Em nota, grupo procura desfazer quaisquer tentativas de se considerar que a união dos estados nordestinos em consórcio seja um combate aos outros
Por Carlos André Carvalho/Blog da Folha
O Consórcio Nordeste reagiu, neste domingo (6), às falas do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que defendeu maior protagonismo econômico e político dos estados do Sul e Sudeste, numa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, no último sábado (5). Zema também defende uma frente das siglas de direita do Sul e Sudeste para aprovação de pautas no Congresso, e sobretudo, para a próxima disputa eleitoral em 2026.
O consórcio, presidido pelo governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), em nota, afirma que a fala de Zema representa “um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste” e destaca que esses estados vêm sendo “penalizadas ao longo das últimas décadas” nos projetos nacionais de desenvolvimento.
Diz, ainda, que o Consórcio Nordeste nega “qualquer tipo de lampejo separatista” e que isso, inclusive, está explícito no próprio slogan do grupo: O Brasil que cresce unido. “Já passou da hora de o Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais”, prossegue a nota.
O grupo procura desfazer quaisquer tentativas de se considerar que a união dos estados em consórcio seja um combate aos outros. “É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento”, esclarece a nota.
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As declarações de Zema, recebidas como xenófobas, racistas e separatistas, não geraram indignação só do Consórcio Nordeste. Elas desagradaram políticos e figuras públicas da direita liberal à esquerda. Até o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) criticou a postura do governador. Em nota, Neves afirmou que a fala de Zema estabelece "alvos" e discrimina regiões do país. "Minas nunca foi antagônico às regiões mais pobres do país, até porque fazemos parte delas, muito menos imaginou liderar esse antagonismo", acrescentou o parlamentar.
As falas de Zema foram recebidas como uma afronta ao tratar da reforma tributária, já que o governador mineiro defende que o Sudeste e o Sul precisam ir além do protagonismo econômico e garantir também o protagonismo político sobre o restante do país, desrespeitando, inclusive, o federalismo.
O governador de Minas Gerais chegou a comparar o Nordeste, o Centro-Oeste e o Norte com "vaquinhas que produzem pouco", mas recebem "tratamento bom". Já o Sul e o Sudeste, segundo ele, são as que "produzem muito" e não teriam o mesmo tratamento.
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Como de costume, Zema não trouxe qualquer dado científico para embasar as ideias dele, nem o básico sobre a pobreza e fome no Brasil, do relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostra que o cenário é mais alarmante nas regiões Norte e Nordeste. “A incidência da pobreza nessas regiões atingiu mais de 40% de suas populações em 2021”, aponta o relatório.
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