História da Televisão - “Todos os filmes são exibidos depois de 23 horas por conta da censura”

Pesquisas indicam que, apesar das novelas, a atração da tevê ainda são os filmes. As emissoras também têm esta informação, e é por isso que São Paulo se aproxima muito de Nova Iorque, em quantidade de filmes exibidos por dia: uma média de 9 contra 20, excluindo-se seriados e desenhos. O Rio , com menos estações, exibe uma média de 4 filmes por dia. E o telespectador, longe dos problemas que essas exibições trazem aos canais de tevê, pergunta constantemente por que há tantas reprises, por que filmes bons passam tão tarde, por que não se exibem mais filmes de horror, ou de guerra. Ou de amor.

As reprises são necessárias porque não há uma produção que atenda ao consumo; e, também, seria economicamente inviável uma emissora exibir filmes novos todos os dias. E por que não reprisá-los, se têm autorização para exibi-los até três vezes durante dois anos? Os filmes são comprados em lotes: em cada dez, há oito de segunda e terceira categoria, que as emissoras são obrigadas a engolir, para ter direito à escolha de dois bons.

Sobre o horário, Paulo Perdigão, que escolhe filmes para uma média de 18 milhões

de telespectadores da Globo, tem a mesma queixa dos programadores de outros canais: “Quase 80% dos filmes são exibidos depois das 23 horas por causa da censura.” Além da censura, há que se considerar o público muito diversificado a ser atingido (de Cidadão Kane a Tubarão). Por isso, às vezes, um filme com censura livre é exibido depois da meia-noite. “Por mim”, confessa Perdigão, “Exibiria Shane (Os Brutos Também Amam) toda noite. Mas quem iria aguentar?” Perdigão já viu Shane 54 vezes.

TV Guia era um semanário da Editora Abril