo
Com as férias e o afastamento do juiz federal Eduardo Appio, Gabriela Hardt reassume a 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná. Com isso, ela volta a ficar à frente da Lava Jato.
Hardt foi substituta do ex-juiz Sergio Moro durante processos da operação. Em 2019, ela condenou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do sítio de Atibaia. A decisão foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Ela também foi acusada de plagiar no processo uma sentença do agora senador. Relembre abaixo.
Ao g1, a assessoria do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) afirmou que Gabriela Hardt assumiu a função por conta das férias do magistrado, iniciadas no último dia 20.
Contudo, diante do afastamento de Appio, se a condição permanecer até o fim do período, ela vai continuar à frente da 13ª Vara Federal.
A decisão foi do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) após uma investigação apontar que Appio teria acessado um processo com o contato do filho de Marcelo Malucelli, desembargador afastado da operação, e feito uma ligação para o jovem.
Quem é Gabriela Hardt
Hardt é paranaense, tem 48 anos e cresceu em São Mateus do Sul, a 150 quilômetros de Curitiba. O pai dela trabalhava em uma unidade da Petrobras que fica na cidade.
Formada em direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde o juiz Sérgio Moro dava aulas, ela prestou concurso para a Justiça Federal em 2007 e foi nomeada juíza dois anos depois para uma vaga em Paranaguá, no litoral do estado.
Em 2014, foi nomeada juíza substituta na 13ª Vara Federal e assumia os trabalhos quando o juiz Sergio Moro saía de férias.
Em uma dessas ocasiões, em maio de 2018, Gabriela Hardt mandou prender o ex-ministro José Dirceu, que na sequência conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF).
Também naquele no ano de 2018, em novembro, foi ela quem assumiu o cargo à frente da 13ª Vara Federal de forma provisória quando o atual senador deixou a magistratura para virar ministro do governo Bolsonaro.
A juíza também foi responsável por reconhecer legalidade nas palestras ministradas pelo presidente Lula às empreiteiras investigadas na operação. Ela também liberou parte dos valores de recursos e bens que estavam bloqueados.
Em 2019, a defesa de Lula citou a repetição da palavra "apartamento" como um indício de que Gabriela teria plagiado texto de Sergio Moro no processo do sítio de Atibaia, como publicado pelo O Globo. Ela negou o plágio, e alegou ser comum que os juízes federais aproveitem sentenças de colegas para não ter de começar a redigir uma decisão do zero.
Hardt afirmou que fez sentença com base na do colega, mas sozinha, e esqueceu de tirar a palavra "apartamento". Ela frisou, contudo, que a fundamentação e os fatos narrados eram diferentes no documento por ela redigido.
Neste ano, Gabriela determinou a operação da Polícia Federal que investigava ameaças contra Moro vindas de uma facção. Nove pessoas foram presas.
Fora da magistratura, a juíza é atleta. Ela começou a nadar ainda jovem e atualmente compete em provas de maratonas aquáticas - nadando cinco quilômetros em águas abertas.
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