Jovem de 18 anos morreu em Santa Catarina com suspeita de infecção causada pela 'Staphylococcus aureus', bactéria presente na pele humana e perigosa quando cai na corrente sanguínea.
Por Marina Pagno, g1
Dâmilly Beatriz, 18 anos, estudava biomedicina — Foto: Redes sociais/Divulgação
Acnes ou outros ferimentos na pele podem ser a porta de entrada para infecções pela Staphylococcus aureus, uma das muitas bactérias presentes na pele humana, mas perigosa apenas quando cai na corrente sanguínea. O microrganismo pode ter causado a morte de uma jovem de 18 anos em Santa Catarina.
A Staphylococcus aureus faz parte da família dos estafilococos, um tipo de bactéria encontrado na superfície de pele de cerca de 20% das pessoas e no nariz de 30% dos adultos - o que é considerado normal. Dentre as espécies de estafilococos, é a aureus que mais possui propriedades capazes de induzir o aparecimento de doenças.
Geralmente, as pessoas são portadoras: possuem a bactéria, mas nenhum sintoma causado por ela. Mas, ao entrar no corpo humano, pode gerar uma possível infecção na pele e até em outros órgãos.
Um dos caminhos para isso é justamente através de acnes, principalmente quando são espremidas.
"Infecções por espinhas são comuns já que elas estão presentes na pele, o que podem ser a porta de entrada através do ato de espremer a espinha e criar uma ruptura de tecido", afirmou Gabriela Castro, mestre em Pesquisa Clínica pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas e microbiologista no laboratório Richet Medicina e Diagnóstico.
"Assim, a bactéria entra em contato com a mucosa e alcança corrente sanguínea podendo atingir diversos órgãos", disse a microbiologista.
⚠️ Na corrente sanguínea, a superbactéria pode causar infecções na pele na forma de espinhas e furúnculos, infecções no coração (endocardite), nos ossos (osteomielite) e nos pulmões (pneumonia). Também é possível uma infecção generalizada, o que pode levar o paciente à morte.
"A Staphylococcus aureus é potencialmente grave porque apresenta a produção de toxinas que podem gerar uma série de sintomas graves no organismo, como o desenvolvimento da síndrome do choque tóxico com reações graves e progressivas como febre, erupção cutânea, baixa pressão arterial e insuficiência de vários órgãos", explicou Gabriela Castro.
O contágio também pode acontecer pelo contato direto através de objetos e alimentos contaminados ou, mais raramente, através da inalação de partículas em suspensão no ar.
Grupo de `Staphylococcus aureus` é vista por microscopia eletrônica. — Foto: Institutos de Saúde dos EUA
Infecção pode ser rápida
- Os estafilococos têm um grande “poder de invasão". Por isso, infecções por esse tipo de bactéria estão entre as que evoluem mais rapidamente – assim como aquelas provocadas pelos meningococos, que causam meningite.
- Para impedir uma contaminação mais agressiva, é preciso estar atento aos sintomas: febre, mal-estar, dores no corpo, cansaço excessivo e vômitos.
- O diagnóstico ainda nas primeiras 24 horas é decisivo, inclusive para uma eventual confirmação da presença do Staphylococcus aureus.
Tratamento
É feito com antibióticos, porém a Staphylococcus aureus possui muitas cepas. Algumas são sensíveis a esses medicamentos, outras podem ser resistentes - essas presentes principalmente em ambientes hospitalares. Para cada uma, há um antibiótico específico.
"Os antibióticos devem ser previamente testados para garantir a sensibilidade do fármaco frente a bactéria testada", afirmou a microbiologista Gabriela Castro.
Prevenção
O cuidado com a higiene é essencial para prevenir infecções pela Staphylococcus aureus.
A dica é lavar as mãos e o local da lesão na pele (como a acne espremida) com água e sabão.
Especialistas também recomendam não espremer espinhas e manter feridas limpas.
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